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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Evolução da terra, artigo de Roberto Naime

A evolução da terra começou com a separação das camadas com propriedades químicas e físicas distintas no interior do globo terrestre. Há cerca de 4 bilhões de anos, formou-se o núcleo, constituído por ferro e níquel no estado sólido, com um raio de 3.700 km. Em torno do núcleo formou-se uma camada denominada Manto, que possui aproximadamente 2.900km de espessura, constituída de material em estado pastoso, constituída por silício e magnésio.
Após, cerca de 4 bilhões de anos atrás, gases do manto se separam, formando uma camada ao redor da Terra, denominada Atmosfera, com características muito semelhantes com as atuais.
Na última fase, cerca de 3,7 bilhões de anos atrás, solidifica-se uma fina camada de rochas denominada crosta, a temperatura fica inferior a 100 C e os oceanos se formam. Este material formador da crosta não é homogêneo. Embaixo dos oceanos tem aproximadamente 7 km de espessura, e são constituídos por rochas de composição semelhante ao manto, de composição ferro-magnesiana.
Nos continentes, a espessura da crosta aumenta para 30 a 35 km, sendo composto por rochas formadas por silício e alumínio e, portanto mais leves que nos fundos de oceanos. Na
Figura 1 observa-se um esquema de formação da Terra, com um corte no interior da Terra.
As transformações da Terra são causadas por movimentos que ocorrem na estrutura da Terra, que comparamos a um ovo. No núcleo da Terra, em função do decaimento radioativo dos elementos químicos, ocorre grande produção de calor. Esta energia produz correntes de convecção no manto da Terra.
Estas correntes produzem lavas nas margens de construção de continentes, que movimentam as placas continentais, subaéreas ou subaquáticas.
Figura 1 – Processo de formação da Terra (Ilustração de Geologia – A Ciência da Terra XXXIII, Congresso da SBG, 1984).
Figura 1 – Processo de formação da Terra (Ilustração de Geologia – A Ciência da Terra XXXIII, Congresso da SBG, 1984).
As correntes de convecção no Manto, produzidas pelo aquecimento a partir do Núcleo, movimentam os continentes num processo denominado DERIVA CONTINENTAL.
O estudo do fundo do oceano Atlântico mostrou a existência de uma enorme cadeia de montanhas submarinas, formadas pela saída de magma do manto. Este material entra em contato com a água resfria torna-se sólido e dá origem a um novo fundo submarino, e à medida que cresce empurra o continente africano para leste e o continente americano para oeste, por exemplo. Este fenômeno é conhecido como expansão do fundo oceânico, e ocorre nas chamadas margens construtivas de placas.
Este mesmo processo ocorre em outras partes do planeta e faz com que os continentes se movimentem como objetos em uma esteira rolante. Para compensar a criação de placas na margem construtiva ocorre a destruição de placas nas chamadas margens destrutivas, onde as placas se chocam e as rochas de suas bordas sofrem enrugamentos e dobras sob condições de altas temperaturas e pressões, originando terremotos, dobramentos e falhamentos.
O exemplo mais conhecido em função de sua ampla divulgação pela imprensa é a “San Andreas Fault” na Califórnia.
Com base nestes estudos e considerando as datações radiométricas, imagina-se que os continentes da Terra estivessem agrupados há cerca de 200 milhões de anos atrás numa massa continental denominada Pangea. Então, movidas pelo processo de dinâmica interna, as placas teriam se movimentado lentamente, com a razão mínima de 2 cm/ano a 7 cm/ano até atingir a situação atual.
Na Figura 2 é possível observar a evolução da posição dos continentes, em função dos processos de espalhamento de fundo oceânico e deriva continental.
As falhas transformantes ocorrem no interior das cadeias meso-oceânicas onde os magmas são extrudidos no fundo do mar e formam as rochas vulcânicas basálticas.
As dobras e falhas, juntamente com os terremotos, dão origem a grandes cadeias de montanhas, como os Andes, os Alpes e os Himalaias.
O movimento das placas é causado pelo vulcanismo, que se origina pela saída de rochas fundidas, denominadas Magmas, nas fissuras meso-oceânicas das denominadas margens criativas ou de construção.
Pangea
Figura 2 Continente Pangea e modificações posteriores em função do espalhamento de fundo oceânico e deriva continental . Imagem: Wikipedia
Na Figura 3, observa-se uma representação esquemática das margens construtivas e destrutivas dos continentes.
Figura 3 – Representação esquemática das margens construtivas e destrutivas da Tectônica de Placas. Ilustração Wikiciências
Figura 3 – Representação esquemática das margens construtivas e destrutivas da Tectônica de Placas. Ilustração Wikiciências
No Brasil, também ocorrem terremotos e vulcões. Os terremotos são muito raros e de pequena intensidade, e somente são encontrados restos de vulcões extintos. Isto ocorre devido à localização do Brasil, que se situa distante das margens construtivas ou cadeias meso-oceânicas e longe das margens destrutivas ou zonas de subducção ou colisão.
As geometrias apresentados pela formação das rochas e pelas relações entre si parecem frequentemente desordenadas ou irregulares. Mas é possível descrever muitas destas formações e relações com incrível reprodutibilidade, ou seja com regularidade que lembra padrões, ainda que os mesmos não pertençam a geometrias euclidianas ou lineares. E mesmo que não se compreenda integralmente a funcionalidade que representam.
A tectônica de placas ou geodinâmica é uma teoria tão aceita e tão consensual, que sua inclusão dentro desta discussão, objetiva apenas ressaltar analogias e de certa forma aumentar a credibilidade das comparações que inspiram todo texto.
Na Figura 4, observa-se a distribuição mundial das placas tectônicas e seus limites (cordilheiras, fossas e falhas transformantes).
Figura 4 – Distribuição mundial das placas tectônicas e seus limites. Ilustração Wikipedia
Figura 4 – Distribuição mundial das placas tectônicas e seus limites. Ilustração Wikipedia
Rochas ígneas de qualquer natureza sempre tem contatos bruscos entre si e com rochas sedimentares. Quando tem contatos com rochas metamórficas de baixo grau, os contatos sempre são bruscos. Quando tem contato com rochas metamórficas de alto grau os contatos são gradacionais e difusos, são é um “continuum” que lembra a capilaridade dos vasos sanguíneos.

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FONTE : Dr. Roberto Naime, Colunista do EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 20/07/2012

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