Cidade do México, México, 18 de junho de 2012 (Terramérica).- Escassez de água, desenvolvimento hoteleiro, sobrepesca e risco de atividades mineradoras são os principais problemas ambientais da região de Los Cabos, sede da cúpula do Grupo dos 20 (G-20) países ricos e emergentes. A cúpula do G-20, que acontecerá nos dias 18 e 19 deste mês, em Los Cabos, com uma agenda de sustentabilidade e luta contra a mudança climática, acontecerá no Centro Internacional de Convenções, a última novidade da arquitetura sustentável.
Em seus 66 mil metros quadrados conta com 2.700 metros quadrados de muros verdes, capacidade para tratamento de água de 2,6 litros por segundo, mais de mil painéis solares para proporcionar eletricidade e instalações para captar água da chuva. Um oásis artificial em meio a uma região que apresenta um acúmulo de práticas ruins. A cidade de São José do Cabo, principal do município, e Cabo San Lucas são os principais lugares e dependem do turismo, sobretudo estrangeiro. Estão interligadas por um corredor de 33 quilômetros povoado de hotéis majestosos, com elevada conta ambiental.
“O principal problema é a escassez de água. Por ser uma zona árida, é o recurso mais limitado. Há superexploração de aquíferos e os novos desenvolvimentos hoteleiros podem afetar a disponibilidade”, disse ao Terramérica o ativista Ernesto Vázquez, da não governamental Sociedade de História Natural Niparajá. Esta organização, fundada em 1990, trabalha em favor da conservação dos recursos naturais no Estado de Baixa Califórnia Sul.
De natureza desértica, Los Cabos tem índice de precipitação anual de 270 milímetros. Em seu território fica a Reserva da Biosfera Sierra La laguna, o Parque Nacional Marinho Cabo Pulmo, a Reserva Ecológica Estatal Estero de San José del Cabo e a Zona de Refúgio Submarino de Flora e Fauna. Todas abrigam espécies sujeitas a proteção especial, ameaçadas e em perigo de extinção.
“Los Cabos tem muitos problemas por questões turísticas e de um crescimento da população sem o devido ordenamento territorial. A mancha urbana comeu áreas que tinham importância ambiental”, detalhou ao Terramérica o especialista Isaí Domínguez, da Direção de Comunicação Científica da Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade (Conabio). “Era uma região de bastante riqueza ecológica. O que resta é muito pouco”, lamentou.
O local despontou como destino turístico de luxo na década de 1950 e ganhou nova força nos anos 1990. Tem mais de dez mil quartos de hotéis e em 2011 recebeu mais de 800 mil turistas, segundo a Secretaria de Turismo do Estado. Além disso, a exploração de gesso, cobre e fosforita, que remonta ao Século 19 na região, deixou sua marca. A Conabio aponta erosão, contaminação costeira por resíduos sólidos e esgoto, megaprojetos turísticos, conflito entre pesca esportiva e comercial e dano ao meio ambiente causado pelas embarcações. A filial mexicana do Greenpeace diz que o consumo diário de água é de 250 litros por habitante, mas nos grandes hotéis varia entre mil e dois mil litros.
O presidente do país, Felipe Calderón, anunciou, no dia 15, o cancelamento do projeto Cabo Cortés, mas deixou aberta a porta para um novo empreendimento que inclua os pontos de vista de cientistas e ecologistas. O projeto previa instalar em uma área de 3.800 hectares cerca de 27 mil quartos, dois campos de golfe e outras obras turísticas, arriscando o arrecife coralino de Cabo Pulmo, uma área nacional protegida. Cabo Cortés também prejudicaria as dunas que se estendem por vários quilômetros.
Desde 2009, está pendente um projeto de exploração aurífera a céu aberto que de Paredones Amarillos passou a ser chamado de Concordia, da empresa La Pitalla. A comunidade a rechaça e está pendente a aprovação de seu estudo de impacto ambiental. Propriedade da norte-americana Vista Gold Corp., esta atividade de mineração afetaria a Reserva da Biosfera Sierra La Laguna, criada em 1994 e que mescla floresta de pinheiros e carvalhos com território selvagem.
“É uma área pesqueira importante e os produtos químicos usados para separar os metais geram resíduos que prejudicam a atividade”, advertiu Domínguez. Do aquífero de San José del Cabo são extraídos 26 milhões de metros cúbicos anuais, mas a recarga é de apenas 24 milhões, segundo a Comissão Nacional da Água.
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FONTE : * O autor é correspondente da IPS.
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