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segunda-feira, 23 de março de 2009

''Lobista do carvão vai cuidar de mudanças climáticas''


A nova presidente da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas é a senadora Ideli Salvatti, do PT de Santa Catarina. A senadora é conhecida por também ser presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Carvão Mineral. Alguns ambientalistas já estão questionando se ela é a pessoa mais adequada para ajudar o país a pensar em políticas contra o aquecimento global. Como se sabe, a crise climática é provocada pela emissão de gases poluentes derivados principalmente da queima de combustíveis fósseis. De todos esses combustíveis, o carvão mineral é justamente o que mais polui.

O principal objetivo da Frente em Defesa do Carvão é estimular o uso desse material entre as fontes de energia do país. Vai na contramão de tudo que está sendo feito e planejado no resto do mundo para enfrentar as mudanças climáticas. Enquanto os EUA, a Europa e até a China começam a executar políticas para reduzir o uso de petróleo e carvão, e aumentar a participação de fontes limpas, o Brasil continua apostando no petróleo do pré-sal e agora tem uma representante do carvão mineral em uma posição-chave para elaboração de políticas nacionais.

É claro que a senadora Ideli pode, a despeito de suas posições passadas, surpreender e apoiar propostas no congresso que ajudem o país a fazer sua transição para fontes limpas de energia. Diante das evidências de que a crise climática é grave, algumas mudanças de opinião serão necessárias.

(Alexandre Mansur)

Ideli Salvatti responde ao Blog do Planeta

Sex, 20/03/09

por alexmansur |

categoria Geral

| tags mudanças climáticas, política



A assessoria da senadora Ideli Salvatti, do PT de Santa Catarina, enviou uma nota em resposta ao nosso post recente. No post, informamos que Ideli acaba de assumir a presidência da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas no Senado. E que sua indicação pode causar algum estranhamento, uma vez que a senadora também é presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Carvão Mineral. A atual crise climática global é provocada pela emissão de gases poluentes, como o gás carbônico, derivados principalmente da queima de combustíveis fósseis. De todos esses combustíveis, o carvão mineral é justamente o que mais polui. E o objetivo declarado da Frente em Defesa do Carvão, presidido por Ideli, é estimular o uso desse material entre as fontes de energia do país.

Publicamos abaixo, na íntegra, a nota enviada pela assessoria da senadora:

A senadora Ideli Salvatti discorda totalmente do rótulo de “lobista do carvão”, como está na matéria assinada pelo jornalista Alexandre Mansur na edição on line da revista Época, neste dia 18/03. As afirmações contidas no texto não encontram base nas ações da senadora Ideli Salvatti (PT/SC) e, sem considerar os fatos, confundem sua tarefa como presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Carvão Mineral, em mandato que se encerra na próxima semana, com a presidência da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas.

A presença da senadora na Frente Parlamentar levou em consideração o fato de ser representante de Santa Catarina, um dos estados que mais sofrem com os problemas decorrentes do uso do carvão. Seu propósito foi justamente fortalecer as ações que representassem melhorias no aspecto ambiental, ao lado das questões econômicas, sociais e de geração de emprego. A seguir, alguns exemplos:

1. Criação do Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) em Santa Catarina , um projeto que prevê o desenvolvimento de tecnologias limpas para uso do Carvão Mineral. A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia) já liberou R$ 2,2 milhões para estudos de gaseificação de carvão e a Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de SC), mais R$ 2,5 milhões para a construção do Centro.

2. Após atuação da Frente, foi incluído no Orçamento 2009 o valor de R$ 4,9 milhões para “Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera em Santa Catarina ”; e R$ 140 mil no Ministério do Meio Ambiente para “Monitoramento da Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera em Santa Catarina ”. Além disso, a Senadora realizou reuniões com técnicos do BNDES para debater a proposta de criação de uma Linha de Financiamento para implantação dos Planos de Recuperação Ambiental em Áreas Mineradas.

3. Implantação da Usitesc - Usina Termelétrica Sul–Catarinense. Este projeto, pioneiro no Brasil, baseia-se no uso de tecnologias limpas para carvão. Alcança remoção superior a 99% do material particulado e a 97% dos gases de enxofre (SOx). Como combustível da Usina, serão utilizados 30% de rejeitos já existentes, produzidos por beneficiamentos anteriores, resultando na diminuição do passivo ambiental. Como subproduto a Usitesc contribuirá para a produção de fertilizantes, que atualmente são importados em larga escala pelo Brasil.

4. A Frente também viabilizou recursos às pesquisas da Petrobras para a obtenção de óleo diesel praticamente sem emissão de enxofre para uso em ônibus e caminhões, a partir do carvão mineral. Conforme levantamento da Petrobras, se for reunida toda a produção de carvão mineral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, seria possível produzir 300 mil barris de óleo diesel/dia, com enxofre zero, o equivalente a 30% do consumo brasileiro.

