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sábado, 21 de março de 2009

Impacto das mudanças climáticas é desafio dos recursos hídricos na América do Sul


No primeiro dia de debates do V Fórum Mundial da Água, que se realiza na Turquia desde segunda-feira (16/03), foi apresentado o Documento das Américas com a situação dos recursos hídricos nas três Américas. No que se refere à América do Sul foi dada ênfase aos efeitos das mudanças climáticas, do avanço das fronteiras agrícolas e do recrudescimento de eventos extremos, como secas e inundações. Outro evento perverso do crescimento é a mudança de uso do solo o que faz aumentar a presença de sedimentos afetando a vazão dos mananciais e reservatórios de hidrlaétricas. A falta de políticas para estimular a integração entre a gestão da água e o planejamento do uso do solo afeta a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Segundo o documento a América do Sul tem uma área de aproximadamente 18 milhões de km² e ao redor de 385 milhões habitantes, abrangendo a Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela e Guiana Francesa.

A sub-região abriga aproximadamente 28% dos recursos de água doce do mundo. Entretanto, 23% do continente é formado de regiões áridas ou semiáridas como o Nordeste do Brasil, sul do Equador, a faixa costeira do Peru, o norte do Chile, partes da Bolívia e cerca de 50% da Argentina.

As principais bacias hidrográficas da região são: a dos rios Amazonas, do Prata, do Orenoco, do São Francisco e do Magdalenas.

A distribuição populacional é muito heterogênea. Extensivas áreas da selva tropical (Amazônia), o deserto de Atacama e as geleiras da Patagônia são escassamente povoadas. Há também regiões com alta densidade populacional, como as áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, cada uma delas contendo mais de 10 milhões de habitantes. Em 10 países da sub-região, as taxas de urbanização são superiores a 60%.

As demandas e exigências dos mercados mundiais podem impactar as reservas de recursos naturais da América do Sul. Algumas áreas da sub-região estão sendo afetadas pelo incremento da demanda por áreas urbanas, produtos agrícolas e madeiras. Isto pode, em alguns casos, resultar na derrubada de florestas, introdução de espécies exóticas impactando o solo, provocando inundações e perda de e biodiversidade.

Se não forem aplicados controles adequados na instalação de indústrias, há um risco para toda a sub-região. Indústrias podem não cumprir as exigências ambientais com ameaça de contaminação da água.

O uso do solo mudou a expansão da fronteira agrícola em vários países da América do Sul ocasionando novos aproveitamentos, particularmente em extensas zonas onde a vegetação natural foi substituída por fazendas.

Essas mudanças impactaram decisivamente o solo e as condições hidrológicas em muitas bacias da sub-região. Aumento da erosão, associada com a perda de solo aumentou a quantidade de sedimentos carreadas para os rios prejudicando a qualidade das águas superficiais e subterrâneas em muitas áreas da sub-região.

Recomendações

As seguintes recomendações, entre outras, foram apresentadas como resultado da deliberação dos grupos da America do Sul:

Globalização

• Adotar regulação ambiental adequada para mitigar conseqüências da expansão da agroindústria.

• Utilizar tecnologias apropriadas para novos projetos hidroelétricos para reduzir seus impactos socioambientais.

• Fortalecimento de mecanismos e estruturas para a efetiva e esclarecida participação de lideranças nos processos relacionados à gestão das águas.

• Estabelecer instrumentos econômicos que promovam o reflorestamento e florestamento, em consonância com as regras e leis nacionais.

• Participação de usuários e sociedade civil.

• Criação do Conselho Técnico Social, com engajamento dos governos com representantes da sociedade civil.

• Colaboração e cooperação em bacias hidrográficas transfronteiriças.

• Desenvolver projetos hidrelétricos que promovam desenvolvimento local, especialmente in regiões distantes de grandes centros urbanos.

• Recomendar ações que irão reduzir impactos ambientais da atividade de mineração nos recursos hídricos, especificamente implementando instrumentos de controle.

• Promover a coordenação de ações na América do Sul para a conservação e uso sustentável dos recursos hídricos.

• Ampliar o conhecimento e acompanhar as tendências de aumento do uso dos recursos hídricos subterrâneos que são reservas de água para o futuro a desenvolver atividades de monitoramento e pesquisa que contribuam para um melhor entendimento sobre aquiferos.

População evolução, migração e urbanização

• Incentivar a elaboração e implementação por todos os países da América do Sul de planos nacionais de recursos hídricos e uso do solo.

• Assegurar que todos os países da região tenham acesso à água segura – em termos de quantidade, qualidade, continuidade, confiança e custo.

• Incentivar a capacitação dos recursos humanos em gestão das águas.

• Apoiar a transferência de tecnologias e cooperação horizontal entre os países da sub-região.

• Integração da região Andina, trocando informação e experiências sobre glaciares e Projetos-piloto de vulnerabilidade e impacto.

Mudança de uso do solo

As principais recomendações são as seguintes:

• Estabelecer políticas de planejamento do uso do solo de modo a garantir a sustentabilidade dos recursos naturais.

• Estabelecer planos de gestão de bacias – no âmbito dos países – de modo a assegurar a produtividade da agricultura conservando as funções dos diferentes ecossistemas de acordo com suas capacidades.
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FONTE : Alberto Palombo, para a Água Online (Envolverde/Água Online)

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