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domingo, 8 de março de 2009

Gosma máxima no novo Código Florestal de Santa Catarina


O debate em torno da preservação do meio ambiente está quente. E não é só por conta do aquecimento global. Preservação de áreas nativas, animais em extinção, biomas únicos no planeta são defendidos com muito suor pelos ambientalistas. Do outro lado estão pessoas que defendem o que chamam de desenvolvimento, mas com menos tons verdes. Não se sabe ao certo quem vencerá, mas dos dois lados há argumentos, projetos e propostas que fazem o mais idiota dos mortais pensar a quem interessam essas mudanças, digamos exdrúxulas. Hoje tivemos a infeliz oportunidade de ler mais uma dessas “propostas” e por isso resolvemos criar a categoria “Gosma máxima”. Esperamos que ela seja bem pouco usada, mas não podemos garantir nada.

A primeira Gosma Máxima vai para um dos itens que compõe a nova proposta de código florestal de Santa Catarina. Ele prevê a redução das matas ciliares de 30 metros para 10 metros, em rios com 10 metros ou menos de largura. Para um estado que acabou de passar por um dos piores desastres da história é no mínimo curioso que tenha alguém defendendo tal barbaridade. Onde estavam essas pessoas quando ocorreram os desabamentos de encostas e margens de rios?

Um dos defensores, por incrível que pareça, é o presidente da Fundação para o Meio ambiente do estado, Carlos Leomar Kreuz. Para o senhor Kreuz, a proposta se justifica porque “Santa Catarina tem 41% de cobertura com mata nativa. Qual é o estado no Brasil, além dos amazônicos, com essa situação? Santa Catarina é um exemplo de preservação. O que aconteceu é uma conseqüência dos fenômenos climáticos globais”. Talvez seja interesante avisar ao “ambientalista” Kreuz que os fenômenos climáticos globais vieram para ficar, principalmente nos locais que não cuidam do meio ambiente, desprotegem o solo e armam o cenário para a catástrofe.

Alguém também precisa explicar à eminência Kreuz que ter 41% da área preservada não significa lá grande coisa, se os demais 59% estiveram debaixo d’água. Sugerimos ao ilustríssimo Kreuz ler o Blog do Tucci, ou se preferir uma versão resumida, leia nosso post anterior. Enquanto outros estados tentam reverter a perda de matas ciliares, Santa Catarina pretende colocá-las em risco.

Um estado que está em uma das regiões do país mais afetadas pelos fenômenos climáticos deveria tentar ao máximo usar a natureza em defesa da própria população. Remover as pessoas dos baixios, e áreas naturlamente inundáveis, restaurar matas e aumentar a superfície de absorção deveria estar entre as prioridades do excelentíssimo Kreuz, ao invés de desproteger as margens dos cursos d’água.

Vale lembrar ao senhor Kreuz que outros “fenômenos climáticos globais” já atingiram em cheio Santa Catarina. Blumenau criou a famosa Oktorberfest após uma enchente. Quem já foi na festa deve ter percebido, mesmo bêbado, que um nova inundação afetando milhares de pessoas depende apenas de São Pedro. O rio que corta a cidade claramente não tem como dar vazão a um volume de água que saia pouca coisa da média histórica.

E a média histórica e os “fenômenos climáticos globais” locais não estão nem aí para o senhor Kreuz, infelizmente. Apesar dele salientar, nesta reportagem da Agência Brasil sobre o assunto, que a discussão sobre a subtração das matas ciliares começou antes das enchentes. Ah bom, então está tudo resolvido. Só nos resta dançar o créu! GOOOSMA MÁXIMA!!!
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FONTE : publicado segunda-feira, 19 de janeiro de 2009 no "BLOG DA TERRA", cujo endereço é : http://blogdaterra.com.br/2009/01/19/gosma-maxima-no-novo-codigo-florestal-de-santa-catarina/

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