Vale ressaltar ainda que a primeira demanda apresentada ao novo presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Fernando Collor, foi de iniciativa de Ideli Salvatti. A senadora quer a realização imediata de um debate sobre a definição do edital do Ministério de Minas e Energia para a implantação da energia eólica, reconhecida como uma das mais limpas.

Também teve o apoio efetivo da senadora a cooperação firmada entre a Eletrosul e a Associação Bioenergia, entidade formada pelos produtores catarinenses beneficiados com biodigestores, um equipamento que utiliza a produção das fezes dos suínos e a transforma em energia. Os dejetos de suínos causam um dos mais graves problemas ambientais do sul do país, pois polui rios e o lençol freático. Na região, é uma das causas da incidência de câncer e anencefalia.

Além disso, a atuação da senadora em defesa da criação de reservas ambientais em Santa Catarina soma-se aos exemplos anteriores para credenciar o trabalho à frente da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, cujo tema central tem total ligação com uma das principais preocupações de Ideli Salvatti, em função da recente catástrofe vivida por Santa Catarina.

Reconhecemos a disposição democrática da senadora Ideli ao responder ao post. E esperamos que isso enriqueça o debate sobre mudanças climáticas que precisa amadurecer rapidamente no Brasil.

(Alexandre Mansur)

4 comentários
1.
Franklin | Sex, 20/03/09 | 13:55

De fato é louvável a atitude da senadora em responder a questão levantada no blog.

Fica entretanto meu comentário que a técnica de CSS (Carbon Sequestration & Storage) está ainda num estágio inicial de desenvolvimento. A primeira planta no mundo só começou a operar em Setembro do ano passado (http://en.wikipedia.org/wiki/Schwarze_Pumpe) e a estocagem do CO2 em depósitos para longo prazo é algo que não foi tentado no mundo.

Entre a verborragia usada pela assessoria da senadora e a suspeita que essa comissão sobre mudanças climáticas vai é só aliviar a barra dos que mais poluem (sim O Carvão para geração de E.E. é o principal poluidor do planeta com 25%) eu fico com a segunda opção.

2.
silvia dias pereira | Sex, 20/03/09 | 19:04

SOCORRO!!! A resposta da Senadora - porque resposta de assessoria é revisada e aprovada pelo cliente, portanto É DO CLIENTE - só confirma o conteúdo do post do Alexandre Mansur. Porque todas as iniciativas que ela listou estão relacionadas com combustíveis não renováveis e que emitem CO2. Agora, o maior displante foi a fora se gabar de incluir no Orçamento 2009 o valor de R$ 4,9 milhões para “Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera em Santa Catarina ”; e R$ 140 mil no Ministério do Meio Ambiente para “Monitoramento da Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera em Santa Catarina ”.

Quer dizer que a indústria do carvão pinta e borda e EU, CONTRIBUINTE, é que vou pagar a conta?????? E a tal da Senadora conta isso como se fosse algo bom????

Me desculpe a pergunta, mas a senhora é senadora de quem? Do povo que a elegeu ou das indústrias de carvão que… que fizeram o quê mesmo para merecer tanto apoio assim da sua parte???

Manda sua assessoria de imprensa responder essa perguntinha…

3.
Romero Cavalcanti | Sáb, 21/03/09 | 15:56

Gostaria de pedir publicamente a Senadora Ideli Salvatti Presidente da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas no Senado, para acompanhar os Posts do Blog do Planeta, inclusive lendo todos os que já foram publicados e os seus respectivos comentários.

Aqui Senadora, sinto que o respeito as mais diversas opiniões prevalece sempre, aqui não vejo censuras ou correções… Aqui estamos livres e sem medo para poder expressar o que pensamos sobre este tema complexo o SUPERAQUECIMENTO GLOBAL cada um a sua maneira.

Acompanho a seriedade, competência dos Jornalistas Alexandre Mansur, Luciana Vicária, Juliana Arini, Marcela Buscato e Thaís Ferreira para tornar os assuntos difíceis, fácil de ser entendidos, sem exageros na gravidade, com uma cobertura correta para enfrentar o ceticismo público.

No brilhante texto “O Papel do Brasil na Redução de Emissões” publicado no Jornal Gazeta Mercantil no dia 10 de janeiro de 2009, Ricardo Voltolini é articulista da Gazeta Mercantil, publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável diz:

“Quarto maior emissor mundial, o Brasil joga um papel importante na medida em que tem potencial para diminuir em 70%, até 2030, suas emissões de gases de efeito estufa com medidas de custos relativamente baixos”.

Precisamos conseguir Senadora!

Estamos caminhando Senadora para um mundo mais quente, com conseqüências para o Brasil… O que aconteceu no Querido (por todos nós!) estado de Santa Catarina é um exemplo recente do efeito produzido pelas Mudanças Climáticas.

Mas ainda temos tempo – e obrigação – de agir rápido para evitar o pior.

4.
Tadeu Santos | Dom, 22/03/09 | 11:59

MUDANÇAS CLIMÁTICAS: AQUI JÁ ESTÁ ACONTECENDO!!!

