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sexta-feira, 15 de maio de 2009
"CRISE CIVILIZACIONAL"
FOTO : Susan Andrews
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A norte-americana Susan Andrews vive no Brasil há 16 anos e mora numa ecovila, em um ambiente que emana sustentabilidade. Recentemente passou a colaborar com um blog sobre o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), um modelo de medição de riqueza diferente do Produto Interno Bruto (PIB).
Susan será uma das palestrantes na plenária de abertura da Conferência Internacional Ethos 2009, evento que se realizará entre os dias 15 e 18 de junho, em São Paulo. Coordenadora do Instituto Visão Futuro, é também consultora de grandes empresas para a melhoria de clima organizacional e autora do livro O Stress a Seu Favor. Em entrevista exclusiva à repórter Neuza Árbocz, especial para o Instituto Ethos, Susan Andrews fala da crise financeira internacional e de como ela vê o Brasil nesse cenário.
Instituto Ethos: Como você está vendo o comportamento das organizações e das pessoas nesse processo de crise em que o mundo entrou?
Susan Andrews: Acho que mesmo antes de a crise estourar já havia uma crise emocional em gestação. Em toda parte as pessoas têm se tornado mais e mais deprimidas, ansiosas, irritadiças, gananciosas, e alienadas. Estamos atravessando uma crise civilizacional, e não apenas uma crise social, ou econômica, ou ambiental. O crescente caos externo é apenas um reflexo do nosso desequilíbrio interno.
IE: Quais são as ações mais urgentes para resolver as múltiplas crises que estamos vivendo e proteger a vida na Terra?
SA: Já conhecemos todas as soluções. Existem milhares de livros nas prateleiras, e inúmeros artigos fluindo na internet, com brilhantes e práticas soluções para todas essas nossas crises. O que está faltando é a vontade política dos nossos líderes para aplicá-las numa escala mais ampla, e a determinação coletiva das pessoas para aplicá-las em escala local. Mas, para que isso aconteça, primeiro precisamos mudar o nosso modo de pensar. Como diz aquela célebre frase de Einstein, “Não podemos resolver os nossos problemas com a mesma e antiga consciência que os criou”.
IE: Você declarou que houve uma época em que o caminho espiritual consistia em esforços individuais, baseados em mestres ou escolas a ser seguidas, mas que agora o caminho é o do serviço. Poderia explicar isso melhor?
SA: Citei um mestre indiano que descreveu os vários estágios da evolução espiritual coletiva neste planeta. Por milhares de anos, o principal caminho para a realização espiritual era retirar-se da sociedade para ficar no isolamento das montanhas e dos monastérios, buscando sua própria iluminação por meio de uma rigorosa disciplina ascética. Mas hoje em dia o caminho deve ser diferente. Nossos “demônios” não são apenas os monstros internos, as nossas emoções negativas, mas também as forças externas degradantes da violência, da exploração e da indiferença. O desafio atual não é apenas entregar o nosso ego individual ao Divino, ou a um Mestre Perfeito, mas também o de unir os nossos egos numa harmonia coletiva em prol do bem-estar de toda a criação. Nossa prática espiritual começa não nos retirando do mundo material, mas abrindo os nossos corações, por meio da compaixão pelo mundo, com todas as suas imperfeições, para favorecer a evolução de todos os seres.
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FONTE : Neuza Árbocz, da Envolverde - especial para o Instituto Ethos
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