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domingo, 31 de maio de 2009

ANTES DE 2100 O MAR SUBIRÁ UM METRO !!!


FOTO : ROBERT BINDSCHADLER, glaciologista da Nasa diz que geleiras da porção oeste do continente podem derreter completamente em questão de séculos e que antes de 2100 o mar subirá 1 metro
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Os dados mais alarmantes sobre os avanços das mudanças climáticas vêm do extremo sul do planeta. Nos últimos dois anos, a publicação de estudos que reavaliaram o derretimento das geleiras do continente antártico alarmaram os pesquisadores. O degelo está acontecendo mais rápido do que os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) previram no último relatório do grupo, divulgado em 2007. Pesquisadores como o glaciologista americano Robert Bindschadler, do Instituto Goddard, da Nasa, que há 25 anos estuda a Antártica, têm se dedicado a espalhar a gravidade da situação. “Eu mesmo falei para a Susan Solomon, uma das coordenadoras do relatório do IPCC, não acreditar naqueles números. Eles não incluíam a dinâmica dramática que nós estamos testemunhando na Antártica.” Bindschadler relatou a ÉPOCA as mudanças que ele presenciou em 14 expedições ao continente antártico.
ÉPOCA - A Antártica está derretendo mais rápido do que o último IPCC previu?
Robert Bindschadler - Sim. E é por esse motivo que o IPCC de 2007 também subestimou o aumento do nível do ar. O IPCC não incluiu em seu relatório os mecanismos mais dinâmicos de derretimento da Antártica, como a aceleração do deslocamento de geleiras em direção ao mar. Se esse fenômeno continuar, as bordas do continente, que formam uma camada de gelo sob o oceano, vão se desintegrar. Isso já aconteceu em 2002. E acontecerá com geleiras cada vez maiores. E o IPCC não levou esses fatores em consideração nas suas previsões.

ÉPOCA - Por que o IPCC ignorou esses dados?
Bindschadler - Nós ainda tínhamos uma compreensão suficiente do processo de como uma plataforma de gelo segura uma geleira. Também não havia imagens com resolução espacial suficiente para que pudéssemos avaliar esse processo. Aqueles números subestimados que estão no relatório são, na verdade, uma provocação para que a nossa comunidade de especialistas forneça dados melhores. Nós estamos trabalhando nisso para incluir esses números no próximo relatório, que deve ser divulgado em 2014. Nós sabemos que é isso que temos de fazer: fornecer números melhores. Não podemos falar que não sabemos. Isso não é aceitável.

ÉPOCA - Não incluir esses dados no IPCC foi realmente uma questão de limitação de conhecimento científico e não resultado de pressões políticas?
Bindschadler - Sim, é apenas conhecimento científico limitado.

ÉPOCA - Por que o derretimento da Antártica está acontecendo mais rápido do que o esperado?
Bindschadler - A minha hipótese favorita é que o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global provocaram mudanças no padrão de circulação dos ventos, fazendo com que eles revolvessem águas profundas do oceano que circunda a Antártica. Elas são mais quentes porque não estão em contato direto com o gelo do continente e, por isso, aceleraram o derretimento das plataformas de gelo do litoral antártico. Mas eu diria que ainda não sabemos explicar completamente por que isso está acontecendo.


ÉPOCA - Com esse derretimento, quanto o oceano deve subir?
Bindschadler - Estamos tentando ter esses números. Mas já é dado como certo que, ainda neste século, antes de 2100, nós vamos ver um aumento de 1 metro no nível do mar. NA Antártica, a parte que está derretendo mais rápida é a porção oeste, na região do Mar de Amundsen. É para lá que correm duas grandes geleiras, a Pine Island e as Thwaites. Elas parecem vulneráveis a um colapso em uma questão de séculos. Isso seria o tal aumento de 5 metros no nível do mar. Mas eu nem gosto mais de falar sobre isso. Os impactos da elevação de 1 metro no nível do mar serão tão grandes que é com eles que devemos nos preocupar.
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FONTE : Marcela Buscato (especial para a revista ÉPOCA)

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