29 de abril de 2015
Por Fernanda Franco (da Redação da ANDA)
Já foram fechadas 25 lojas no Reino Unido, 4 na Rússia, e na Bolívia o McDonald’s já não existe mais. No Japão, EUA e China, já totalizam 350 lojas fechadas.
O McDonald’s pode estar com os dias contados. A empresa enfrenta atualmente uma de suas maiores crises em função da queda nas vendas. A notícia, segundo veículos internacionais como o canal Fox6, é que mais de 900 lojas já estejam em processo de fechamento.
A rede de lanchonetes, espalhada em suas 31 mil lojas no mundo inteiro, está entre as empresas que mais matam animais no mundo. Além disso, o McDonald’s é conhecido por tratar muito mal seus funcionários, normalmente jovens entre 18 e 24 anos. É preciso estar mesmo em alguma condição de vulnerabilidade – física ou mental – para aceitar as péssimas e desumanas condições de trabalho oferecidas pela empresa, como jornadas de trabalho excessivas e salários miseráveis.
Tudo que existe e cuja principal natureza é o lucro, aliás, não se interessa por quais vidas serão escravizadas, se humanas ou animais ou alienígenas. O que interessa às coisas que visam o lucro? O lucro em si, e não os meios, muito menos os efeitos dos meios utilizados – no caso do McDonald’s, os meios são diversos: alimentos com péssima ou nenhuma qualidade nutricional; funcionários muito produtivos, trabalhando em regime de escravidão; e, finalmente, sua matéria-prima principal: corpos de milhares de animais, obtidos por uma cadeia de exploração, tortura e morte.
Quanto aos efeitos, só para citarmos um deles (no caso, sobre o reino humano), conforme publicado na ANDA, em 2004, o cineasta americano Morgan Spurlock passou 30 dias só comendo no McDonald’s para realizar o documentário Super Size Me. No final do período, ele havia engordado 11,1 quilos, seu índice de massa corporal se elevara de 23,2 para 27 (grande aumento de gordura), sofreu problemas como mudanças de humor (um começo de depressão) e disfunção sexual, além de danos ao fígado.
Em uma cena do fantástico filme argentino Relatos Selvagens, o personagem vivido por Ricardo Darín, cansado de ser enganado e usurpado por um sistema perverso, faz a seguinte pergunta para um funcionário que o atende: ”Mas se você trabalha para um delinquente, você não é também um delinquente?”. Já falamos por aqui sobre isso: vamos nos tornando exatamente aquilo em que investimos nossas forças. Seja pelo consumo, seja trabalhando-para. Se você ocupa um desses lados, você então não é vítima, você é apoiador desse esquema todo de morte e rebaixamento da vida.
Enquanto houver quem compactue com os McDonald’s-da-vida, que lucram e enriquecem às custas da morte de milhares de animais, da escravização de milhares de jovens, e da produção e venda de comidas-lixo – a vida ficará mais pobre. Até secar de vez.
Talvez seja cedo para afirmar, mas o fechamento de tantas lojas pode ser um sinal, um efeito de alguma mudança que venha atravessando as pessoas em um nível coletivo: parece que, talvez mais pela percepção dos efeitos do que dos meios, as pessoas não queiram mais ver secar a vida em si mesmas compactuando com esse tipo de delinquência lucrativa. Inocência também tem limite.
Diante de uma crise como essa, a rede de lanchonetes poderia então ver diante de si uma oportunidade: como saída, o McDonald’s poderia experimentar fazer diferente, investindo na qualidade nutricional de seus alimentos, oferecendo cardápios saudáveis e sustentáveis, à base de vegetais, banindo dos seus ingredientes a exploração animal e humana. Mas isso seria um delírio: empresas assim dificilmente mudam suas bases. O McDonald’s, ao meu ver, não tem volta: tem que morrer completamente.
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