O lacerdismo está tão na moda que alguns lacerdinhas tentam limpar a biografia do Grande Líder, Carlos Lacerda, que fez de tudo em favor do golpe de 1964, achando que graças a ele chegaria à Presidência da República, e, escanteado, resolveu ser oposição. Acabou cassado. Apesar de muito culto, era burro. O neolacerdismo continua tentando aplicar os mesmos golpes. Por um lado, denuncia o fim das ideologias. Por outro lado, comporta-se de modo extremamente ideológico. Derrubar presidente de esquerda pode. A esquerda pensa da mesma forma. Derrubar presidente de direita pode. Estamos no auge de uma fase ideológica. Só não há ideologia dentro dos partidos na hora de definir alianças. É patético receber mensagens de petistas afirmando que a aliança com Paulo Maluf é normal. Não estamos na normalidade. O rito sumário que tomou o poder de Fernando Lugo revela que estamos crescendo como cola de cavalo. Lacerdinhas não gostam de ecologia, chamam os ecologistas de ecochatos, defendem com unhas e dentes os agrochatos, que veem como campeões da neutralidade. Lacerdinhas acham que deve valer a lei do mais forte. Juram que o homem nada tem a ver com mudanças climáticas. Lacerdinhas são americanófilos. Amariam se filiar ao Partido Republicano, especialmente ao Tea Party. Lacerdinhas se acham modernos, racionais e universalistas. Detestam cotas, intervenções estatais e movimentos sociais de qualquer tipo. Compensações públicas só para os seus. Lacerdinhas sonham com golpes na Bolívia, na Argentina, na Venezuela e até no Brasil. Lacerdinhas não gostam da Comissão da Verdade. Andam cabreiros, pois torturadores começam a falar. Por quê? Porque a mídia resolveu finalmente escutá-los. O famoso Pablo, ligado à "Casa da Morte", aparelho de tortura situado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, abriu o bico. A queda de Fernando Lugo funciona como uma prova da existência do PIG no Brasil. Prontamente, a mídia encontrou razões para justificar uma eliminação sumária sem direito de defesa. O neolacerdismo, como o velho, gosta de brincar com fogo. Quando o bicho pega, é preciso dar no pé e se esconder nalguma base militar ou num vão cheio de vassouras. A América do Sul, para consolidar a democracia, ainda precisa superar a sua doença senil, o velho lacerdismo fantasiado de novo. O lacerdismo é o câncer da mídia. Caminhamos para uma nova metástase. ********************** FONTE : Juremir Machado da Silva, CORREIO DO POVO, http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=117&Numero=270&Caderno=0&Noticia=437332 |
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quarta-feira, 27 de junho de 2012
Lacerdinhas deliram, artigo de Juremir Machado da Silva
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