Estudo realizado pelo Instituto britânico Think Tank cita VALE, ICS,
BIMCO e WSC.
Um novo
estudo do think tank britânico
Influence Map estabelece a relação entre o principal exportador de commodities
do Brasil, a Vale, e esforços para enfraquecer um acordo climático proposto da
ONU para o setor de transporte marítimo.
O relatório, que está sendo lançado junto com a nova rodada de conversas
sobre emissões de gases de efeito estufa pelo setor marítimo dentro da ONU, que
começam nesta segunda em Londres, revela como a indústria do transporte
marítimo tem pressionado agressivamente as Nações Unidas para obstruir as ações
de mudança climática para o transporte marítimo, garantindo que ele permaneça o
único setor no mundo atualmente não sujeito a medidas de redução de emissões.
Um
relatório do Parlamento Europeu de 2015 estimou que o transporte marítimo
poderia ser responsável por 17% das emissões globais de gases de efeito estufa
até 2050, se deixado não regulamentado.
Apesar disso, o setor de transporte marítimo permanece fora do Acordo do
Clima da ONU, firmado em Paris em 2015, potencialmente ameaçando as ambições
globais nele estabelecidas.
A pesquisa
da Influence Map revela que no mais recente comitê ambiental da OMI, 31% das
nações foram representadas em parte por interesses comerciais diretos. A OMI
parece ser a única agência da ONU a permitir uma representação corporativa tão
extensa no processo de elaboração de políticas.
O relatório mostra que os muitos Estados que têm representação
substancial da indústria em suas delegações parecem apoiar ambições climáticas
menores. Isso envolve o Brasil e a Vale,
que enviou 5 delegados às negociações da IMO de junho em Londres. Durante as discussões preliminares para a
reunião MEPC de julho de 2017, o Brasil foi criticado por um enviado de Tuvalu
por obstruir o progresso na legislação climática.
Além da
Vale, o estudo aponta que os grandes grupos de comércio marítimo como ICS,
BIMCO e WSC estão "obstruindo" ativamente e coletivamente a política
de mudanças climáticas globais para o setor de navegação. O que o estudo mostra de forma conclusiva é
que o setor de transporte consegue manter seu modelo de negócios em relação às
emissões de carbono graças à influência sobre o processo de
regulamentação.
O progresso
na regulamentação foi paralisado por poderosas associações comerciais de frete,
com a International Chamber of Shipping (ICS) liderando esforços para se opor à
ação sobre mudanças climáticas na OMI (Organização Maritima Internacional, ou
IMO, na sigla em inglês). O ICS, ao lado do BIMCO e do World Shipping Council,
tem pressionado coletivamente para atrasar a implementação de quaisquer
regulamentos climáticos até 2023 - até mesmo se recusando a apoiar qualquer
coisa além de regulamentos voluntários que podem não reduzir as emissões
globais de gases de efeito estufa do setor.
A falta de
divulgação do setor do transporte marítimo contrasta com o aumento das
expectativas dos investidores de mais transparência, conforme demonstrado pelas
recomendações TCFD do FSB sobre o risco climático. As mudanças nas políticas
futuras são impossíveis de prever e os investidores no setor de frete devem
consultar as empresas expostas sobre o que estão fazendo para gerenciar o risco
climático. Nesse contexto, outra
preocupação em relação à Vale é sua total falta de divulgação de risco. O
relatório revela que a empresa está em silêncio para os investidores e as
partes interessadas em relação à sua resposta a um mundo em que o setor de
transporte pode precisar descarbonizar suas operações.
Uma das principais exceções é a líder de mercado AP Moller-Maersk, que
divulga de forma transparente suas posições de política climática e parece
apoiar ações ambiciosas sobre o clima. Outras vozes corporativas progressivas
no setor também reconheceram a necessidade de uma posição mais ambiciosa sobre
a política climática. A Maersk foi recentemente acompanhada pela sueca Stena
Line e as associações comerciais nacionais da Escandinávia, que parecem apoiar
a ação para descarbonizar a indústria de navegação. Tais atores sugerem
potencial para uma futura coalizão de vozes progressivas no transporte marítimo
para promover uma maior divulgação das políticas climáticas corporativas e ação
sobre o clima na OMI.
FONTE :
AViV
Comunicação
Silvia Dias, Rita Silva e Flávia Guarnieri
11.
4625-0404/4625-0605
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