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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Grandes grupos de comércio marítimo estão "obstruindo” políticas de mudanças climáticas globais para o setor de navegação

Estudo realizado pelo Instituto britânico Think Tank cita VALE, ICS, BIMCO e WSC.

Um novo estudo do think tank britânico Influence Map estabelece a relação entre o principal exportador de commodities do Brasil, a Vale, e esforços para enfraquecer um acordo climático proposto da ONU para o setor de transporte marítimo.  O relatório, que está sendo lançado junto com a nova rodada de conversas sobre emissões de gases de efeito estufa pelo setor marítimo dentro da ONU, que começam nesta segunda em Londres, revela como a indústria do transporte marítimo tem pressionado agressivamente as Nações Unidas para obstruir as ações de mudança climática para o transporte marítimo, garantindo que ele permaneça o único setor no mundo atualmente não sujeito a medidas de redução de emissões.
Um relatório do Parlamento Europeu de 2015 estimou que o transporte marítimo poderia ser responsável por 17% das emissões globais de gases de efeito estufa até 2050, se deixado não regulamentado.  Apesar disso, o setor de transporte marítimo permanece fora do Acordo do Clima da ONU, firmado em Paris em 2015, potencialmente ameaçando as ambições globais nele estabelecidas.
A pesquisa da Influence Map revela que no mais recente comitê ambiental da OMI, 31% das nações foram representadas em parte por interesses comerciais diretos. A OMI parece ser a única agência da ONU a permitir uma representação corporativa tão extensa no processo de elaboração de políticas.  O relatório mostra que os muitos Estados que têm representação substancial da indústria em suas delegações parecem apoiar ambições climáticas menores.  Isso envolve o Brasil e a Vale, que enviou 5 delegados às negociações da IMO de junho em Londres.  Durante as discussões preliminares para a reunião MEPC de julho de 2017, o Brasil foi criticado por um enviado de Tuvalu por obstruir o progresso na legislação climática.
Além da Vale, o estudo aponta que os grandes grupos de comércio marítimo como ICS, BIMCO e WSC estão "obstruindo" ativamente e coletivamente a política de mudanças climáticas globais para o setor de navegação.  O que o estudo mostra de forma conclusiva é que o setor de transporte consegue manter seu modelo de negócios em relação às emissões de carbono graças à influência sobre o processo de regulamentação. 
O progresso na regulamentação foi paralisado por poderosas associações comerciais de frete, com a International Chamber of Shipping (ICS) liderando esforços para se opor à ação sobre mudanças climáticas na OMI (Organização Maritima Internacional, ou IMO, na sigla em inglês). O ICS, ao lado do BIMCO e do World Shipping Council, tem pressionado coletivamente para atrasar a implementação de quaisquer regulamentos climáticos até 2023 - até mesmo se recusando a apoiar qualquer coisa além de regulamentos voluntários que podem não reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa do setor.
A falta de divulgação do setor do transporte marítimo contrasta com o aumento das expectativas dos investidores de mais transparência, conforme demonstrado pelas recomendações TCFD do FSB sobre o risco climático. As mudanças nas políticas futuras são impossíveis de prever e os investidores no setor de frete devem consultar as empresas expostas sobre o que estão fazendo para gerenciar o risco climático.  Nesse contexto, outra preocupação em relação à Vale é sua total falta de divulgação de risco. O relatório revela que a empresa está em silêncio para os investidores e as partes interessadas em relação à sua resposta a um mundo em que o setor de transporte pode precisar descarbonizar suas operações.
Uma das principais exceções é a líder de mercado AP Moller-Maersk, que divulga de forma transparente suas posições de política climática e parece apoiar ações ambiciosas sobre o clima. Outras vozes corporativas progressivas no setor também reconheceram a necessidade de uma posição mais ambiciosa sobre a política climática. A Maersk foi recentemente acompanhada pela sueca Stena Line e as associações comerciais nacionais da Escandinávia, que parecem apoiar a ação para descarbonizar a indústria de navegação. Tais atores sugerem potencial para uma futura coalizão de vozes progressivas no transporte marítimo para promover uma maior divulgação das políticas climáticas corporativas e ação sobre o clima na OMI.

FONTE :
AViV Comunicação
Silvia Dias, Rita Silva e Flávia Guarnieri 
11. 4625-0404/4625-0605

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