O século 21 é um período crítico para as pessoas e o planeta, com tendências demográficas e de consumo que impõem enormes desafios para um mundo finito, adverte um novo relatório divulgado na cúpula Rio+20, no dia 21, pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Apropriadamente intitulado Assuntos da População para o Desenvolvimento Sustentável, o relatório sublinha a importância da dinâmica populacional na agenda do desenvolvimento sustentável, algo “que foi perdido nas últimas décadas”.
O relatório propõe políticas concretas centradas nas pessoas e baseadas em direitos para tratar de questões que o mundo enfrenta de uma forma ampla no Século 21.
Em entrevista ao TerraViva, o diretor executivo do UNFPA, Babatunde Osotimehin, disse que melhorar o bem-estar da humanidade, agora e no futuro, exige, acima de tudo, uma mudança real e imediata para uma produção sustentável e um consumo equilibrado – a marca da economia verde.
“Em todos os lugares, mas especialmente nas economias emergentes, milhões de pessoas estão se tornando consumidores mais ricos de bens e serviços, aumentando assim a pressão sobre os recursos naturais. Padrões sustentáveis de consumo, possibilitados em parte por tecnologias apropriadas, são, portanto, urgentes”, advertiu.
Osotimehin observou que novas dinâmicas populacionais globais apresentam muitos desafios, mas também oferecem oportunidades para garantir um futuro sustentável. Mudanças demográficas, como a tendência de viver em cidades, podem reduzir a pressão sobre o meio ambiente reduzindo o consumo de recursos.
“Desacelerar o crescimento da população pode ter um impacto positivo sobre a sustentabilidade ambiental no longo prazo. Isto também dará mais tempo para as nações se adaptarem às mudanças no ambiente. No entanto, isso só pode ocorrer se as mulheres tiverem o direito, o poder e os meios para decidir livremente quantos filhos ter e quando”, enfatizou.
O relatório diz que mais de dois terços dos governos dos 48 países menos desenvolvidos (PMD) têm manifestado grandes preocupações com o crescimento populacional, alta fertilidade e rápida urbanização.
Para inserir a agenda populacional novamente na discussão do desenvolvimento sustentável, há a necessidade de se reconhecer que a dinâmica de populações tem uma influência significativa sobre o desenvolvimento sustentável, que esforços para promover o desenvolvimento sustentável que não abordam a dinâmica populacional têm falhado e continuarão a fracassar, e que dinâmica populacional não é destino.
Entretanto, a mudança é possível por meio de um conjunto de políticas que respeitem os direitos e liberdades humanas, e contribuam para a redução da fertilidade, nomeadamente o acesso aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva, educação além do nível primário, e o empoderamento das mulheres.
Osotimehin ressaltou que os governos também precisam integrar as tendências demográficas e projeções futuras em suas estratégias e políticas de desenvolvimento. “Os investimentos que são construídos sobre, e aproveitam, a evolução demográfica podem ajudar a transformar a população em um capital humano rico que pode impulsionar o desenvolvimento sustentável”, opinou.
“Planejar para mudanças projetadas no tamanho da população em tendências como o envelhecimento, migração e urbanização é uma condição indispensável para estratégias sustentáveis de desenvolvimento rural, urbano e nacional, bem como os esforços significativos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, concluiu.
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FONTE : * Publicado originalmente no site TerraViva.
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