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sexta-feira, 8 de maio de 2009
FLORIANÓPOLIS : O esgoto que vai para o mar (I PARTE)
FOTO : Presidente da Associação dos Moradores do Campeche, Ataide da Silva, reforça a importância de preservar mananciais
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O lançamento de efluentes nas águas do Rio Tavares, que integra a Reserva Extrativista do Pirajubaé, no Sul da Ilha de Santa Catarina, é um dos principais entraves para o andamento do emissário submarino, projetado pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan).
O projeto, além de ser questionado pela comunidade, está também sendo investigado pelo Ministério Público Federal. No final deste mês, de acordo com o presidente da Associação dos Moradores do Campeche, Ataide da Silva, um seminário será organizado pelas lideranças do bairro para discutir soluções e alternativas para a questão do tratamento do esgoto.
– Não somos contra a construção do estação de tratamento no Campeche. Mas não queremos que um emissário submarino seja instalado aqui. A classificação do nosso rio permite que o esgoto seja lançado aqui, mas não aceitamos isso de jeito nenhum– afirmou Silva.
Para Ataide, o lançamento do esgoto tratado no Rio Tavares, que irá desembocar na Baía Sul, pode prejudicar a produção de maricultura, por exemplo.
– A gente sabe que existem alternativas e, por isso, estamos organizando este seminário. O que não podemos permitir é que a água potável da Lagoa do Peri seja utilizada para o tratamento deste esgoto. Além disso, a Casan nunca apresentou este projeto para a comunidade – protestou ele.
Esgoto doméstico polui ecossistemas da Capital
Atualmente, a maioria dos rios da Capital já está comprometida com a falta de coleta e tratamento de esgoto na cidade. De acordo com o professor do departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Willian Gerson Matias, de 49 anos, três ecossistemas já sofrem com o lançamento de esgoto doméstico: os mangues do Itacorubi e de Ratones, além da Baía Sul.
– Se compararmos as águas da nascente dos rios que formam a Bacia do Itacorubi com as águas de um quilômetro depois, já poderemos perceber a alteração da sua qualidade. Quanto mais longe da nascente, maior a quantidade apresentada de coliforme fecais – detalhou.
Para o professor, desde 2007, quando foram estabelecidas normas que regulamentaram as diretrizes do saneamento básico no Brasil a situação está avançando, mas ainda está longe da ideal.
– O ritmo ainda é muito lento – lamentou.
A rede no Estado
> Em Santa Catarina, apenas 10,24% das 293 cidades têm sistema de esgoto sanitário. São 30 municípios
> Em algumas, o sistema de esgoto atende apenas loteamentos populares. Nas demais, o atendimento é apenas parcial
> Dos 30 municípios atendidos, 13 ficam no Litoral e 17 nas demais regiões
Os agentes poluidores
Dentre os agentes poluidores da água em Santa Catarina, os mais significativos são:
> Lançamento de esgoto bruto
> Despejo de efluentes industriais não tratados, ou não adequadamente tratados
> Carreamento pelas chuvas de sedimentos indesejáveis
> Despejo de agrotóxicos, esterco animal e fertilizantes
> Extração de minérios, areia e pedregulhos
> Lançamento de efluentes de estações de tratamento de água
> Desmatamento
> Lixo
> Lançamento de dejetos suínos
Fonte: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Seção Santa Catarina
O saneamento na Grande Florianópolis
1909 – Início das obras do primeiro sistema completo de abastecimento de água de Santa Catarina, na Capital, paralelamente à construção da primeira usina hidroelétrica do Estado, a chamada Usina Garcia, na Colônia Santana
1910 – Criada a Inspetoria de Águas e Esgotos e inaugurado o primeiro sistema de abastecimento de água de Florianópolis
1911 – Contrato para execução da primeira rede de esgotos no Estado, na Capital
1913 – Início das obras da primeira rede de esgotos
1913 – Paralisação das obras da rede (prenúncios da 1ª Guerra Mundial)
1916 – Inaugurada a primeira rede de esgotos de Santa Catarina, na Capital e a construção da estação de tratamento de esgotos de Florianópolis
1920 – Construção do canal da Avenida Hercílio Luz, em Florianópolis
1922 – Inaugurado o sistema de reforço do Rio Tavares
1946 – Inaugurada a primeira adutora de Pilões, na Capital
1949 – A Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo inicia a formação de sanitaristas no Brasil, com grande contribuição para Santa Catarina
1951 – Implantação do sistema de abastecimento de água de São José
1957 – Implantação do sistema de abastecimento de água de Palhoça
1965 – Inaugurada a segunda adutora dos Pilões
1971 – Implantação dos sistemas de esgotos de São José
Fundação da Companhia Catarinense de Água e Saneamento (Casan)
Fonte: História do Saneamento em Santa Catarina - Átila Alcides Ramos
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FONTE : DC - 8/5/2009
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