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sábado, 21 de março de 2009

Onde o rio faz a curva


Projeto Rios Voadores confirma o impacto da floresta amazônica no regime de chuvas do continente.

O engenheiro e explorador ambiental Gérard Moss acaba de concluir uma importante etapa do projeto Rios Voadores. Após 12 viagens com um avião monomotor atrás de massas de ar, os resultados das primeiras análises do vapor d’água coletado confirmam um estudo feito há 30 anos pelo agrônomo Enéas Salati no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/ Esalq) do campus de Piracicaba da Universidade de São Paulo - o impacto da floresta amazônica no regime de chuvas das Regiões Sudeste e Sul.

Moss apresentou na última quarta-feira (18/03) o balanço do projeto iniciado em abril de 2007. Durante dois anos, ele acompanhou o trajeto das correntes de ar que circulam na Amazônia, e investigou os itinerários do vapor d´água evaporada na região. Na ocasião, o explorador mostrou detalhes da principal viagem por Rios Voadores - realizada entre 4 e 11 de fevereiro do ano passado, seu hidroavião saiu de Belém, passando por Santarém, Manaus, Porto Velho, Alta Floresta, Cuiabá, Uberlândia, Londrina, Ribeirão Preto com destino à Piracicaba.

Um “rio voador”, que percorre os céus da Amazônia de leste à oeste, e chega a São Paulo depois de fazer a curva na Cordilheira dos Andes, pode ter a vazão de todos os rios do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ou seja, de cerca de 200.000 m3 de água por segundo.

Os resultados da pesquisa que analisou cerca de 500 amostras da água coletada em diferentes altitudes está sob coordenação científica de Enéas Salati. O pesquisador usou a técnica isotópica, e conhecimentos meteorológicos, para demonstrar que determinados isótopos de hidrogênio (deutério) e oxigênio (O18) presentes nas moléculas de água servem como "assinatura" do percurso realizado pelo vapor de água, comprovando sua origem na Amazônia.

O líquido analisado no CENA em Piracicaba é uma base de dados também acompanhada pelo professor Pedro Dias, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. Segundo ele, é importante lembrar que há outras variáveis no estudo, pois existem fluxos de vapor d’água provenientes de outras regiões - especialmente do Atlântico – que exercem um papel fundamental no regime de chuvas.

Além disso, nem toda a água que sai da Amazônia transforma-se em chuva no sul do continente. “Apenas 50% do total do fluxo de vapor d’água que entra pela floresta amazônica na altura de Belém está disponível para cair como chuva. Este fluxo é composto pelo vapor primário, que vem do oceano, e pela evaporação e transpiração das plantas”, explica o professor Salati.

Pedro Dias afirma que ainda é difícil prever os efeitos do desmatamento no regime de chuvas, mas eles podem incluir tanto secas quanto enchentes em outros Estados.

O projeto Rios Voadores recebe patrocínio de R$ 2,5 milhões da Petrobrás, além do apoio de cientistas de diversas instituições de pesquisa do País.
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FONTES : Mais informações nos sites http://www.riosvoadores.com.br e http://www.brasildasaguas.com.br
Veja animação deste fenômeno climático em http://www.riosvoadores.com.br/animacao.htm" target="_blank">http://www.riosvoadores.com.br/animacao.htm (Agência Envolverde)

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