Ele foi um dos primeiros economistas a dar números ao clima mundial. Autor do conceituado relatório de 2006 sobre a relação da economia com as mudanças climáticas, o britânico Nicholas Stern analisou na segunda semana de fevereiro os eventos extremos que têm assolado diversas regiões do planeta.
As mudanças climáticas são reais e presentes. Ignorá-las seria imprudente de nossa parte e de nossos líderes, alerta Stern na coluna que mantém no jornal The Guardian. Segundo o economista, há um risco de o mundo mergulhar em conflitos e guerras a medida que mais áreas são afetadas pelas catástrofes naturais, obrigando a evacuação e muitas vezes, a migração de milhares de pessoas.
No texto, Stern destaca que o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em setembro de 2013, aponta para um padrão de mudanças extremas nas condições climáticas de 1950 para cá, sendo a ação humana a maior responsável pelo aumento da temperatura do planeta.
Se não cortarmos as emissões de gases efeito estufa, escreve o economista, enfrentaremos consequências ainda mais devastadoras, que poderiam levar ao aumento da temperatura média global em 4 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, até o final do século.
Riscos maiores
“A mudança para um mundo assim poderia causar migrações em massa de centenas de milhões de pessoas vindas das áreas mais afetadas. Isso levaria a conflito e guerra, não à paz e prosperidade”, projeta Stern. “Na verdade, os riscos são ainda maiores do que eu percebi quando eu estava trabalhando na revisão de a economia das alterações climáticas para o governo do Reino Unido em 2006”, pondera.
“Desde então, as emissões anuais de gases de efeito estufa aumentaram fortemente, e alguns dos impactos, tais como o declínio do gelo do mar Ártico, começaram a acontecer muito mais rapidamente”, explica.
Stern é autor do estudo divisor de águas nas discussões sobre mudanças climáticas, que mostrava como o investimento de apenas 1% do PIB mundial poderia evitar a perda de 20% do mesmo PIB dentro de 50 anos.
O economista e ex-ministro britânico afirma que também subestimou a importância potencial de feedbacks fortes, como o degelo do permafrost, que libera metano na atmosfera, um gás de efeito estufa 21 vezes mais nocivo do que o CO2, bem como os “pontos de mutação” além do qual algumas mudanças no clima podem se tornar efetivamente irreversíveis.
O economista e ex-ministro britânico afirma que também subestimou a importância potencial de feedbacks fortes, como o degelo do permafrost, que libera metano na atmosfera, um gás de efeito estufa 21 vezes mais nocivo do que o CO2, bem como os “pontos de mutação” além do qual algumas mudanças no clima podem se tornar efetivamente irreversíveis.
Redução das emissões
“O que temos experimentado até agora, certamente, é pequeno em relação ao que poderia acontecer no futuro. Devemos lembrar que da última vez que a temperatura global foi 5 ºC diferente em relação à média de hoje, a Terra foi tomada por uma era do gelo”, sublinha.
Ao concluir, Stern enfatiza que os “riscos são imensos e só podem ser sensivelmente geridos pela redução das emissões de gases de efeito estufa, o que exigirá uma nova revolução industrial de baixo carbono”.
* Publicado originalmente no site EcoD.
(EcoD)
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