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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

HOLOCAUSTO : Como o fascínio da humanidade com o ‘rei dos animais’ acabou com uma espécie

02 de outubro de 2015 

O fascínio causado pelos leões data de priscas eras (Foto: Thinkstock)
O fascínio causado pelos leões data de priscas eras (Foto: Thinkstock)
Leões abriram caminho pela história com a beleza e agilidade, inspirando medo e respeito.
Mas, apesar do fascínio gerado por estas criaturas, os humanos conseguiram acabar com um tipo de leão, segundo a jornalista da BBC Mary Colwell.
O tema do leão aparece em brasões de reis, carros, barras de chocolate e camisas de times. A famosa companhia cinematográfica MGM usou e ficou famosa com a imagem de um leão rugindo em seu logo, usada desde 1924.
Leões estão entre os assuntos mais populares dos filmes sobre história natural, nos quais cada nuance de suas vidas é explorada detalhadamente. Nunca nos cansamos da emoção de uma caçada ou de ver filhotes brincando em volta de um animal adulto e sonolento.
Há uma constelação de Leão e o animal é considerado a encarnação do poder e riqueza, um símbolo de beleza física, agilidade muscular e majestade.
Historicamente, o leão-do-atlas (também conhecido como leão-bérbere), uma subespécie de leões da Savana africana, eram considerados mais valiosos pois o macho exibia uma longa juba preta. Os pelos se estendiam da cabeça até a barriga, dando ao animal um perfil magnífico. Todos os que queriam mostrar ao mundo que tinham poder, queriam este leão.
O famoso símbolo do cinema americano (Foto: BBC)
O famoso símbolo do cinema americano (Foto: BBC)
Imperadores romanos queriam o felino como animal de estimação e gladiadores frequentemente tinham que enfrentar este leão na arena. O público vibrava com a visão da coragem humana contra a elegância e força do animal. A selvageria do leão o transformou em um agente perfeito para a execução de criminosos e cristãos.
Leões da Torre de Londres
Na Inglaterra medieval estes leões eram mantidos na Torre de Londres. As jaulas ficavam tão prontas da entrada – o Portão do Leão – que nenhum visitante podia entrar nos domínios reais sem primeiro encarar os olhos cor de âmbar do leão. A mensagem era clara – este rei tem até o magnífico leão sob controle.
Os crânios de dois leões-do-atlas machos foram encontrados por operários em um fosso da Torre em 1937. O método de datação por carbono determinou que os animais viveram entre 1280 e 1385, o que nos dá um vislumbre da condição física dos animais que viveram em Londres há cerca de 700 anos.
E o que foi descoberto é que os pobres animais morreram jovens, não tinham alimentação adequada e sofriam com problemas físicos.
Em um dos crânios, por exemplo, o buraco por onde entra a coluna é deformado.
“Deveria ter uma bela forma, subcircular”, afirmou Richard Sabin, curador da área de mamíferos no Museu de História Natural de Londres.
Caçadas ajudaram a dizimar o leão-do-atlas no século 20 (Foto: Getty Images)
Caçadas ajudaram a dizimar o leão-do-atlas no século 20 (Foto: Getty Images)
“Mas você pode perceber que, no topo do buraco, há preenchimento de osso, e isto é, na verdade, uma patologia, uma reação potencial a algum tipo de estresse nutricional. Quando o osso cresceu, pode ter feito pressão na coluna e causado paralisia e cegueira”, acrescentou.
Não que isto importava para os que iam olhar aquele leão. O que os visitantes da Torre de Londres viam naquela época era a epítome da majestade.
Cristianismo
Na mentalidade medieval o leão também tinha um significado cristão: representava Jesus Cristo e, na época, acreditava-se que filhotes de leão ficavam na toca durante três dias após o nascimento, sem forma ou identidade. Até que eles ouviam o rugido do pai e ganhavam vida e energia.
Era clara a referência a Jesus no útero esperando o Pai chamá-lo para uma nova vida.
O esplendor físico dos leões se fundia com o poder de Deus e a grandiosidade dos reis, dando aos leões medievais uma posição única.
Mas o desejo de ter um leão, principalmente os leões-do-atlas, significou que muitos deles foram tirados de seu habitat no norte da África e, durante séculos, os números da espécie sofreram quedas dramáticas.
A invenção da arma e a popularidade da caçada no século 19 reduziram ainda mais os números e os últimos leões-do-atlas selvagens foram mortos no meio do século 20.
O poder do leão, tão cobiçado pela elite da Europa, foi seu fim.
Fonte: G1

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