A necessidade de ter meios para se comunicar em áreas mais distantes levou o Instituto Mamirauá, por meio da coordenação de Tecnologia da Informação e Comunicação, a buscar formas de conectar esses locais ao mundo. Para isso, um projeto vem sendo executado e já conseguiu levar o sinal de internet e telefone para dois pontos: a Pousada Flutuante Uacari, na Reserva Mamirauá, e a Casa do Baré, na Reserva Amanã, uma base de terra firme distante cerca de 110 quilômetros de Tefé. Muitas etapas ocorreram para colocar o plano em prática e, ainda, foi necessário inovar para obter os resultados positivos.
Um dos principais problemas da instalação de internet na região de Tefé é o alto custo. Por ser uma região distante, não existe cabeamento de fibra ótica na região. O método mais interessante, por enquanto, é a transmissão via satélite. Porém, o custo da instalação de pontos de satélites na pousada e no Baré seria muito alto.
Os técnicos em informática optaram pela tecnologia via rádio, mas se depararam com um novo problema, o solo de várzea que, por uma questão de segurança, limita a altura máxima das torres. Como o sinal de rádio se propaga em linha reta, “dependendo da distância, a própria curvatura da Terra faz com que a onda não alcance a outra torre”, expôs o coordenador de Tecnologia da Informação e Comunicação, Francisco de Freitas Junior. Segundo ele, os próprios fabricantes diziam que era impossível fazer uma transmissão daquele tipo sem aumentar o tamanho da torre.
Foi necessário que os técnicos estudassem outras alternativas, até conseguirem encontrar uma solução. “Conseguimos um equipamento interessante. Customizamos o equipamento, trabalhamos as configurações e fizemos muitos laboratórios. No fim, conseguimos um equipamento barato, robusto e com alto desempenho. Mas esse foi um experimento único no Brasil. Assim, instalamos internet wireless e telefonia voip para ambos locais. A transmissão de dados está instalada de forma estável, igual à internet da sede”, elucidou o coordenador.
Benefícios
O projeto tem o intuito de melhorar o trabalho do pesquisador, além de trazer um conforto maior à pessoa que, muitas vezes, passava um grande período de isolamento em campo. Antes, os pesquisadores só tinham contato com a sede por rádio. Além disso, a tecnologia pode ajudar no trabalho com espécies em tempo real, por exemplo.
“Tudo que eu faço aqui, por exemplo, a pesagem de um animal, eu consigo compartilhar em tempo real. Por exemplo, se preciso de uma medicação de urgência, com o telefone eu posso entrar em contato com o instituto, algo que me dá mais segurança do que usando o rádio. Outro ponto é que temos o acesso à informação. Com esses recursos, a gente não se sente sozinho, posso conversar com meus familiares todas as noites, se eu quiser. Tudo melhora com essas ferramentas”, comentou o médico veterinário, Guilherme Guerra, que costuma passar 3 semanas em campo. Agora, ele passa todo esse tempo conectado. Na próxima etapa do projeto, os técnicos procuram novas formas para ultrapassar as áreas de floresta sem o auxílio das torres. O projeto está em fase de estudo e deve ser testado neste ano.
* Publicado originalmente no site Mamirauá.
(Instituto Mamirauá)
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