02 de outubro de 2015
(da Redação da ANDA)
Diversas espécies de animais emitem sons que já nos são familiares – o rugido do leão, o latido de um cachorro, o grito de um papagaio – mas que som vem à nossa mente quando pensamos em uma girafa? Esses animais de pescoços longos fazem alguns sons básicos, que não haviam sido identificados com nenhum padrão – pelo menos até há pouco tempo atrás.
Biólogos afirmam terem descoberto que as girafas têm o seu som particular: uma espécie de zumbido. Anteriormente, estudiosos haviam especulado que as girafas seriam incapazes de produzir quaisquer sons substanciais pois lhes é fisicamente difícil gerar fluxo de ar suficiente através de seus longos pescoços, de modo a produzir vocalizações. Outros sugeriram que as girafas usavam sons “infrassônicos”, de baixa frequência – ou seja, sons abaixo do nível de percepção humana – assim como os elefantes e outros animais de grande porte fazem para realizar uma comunicação de longo alcance.
Segundo o New Scientist, após ter revisado quase 1.000 horas de gravações de sons em três zoológicos europeus, Angela Stöger, da Universidade de Viena, na Áustria, não encontrou evidências de comunicação infrassônica, mas ela captou um estranho canto vindo de clausuras de girafas em todos os três zoológicos à noite.
“Eu fiquei fascinada, pois aqueles sinais tinham um som muito interessante e uma estrutura acústica complexa”, disse ela.
Concluiu-se que o zumbido, chamado de “hum”, é um som de baixa frequência, de aproximadamente 92 hertz, e que não é um “infrassom” pois nós ainda podemos ouvi-lo sem ajuda. Stöger e seus colegas disseram que o zunido varia em duração e contém uma rica combinação de notas.
Girafas têm um sistema socialmente estruturado, e por muito tempo cientistas estão tentando descobrir como elas se comunicam, diz Meredith Bashaw da Faculdade Franklin & Marshall em Lancaster (Pensilvânia). “Esta nova vocalização pode acrescentar uma peça ao quebra-cabeças”, segundo ela.
Bashaw afirma que pode imaginar algumas funções potenciais para este zumbido. “Ele pode ser produzido passivamente – como o ronco – ou durante um estado de sonho, como os humanos que falam quando estão dormindo, ou cães que murmuram durante o sono”, disse ela. “Alternativamente, pode ser uma maneira delas se comunicarem umas com as outras no escuro, quando a visão é limitada, como para dizer ‘ei, estou aqui’ “.
Infelizmente, Stöger diz que ela e seus colegas não foram capazes de observar sons intermediários, e por isso não se conseguiu saber sobre comportamentos associados aos sons. Mas vocalizações em outras espécies com estrutura social similar são conhecidas por transmitirem informações a respeito de coisas como idade, gênero, domínio ou estados reprodutivos, disse ela.
John Doherty, da Universidade Belfast no Queens, estuda girafas na Reserva Samburu, no norte do Quênia. “Certa vez eu me deparei com vocalizações audíveis reminiscentes em gravações, novamente em uma girafa cativa”, conta ele. “Mas, neste caso, a girafa estava claramente perturbada por um procedimento que era realizado em seu filhote, em um recinto separado, porém visível”.
A nova descoberta não representou uma surpresa para os residentes de Paignton no sudoeste da Inglaterra. No ano passado, muitos deles se queixaram de um zumbido vindo do zoológico onde estavam confinadas girafas, à noite.
“Eu estou muito cansado. O barulho continua lá”, disse um morador ao Torquay Herald Express. “Estou sendo perturbado na noite e mantido acordado por conta disso”.
No entanto, apesar das novas revelações, os funcionários do zoológico de Paignton negam qualquer relação do fato com as girafas. “Isso não está definitivamente relacionado à nossa questão com a vizinhança – mas a imagem de nossas girafas zumbindo umas para as outras por toda a noite é algo encantador”, declarou Phil Knowling, relações públicas do zoológico.
Stöger concorda que seja improvável que o zumbido possa ter causado transtornos. “Os sinais das girafas não são tão intensos. Eu pessoalmente duvido que os vizinhos teriam ouvido aquilo”, diz ela.
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