21 de outubro de 2015
Por Fátima ChuEcco (da Redação da ANDA)
Em meio a guerras civis das mais sangrentas, caça, devastação do habitat natural e doenças transmitidas pelos humanos, os gorilas das montanhas estão conseguindo uma das mais inacreditáveis proezas: sobreviver e se reproduzir. O número é ainda bastante tímido, ou seja, são apenas 880 gorilas dessa espécie em todo o planeta, mas no último censo, realizado cerca de um ano e meio atrás, eles eram 720, sendo que no início dos anos 90 somavam apenas 620.
Esse número não os tira da lista de animais em vias de extinção, mas já dá uma grande esperança para aqueles que se esforçam por sua permanência na Terra. Aliás, se não fosse o trabalho duro e perigoso dos guardas florestais, já não haveria nenhum gorila da montanha vivo. Em defesa desses “gigantes gentis”, como a mídia internacional costuma chamar os gorilas, 140 guardas já morreram nos últimos anos. Há um esforço sobrehumano em preservar o habitat dos gorilas e sensibilizar a população que vive ao redor do Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo (RDC), país que concentra a maior parte deles e, para piorar a situação, é um dos mais pobres e violentos do mundo. Esse trabalho pode ser conhecido no site.
Ruanda e Uganda detém o restante das famílias desses gorilas sendo que algumas são até visistadas por turistas. Pode parecer difícil levar à extinção esses animais tão fortes, mas acontece que os gorilas são vegetarianos e pacíficos. As famílias têm sempre um líder, o “costas prateadas”, que costuma ser o maior e mais forte, mas a conduta desse gigante não é agressiva. Quando ameaçado ele tenta, primeiro, assustar o inimigo quebrando galhos e batendo fotemente no próprio peito. É somente em último caso que parte para a luta corporal. Por isso os gorilas são facilmente abatidos com armas de fogo, surpreendidos por caçadores ou milícias da RDC que, no momento, são pelo menos três grupos brigando entre si e também com o governo pelo poder – uma situação que teve início nos 90 e castiga o povo e a vida selvagem até hoje.
Tão parecidos conosco
O casaco natural que reveste o corpo dos gorilas-das-montanhas pode, à primeira vista, fazer com que pareçam muito diferentes de nós, mas isso é só aparência. Os pelos grossos servem para protegê-los do frio, já que vivem em baixas temperaturas nos cumes da Montanha de Virunga, e também das chuvas torrenciais nas densas florestas que percorrem durante o dia. Mas eles têm mãos comos as nossas, com dedos e polegares, são afetuosos uns com os outros e conhecem folhas e plantas como os índios. Além disso, não se reproduzem com parentes. As jovens gorilas, que chegam à puberdade por volta dos 11 ou 12 anos, como as garotas humanas, deixam a família para ingressarem em outros grupos.
O casaco natural que reveste o corpo dos gorilas-das-montanhas pode, à primeira vista, fazer com que pareçam muito diferentes de nós, mas isso é só aparência. Os pelos grossos servem para protegê-los do frio, já que vivem em baixas temperaturas nos cumes da Montanha de Virunga, e também das chuvas torrenciais nas densas florestas que percorrem durante o dia. Mas eles têm mãos comos as nossas, com dedos e polegares, são afetuosos uns com os outros e conhecem folhas e plantas como os índios. Além disso, não se reproduzem com parentes. As jovens gorilas, que chegam à puberdade por volta dos 11 ou 12 anos, como as garotas humanas, deixam a família para ingressarem em outros grupos.
O repórter Nick Fagge, do famoso jornal Daily Mail, esteve recentemente em visita à RDC onde pôde ver de perto, mas bem de perto mesmo, famílias de gorilas-das-montanhas, acompanhado pelo fotógrafo Roland Hoskins, cujas imagens ilustram essa matéria. “Em lugar de sentir medo, eu fiquei cheio de admiração e uma vontade de não fazer absolutamente nada que pudesse perturbar esses anfitriões maravilhosos”, comentou o repórter na edição do jornal de 20 de outubro.
Acompanhado por guias e guardas florestais, ele observou jovens gorilas brincando com camaleões e sapos: “São curiosos com outros animais e brincam como qualquer criança. São nossos primos. Quando você vê o gorila percebe quanto ele se assemelha ao ser humano. Eles se comportam como seres humanos e ajudam uns aos outros. Se um dos gorilas está doente todos os outros membros da família ficam preocupados e tentam ajudar”, disse.
Nick conheceu Andre Bauma, um congolês encarregado de cuidar dos gorilas orfãos. Nas fotos Andre abraça Maisha, que apesar do tamanho, ainda é um pré-adolescente completamente apegado ao seu protetor humano. “Para eles sou sua mãe. Acordo com eles, dou café da manhã, almoço e brincamos muito durante o dia. Faço tudo que uma mãe faria”, disse Andre em entrevista à Nick.
O diretor do Parque Nacional de Virunga, Emmanuel de Merode, ressaltou à Nick que há um novo problema a ser enfrentado na região: “A derrubada das árvores para se fazer carvão é um grande problema porque é o principal combustível usado por moradores locais para cozinhar. Árvores na floresta protegida por lei são derrubadas. Além disso, o carvão rende um bom dinheiro para os rebeldes que vivem dentro do parque. Com esse dinheiro eles compram armas e equipamentos de comunicação que lhes permite manter o seu exército”.
Proteger os gorilas das montanhas junto com outros animais, habitats naturais e oceanos está entre as 17 metas de desenvolvimento sustentável adotadas pelas Nações Unidas no mês passado. O apoio pode impedir que empresas se instalem nas proximidades do Parque Nacional de Virunga intensificando ainda mais a devastação local e morte de centenas de animais. Essa problemática de empresas estrangeiras se instalando no habitat dos gorilas, inclusive, rendeu ao documentário “Virunga” uma indicação ao Oscar e vários prêmios internacionais. Enquanto o apoio da ONU ainda é recente e os resultados não podem ser medidos, a mesma equipe de heróis anônimos que defende os gorilas-das-montanhas em RDC busca a implantação de alternativas naturais para se obter combustível e energia. Um plano de hidrelétrica irá fornecer eletricidade limpa para assentamentos humanos e a fabricação de sabão de óleo de palma está em andamento gerando empregos.
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