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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Biodiversidade nas Unidades de Conservação

Fauna do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu. Foto: © Bento Viana/WWF-Brasil
Fauna do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu. Foto: © Bento Viana/WWF-Brasil
Uma das principais razões para existirem as unidades de conservação é que elas ajudam a proteger a diversidade de formas de vida, sejam plantas, animais ou micro-organismos existentes dentro de seus domínios. Embora este não seja o único “serviço” que as áreas protegidas prestam ao mundo, trata-se de uma ajuda e tanto para garantir o equilíbrio dos ecossistemas.
O Brasil tem cerca de 17% do seu território coberto por unidades de conservação. Faltava apenas um mapeamento do que essas áreas protegidas abrigam em termos de biodiversidade. O primeiro esforço veio a público no ano passado durante o Congresso Mundial de Parques, na Austrália, com a publicação online promovida pelo Observatório de UCs: Biodiversidade em Unidades de Conservação.
O estudo apoiado pelo WWF-Brasil ganha agora versão impressa e lançamento no dia 23 de setembro no Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação – CBUC, de 21 a 25 de setembro, em Curitiba (PR).
Trata-se da consolidação de dados da biodiversidade das UCs com o objetivo de discutir a potencialidade das áreas protegidas, sobretudo para a revelação de novos achados científicos.
Acesse aqui a publicação.
Voltados para pesquisadores, gestores e interessados no tema, os dados existentes na base eletrônica gratuita referem-se a 17 mil espécies de plantas, invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos em 417 unidades de conservação federais e estaduais organizados por meio da plataforma digital do Observatório de UCs, lançada em 2012.
“A inserção de dados e ajustes são feitos continuamente para atualizar as informações. Além do trabalho diário da equipe de atualização do Observatório de UCs, a contribuição de parceiros, gestores de unidades, pesquisadores e usuários independentes também amplia a base de dados e ajuda a aprimorar o sistema”, explica Mariana Napolitano, especialista do WWF-Brasil.
Segundo ela, outras fontes, como planos de manejo, artigos científicos, dissertações e publicações oficiais também ajudam a nutrir a base de dados. A nomenclatura das espécies é atualizada sempre que há mudanças taxonômicas feitas pela comunidade científica.
Biodiversidade do Cerrado. Foto: © Bento Viana/WWF-Brasil
Biodiversidade do Cerrado. Foto: © Bento Viana/WWF-Brasil
Lobo negro
Os dados disponíveis online na plataforma levam, por exemplo, ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. A UC protege quase 57 mil hectares no norte de Minas Gerais. Além de abrigar 140 cavernas, mais de 80 sítios arqueológicos e pinturas rupestres, ocorrem no parque cerca de 1.100 espécies de animais e plantas, entre os quais 290 aves e 56 mamíferos, muitos ameaçados de extinção.
Em parceria com o Instituto Biotrópicos, ICMBio e Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, o WWF-Brasil realiza um projeto de monitoramento de mamíferos de médio e grande porte no interior da área protegida e em outros dois parques estaduais na mesma região: Mata Seca e Veredas do Peruaçu.
Com o auxílio de câmeras especiais instaladas em pontos estratégicos, mais de 30 espécies de mamíferos foram registradas, entre eles a anta, a onça e o tamanduá-bandeira, todos animais ameaçados de extinção. No entanto, são dois registros recentes que surpreenderam os pesquisadores: um cachorro-do-mato- vinagre e um lobo-guará-preto.
Embora houvesse alguns relatos, trata-se do primeiro registro de um lobo-guará negro no mundo. A partir de agora, o canídeo está no radar de especialistas, e o objetivo é aprender mais sobre o animal: seus hábitos, comportamento e, principalmente, o motivo de ele ter essa coloração.
Tal registro científico reforça o papel das áreas protegidas para a conservação da biodiversidade, especialmente no Cerrado, que tem menos de 3% de sua área em unidades de conservação de proteção integral.
Campeões de biodiversidade
Dentre todas as unidades de conservação que possuem listas de espécies na plataforma do Observatório de UCs, uma das que mais se destaca é o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá, com mais de 2,3 mil espécies.
Com 3,8 milhões de hectares, é o maior parque nacional do Brasil e o maior em florestas tropicais contínuas do mundo. Situado na fronteira com a Guiana Francesa e Suriname, o parque tem um importante papel na manutenção da biodiversidade amazônica. Os ecossistemas florestais da UC estão em excepcional estado de conservação e com raros sinais de perturbação humana.
Até o momento, já foram identificadas no parque 1.578 espécies de plantas, 366 espécies de aves e 105 espécies de mamíferos. Os anfíbios estão representados por 70 espécies, e os répteis, 86 espécies. Espécies novas também foram encontradas entre as 207 espécies de peixes registradas pelos pesquisadores.
Entre as espécies mais ameaçadas que encontram abrigo no parque, estão o tatu-canastra, o cachorro-do-mato-vinagre, a ariranha e a anta. A rica biodiversidade não é apenas devido à sua extensão ou grau de conservação, mas também devido a diversidade de ambientes preservados pela UC.
* Por Jaime Gesisky, do WWF-Brasil.
** Publicado originalmente no site WWF Brasil.

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