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terça-feira, 24 de março de 2009

Você tem sede de quê?


Exercitar o olhar para promover o debate sobre a questão da água. Não é uma tarefa fácil, mas já diz o ditado: “uma imagem vale mais que mil palavras”. E é por meio da fotografia que a problemática da água na região metropolitana de São Paulo se dá aos olhares e propicia uma documentação poética do diálogo entre o homem e o espaço.

Um dia com Patrícia

Nosso ponto de encontro era o Centro Cultural da Juventude - CCJ, na Vila Nova Cachoeirinha. O objetivo do dia era estudar fotografia refletindo sobre a problemática da água no cenário urbano. Destino da oficina: Parque Ecológico do Tietê, situado na Zona Leste da cidade de São Paulo. Foi nessa viagem que eu conheci Patrícia Gomes Novaes, uma estudante da arte do olhar.

Patrícia é formada em Letras e aproveitou as aulas de fotografia para aprender a técnica explorando a cidade onde vive. Ela espera usar mais imagens para trabalhar o tema da água (entre outros) dentro da sala de aula. “Uma coisa é você ensinar o que o livro diz, outra coisa é mostrar a imagem que aquilo remete. Você aprende mais quando existe uma imagem associada e a fotografia tem esse poder de associar as coisas”, comenta. Máquina na mão, Patrícia confessa que a fotografia é uma de suas paixões, depois da escrita. “A escrita mostra símbolos, mas a foto mostra a alma”.

Patrícia é apenas uma das estudantes do projeto Olho d’Água, uma iniciativa dos fotógrafos Rogério Nagaoka, Isaumir Nascimento. A proposta do projeto é aproximar pessoas ao meio ambiente usando a arte como aula. Para Isaumir Nascimento, associar a fotografia ao tema pode provocar boas mudanças de hábitos em relação à água. “Durante o processo [saídas fotográficas] começa a haver mais conscientização. Os alunos passam a se perguntar sobre como a água chega aqui, como ela é tratada, o que acontece com ela na cidade”, comenta.

“Por que água?”, pergunto sobre a escolha do tema a Henrique Parra, fotógrafo profissional e um dos colaboradores do projeto. De imediato vem a resposta: “Por que não água?”

Já não é de hoje que o tema precisa de mais atenção. Mais da metade da população mundial - cerca de três bilhões de pessoas - sofrerá escassez de água em 2025, revela relatório divulgado na quinta-feira (19/03) pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura). Nesse panorama se encontram outros números preocupantes: 80% das doenças nas nações em desenvolvimento estão relacionados com a água, causando cerca de três milhões de mortes precoces por ano. Cinco mil crianças morrem por causa da diarréia a cada dia no mundo, sendo que cerca de 10% das doenças poderiam ser evitadas com medidas básicas de saneamento e higiene. Sem contar no setor agrícola, que consome a maior parte da água no planeta (cerca de 70%).

No caso da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), a situação exige medidas importantes para preservar a qualidade e a quantidade do abastecimento. Dos 23 reservatórios de abastecimento da RMSP, alguns se encontram em áreas protegidas e outros em plena área urbana, como é o caso da Represa de Guarapiranga. Com quase 8 mil km2 e uma população de aproximadamente 20 milhões de habitantes, o caso de São Paulo corresponde às preocupações da UNESCO.

Segundo a organização, o aumento populacional mundial, a crescente urbanização, a mudança climática, a proliferação indiscriminada do lixo e a má administração dos recursos hídricos podem conduzir o mundo a uma catástrofe. “Hora de aproximar visualmente a questão às pessoas”, reforça o fotógrafo Rogério Nagaoka.

Saiba mais

O resultado das oficinas fotográficas do Projeto Olho d’Água gerou um site com belas e provocativas imagens. O mergulho nas paisagens aqüíferas da cidade de São Paulo pode ser conferido em http://www.coiote.org/olhodagua/

Centro Cultural da Juventude - o maior centro público dedicado aos interesses da juventude paulistana - http://ccjuve.prefeitura.sp.gov.br/
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FONTE : Leticia Freire, do Mercado Ético (Crédito da imagem: Leticia Freire)

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