A lógica ambiental parece estar andando na contramão da história, pois quem polui é que está ‘’aparentemente’’ com a razão, em nome de um progresso injusto e perverso, que utiliza um discurso de salvador da pátria, com a geração de divisas e empregos, não contabilizando os danos ao meio ambiente e o comprometimento as necessidades e direitos das futuras gerações. A gananciosa busca pelo lucro pelas mineradoras causa brutais agressões aos recursos naturais (hídricos, solo, flora, ar), aos pobres mineiros com a incurável pneumonoconiose, ou seja, privatizam o lucro e socializam a poluição.
Os políticos protegem o poder econômico que os financia com apoio de grande parte da mídia que defende e divulga apenas os interesses de seus clientes. Está ficando muito difícil combater a poluição aqui no sul de Santa Catarina, por exemplo, pois sofremos represálias e perseguições, como também processos judiciais por defender a natureza e uma melhor qualidade de vida a população.
As bacias hidrográficas do sul de Santa Catarina, Araranguá, Urussanga e Tubarão estão 90% comprometidas com a poluição causada pela atividade carbonífera desde a extração até a queima do carvão mineral (outras atividades como a rizicultura, indústria, lixo e esgoto também contribuem). A FATMA, órgão licenciador/fiscalizador estadual é totalmente omissa, portanto cúmplice do caos. Uma outra termelétrica (USITESC 440MW) será instalada na região do ‘’Furacão Catarina’’, região que já não suporta mais impactos ambientais. A termelétrica Jorge Lacerda 856MW continua (sem fiscalização da FATMA) emitindo ininterruptamente gases venenosos, comprometendo a saúde pública e os recursos naturais da região, alcançando distâncias de até 300Km dependendo da força dos ventos, bem como descarrega diariamente, desde 1970, toneladas de CO², pela queima do combustível fóssil, principal responsável pelo aquecimento global. Uma outra possibilidade é a evaporação de calor emitida pelas altíssimas chaminés causarem trombadas d’água repentinas como tem ocorrido na região de entorno da Usina Jorge Lacerda.
Infelizmente a vanguarda da comunidade ambientalista brasileira (e os órgãos governamentais também!) está voltada apenas a Amazônia, priorizando o combate ao criminoso desmatamento, esquecendo, porém que na verdade os combustíveis fósseis são os maiores responsáveis pelo atual desequilíbrio da climatologia da terra.
Num trecho entre a Bacia Hidrográfica do Rio Mampituba e a Bacia do Vale do Itajaí (praticamente o litoral catarinense) onde os rios nascem nas encostas da Serra Geral e deságuam no Oceano, principalmente ao sul desta planície, ocorrem as mais violentas enchentes do país, como a de 1974, em Tubarão e região onde vitimou mais de 250 pessoas, a de 1982 e 1983 em Blumenau com mais de 120 mortos. Repentinas trombadas d’água, como a do Natal de 1995, em Timbé do Sul que matou 29 pessoas numa só noite em uma localidade abaixo dos Aparados da Serra. No final de 2008 volta ocorrer na Bacia do Vale do Itajaí (Blumenau) com mais 130 mortos e no início de 2009, na Bacia do Rio Araranguá ocorreu uma das maiores cheias da sua história, felizmente sem vitimas.
Neste mesmo cenário catastrófico ocorrem tornados, ciclones extra-tropicais, mas o que comprova a vulnerabilidade da região é a ocorrência do inédito e violento ‘’Furacão Catarina’’, coincidentemente ocorrido numa das regiões que mais emite CO² pela queima de carvão mineral da América Latina. Alertamos que as altíssimas chaminés também emitem muito calor promovendo evaporação consequentemente desequilibrando a climatologia da região.
As citadas adversidades que ocorrem neste pedaço de Brasil deveriam também ser objeto de estudo, atenção e investigação pelas universidades regionais, pelas king ONGs, pela comunidade científica e pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

OBS. Neste mês de Março dois fatos motivados pelo Governo Federal deixaram a comunidade ambientalista ainda mais preocupada com a caótica situação ambiental da região: Primeiro foi a extinção do Comitê Gestor para Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera do Sul de SC e a eleição da Senadora Ideli Salvatti – defensora da queima do combustível fóssil carvão, para ocupar a Presidência da Comissão de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional.

www.sociosnatureza.blogspot.com / www.tadeusantos.blogspot.com

Sócios da Natureza - Desde 1980 dedicando-se voluntariamente a causa ambiental da região sul de Santa Catarina.

Araranguá SC, 22 de Março/2009.
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FONTE : From: socios natureza
To: prmcriciuma@prsc.mpf.gov.br;
Cc: Federação das Entidades Ecologistas Catarinenses FEEC
Sent: Sunday, March 22, 2009 8:03 PM
Subject: ''Lobista do carvão vai cuidar de mudanças climáticas'' E COMITÊ GESTOR PARA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DO SUL DE SC É EXTINTO

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