18 de abril de 2015
Por Monika Schorr (da Redação da ANDA)
O comovente resgate de um gibão apavorado e solitário demonstra, mais uma vez, o quão terrível é o tráfico de animais silvestres e os danos irreparáveis que causa às suas vidas.
Alicia, gibão fêmea, foi resgatada, sexta passada, pela Wildlife Friends Foundation Thailand (WFFT), fundação que resgata animais silvestres e os encaminha para reabilitação em santuários. Apesar das boas intenções de seu tutor, a macaquinha passou seus primeiros anos de vida completamente solitária, deprimida e encarcerada numa gaiola de metal nos fundos da casa.
Segundo a WFFT, a mãe de Alicia foi assassinada para que ela fosse vendida no comércio tailandês de animais de estimação quando tinha apenas algumas semanas de vida. Com a idade de dois meses e meio, Alicia já havia passado de mão em mão e acabou sob a tutela de um homem que sabia que ela não deveria ser mantida como animal doméstico. Ele tentou encaminhá-la a um centro local de reabilitação de vida selvagem, mas foi informado que o santuário estava lotado e sem condições de recebê-la.
Relutante em ficar com Alicia, mas sabendo que ela não poderia ser abandonada à própria sorte, o tutor tentou cuidar dela o melhor possível. Alicia passou a morar dentro de uma pequena gaiola nos fundos da casa e a ser alimentada com uma grande variedade de frutas, verduras e legumes. Apesar de precária, a condição de Alicia era melhor do que aquela que a maioria das vítimas do comércio de animais silvestres vivencia. Ainda assim, Alicia estava solitária e isolada em sua jaula enferrujada e, com o passar dos anos, ia ficando cada vez mais deprimida.
Semana passada, a primata decidiu mudar sua insuportável situação de vida. Ela escapou pelo teto da gaiola, onde a ferrugem havia aberto um buraco, e se pôs a caminho em direção da casa vizinha. Sabendo que ela poderia tornar-se agressiva, seu tutor foi mordido e acabou gravemente machucado na tentativa bem sucedida de impedir sua fuga. Apesar dos ferimentos e da urgência da necessidade de atendimento médico, ele deixou a aterrorizada Alicia em segurança dentro do banheiro antes de correr para o hospital.
Alicia passou seis dias trancafiada no banheiro, enquanto seu tutor ficava cada vez mais frustrado com as infrutíferas tentativas de encontrar um local que pudesse ser o lar que a triste macaquinha merecia. Felizmente, ele acabou encontrando a WFFT que chegou rapidamente ao local para se deparar com uma cena dolorosa: uma pequena fêmea de gibão encolhida em cima da caixa de água do vaso sanitário, balançando a cabeça e mordendo o dedo polegar, totalmente confusa e apavorada. Seus olhar mostrava a tristeza e o medo que sentira durante toda sua vida.
Apesar de Alicia ter tido mais sorte que a maioria dos animais traficados, e de ter caído nas mãos de uma pessoa que percebeu que não se pode manter um jovem primata como animal de estimação, sua miserável vida foi solitária, repleta de confusão, tristeza e medo. Seu resgate prova que, mesmo que as intenções sejam boas, animais selvagens devem permanecer em seu habitat ou, quando necessário preservar sua vida, em santuários adequados às suas necessidades e, jamais, enjaulados ou criados como animais domésticos.
A cada ano, dezenas de milhares de animais morrem em consequência do comércio ilegal de vida selvagem. Mães são brutalmente assassinadas para que seus bebês sejam vendidos, enquanto outros animais são massacrados pela sua carne ou para a venda de partes de seus corpos que são muito procuradas para fins, desde os mais escabrosos, até os mais fúteis.
Felizmente, uma nova vida começou para Alicia, e ela pode vislumbrar um futuro feliz nas dependências do santuário de vida selvagem. Ela está desfrutando de um ambiente agradável e amplo, adaptado às necessidades dos animais que estão em quarentena. A foto abaixo mostra Alicia se divertindo, alegre, enquanto se balança nas barras de seu novo brinquedo. De acordo com a WFFT, ela até já conseguiu conquistar seu primeiro amigo, após uma vida inteira de solidão: um gibão macho chamado Sek Loso.
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