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domingo, 18 de setembro de 2011

Degelo do Ártico registra recorde histórico em 2011

A área oceânica coberta com gelo flutuante é a menor já observada desde 1972 e o derretimento, que está acontecendo no ritmo mais rápido da história, só pode ser explicado como uma consequência da ação humana no clima.

Até muito tempo atrás, a região do Ártico era uma fronteira sólida que constituía um obstáculo intransponível para o comércio de mercadorias. Porém, a cada ano que passa, mais livre de gelo fica o Oceano, aumentando o interesse de diversos países em utilizar a área como uma rota comercial e quem sabe até explorar os recursos naturais do Polo Norte.

No mês passado, o cargueiro STI Heritage conseguiu atravessar a região em apenas oito dias. Partindo do Texas em direção à Tailândia, o navio fez um caminho milhares de quilômetros mais curto do que teria que cumprir caso seguisse pela rota tradicional pelo Canal de Suez.

A corrida de países como Estados Unidos, Canadá, Noruega e Rússia pelo controle da região é apenas um dos aspectos mais recentes da geografia mundial diante do constante e acelerado degelo do Ártico.

Segundo cientistas da Universidade de Bremen, o nível do gelo flutuante do Ártico neste verão atingiu na semana passada seu ponto mais baixo desde que começou a ser medido, em 1972. O recorde anterior foi registrado em 2007, com 4,26 milhões de quilômetros quadrados de gelo, agora essa área está em 4,24 milhões. Os pesquisadores acreditam que seja o menor nível em mais de oito mil anos.

É natural que no verão o gelo flutuante derreta para se formar novamente durante o inverno. Porém, no ritmo atual em que está acontecendo o degelo, o dobro do que era em 1972, é muito provável que o oceano ao redor do Ártico fique livre do gelo no verão daqui a três décadas.

O relatório de 2007 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirmava que isso aconteceria apenas em 2100.

“A presença do gelo flutuante no verão já é 50% menor do que era há quarenta anos. Para pequenos organismos que vivem sob o gelo, e que são o início da cadeia alimentar que termina nos seres humanos, isso significa a perda de metade de seu habitat”, alertou George Heygster, um dos autores do levantamento.

Os dados da Universidade de Bremen, que podem ser acompanhados nesta página que é atualizada diariamente, devem ser confirmados pelo Centro Nacional de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC) que vai divulgar seus números nos próximos dias.

Ação humana

A temperatura média no Ártico subiu o dobro da média global nos últimos 50 anos. Para os pesquisadores alemães, não há dúvida de que isso seja um reflexo das atividades humanas no clima.

“O derretimento do gelo flutuante em um ritmo tão acelerado não pode ser explicado apenas pela variabilidade climática natural. Está claro que é uma consequência do aquecimento global provocado pelas emissões de gases do efeito estufa dos processos humanos”, afirmou Heygster.

Em agosto, um estudo do Centro Nacional para a Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos (NCAR), publicado no periódico Geophysical Research Letters, já concluía que as emissões desde o período da Revolução Industrial eram responsáveis por boa parte do degelo.

Para piorar, o desaparecimento do gelo tem um efeito catalisador nas mudanças climáticas. A camada branca de gelo refletia o Sol, já os oceanos completamente expostos absorvem esse calor e aquecem. Assim, águas mais quentes não permitem a formação de novas calotas, alterando permanentemente o ecossistema da região.

Para os animais, os impactos do degelo serão imensos, pois o fenômeno significa menos área para se reproduzir, encontrar comida e se esconder dos predadores. Além disso, espécies exóticas, como alguns tipos de baleias, já estão sendo avistadas na região e podem trazer um enorme desequilíbrio ambiental.

“Se você for para uma floresta tropical e cortar todas as árvores, o ecossistema daquela região entrará em colapso. O mesmo acontecerá com o Ártico se o gelo desaparecer”, resumiu David Barber, professor da Universidade de Manitoba e líder de uma expedição com mais de 300 cientistas que em 2010 mediu o ritmo do degelo e já alertava sobre o sumiço do gelo flutuante no verão.

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FONTE : publicado originalmente no site CarbonoBrasil (Enolverde).

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