Com comédia, o projeto Chico e Benta vão Pescar busca chamar a atenção para a poluição nas praias.
Uma família de argentinos e um casal de pescadores, segurando uma cesta com peixes de plásticos coloridos, entoavam, ontem, em roda e de mãos dadas, um lema na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis. – La gente unida jamás tendrá basura (lixo)! – diziam, em coro, vibrando de alegria.
A cena faz parte da esquete (peça de teatro curta) do projeto de educação ambiental Chico e Benta Vão Pescar, desenvolvido em 11 praias da Ilha de Santa Catarina, por meio da parceria entre a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) e a Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap).
A família de Buenos Aires, que passa férias no balneário do Norte da Ilha pelo oitavo ano, deu gargalhadas com o casal de pescadores Chico e Benta, personagens da peça.
– Eles são engraçados e esta é uma maneira muito legal de conscientizar as pessoas para não jogarem lixo na praia – disse Liliana Liloff, 44 anos, ao lado dos filhos Camila, 14 anos, Ignacio, 10, e Catalina, três anos.
O marido, Mariano Perco, 52 anos, falou que só joga resíduos na praia quem é descuidado, porque lugar é o que não falta para depositá-los:
– Aqui tem lixeiras bem perto, não precisa caminhar cem metros para encontrá-las. Não há desculpa para não jogar lixo no lugar certo.
Bióloga e educadora ambiental da Floram há 15 anos, Sayonara de Castilhos Amaral, 50 anos, empresta seu legítimo sotaque mané de quem nasceu no Bairro Cpoeiras para dar vida a Benta. O amigo Valdinei Marques, 32 anos, monitor ambiental, idealizador e coordenador do Museu do Lixo da Comcap, faz o papel de Chico.
É Valdinei quem confecciona os figurinos e os adereços de plástico chamados de peixeplasco. Para cada fruto do mar que criou, ele deu um nome diferente, fazendo referência aos objetos que encontra na beira do mar.
– Algumas pessoas costumam jogar lixo no mar, e a única coisa que o Chico pesca são sandálias, tampinhas e camisinhas – disse Benta.
Além de conscientizar, eles pedem para os banhistas passarem adiante as informações do teatro.
– Tem gente que é malcriada. Mas se vocês falarem três, quatro vezes, a pessoa vai ficar com vergonha – reforça Benta aos visitantes.
Escolas e associações podem solicitar a apresentação do Chico e da Benta, no telefone: (48) 3338-0021.
Sem peixe não dá pesca
Na história, Chico e Benta são um casal de pescadores do “Pântano do Sule”, como falam. Benta, a mulher dedicada, parou de fazer renda para ajudar o marido a conversar com as pessoas na praia e pedir para elas não jogarem lixo na areia e no mar.
A iniciativa dos personagens surgiu porque, com a poluição, Chico não tinha mais peixe para pescar, só lixo.
Para incrementar a brincadeira de conscientização, eles carregam, em uma bolsa, redes de pesca, tarrafas e os peixeplasco. Com os objetos, fazem uma encenação mostrando que, ao invés de peixes frescos, o que sai do mar é somente plástico, deixado na praia pelos banhistas.
– Não dá para comer peixeplasco, gasta o dente. Por isso, ganhei este presente de Natal do Chico – diz Benta, mostrando duas dentaduras e arrancando gargalhadas dos argentinos.
Com a poluição, os únicos peixes que Chico encontra no mar são os peixeplasco. Eles representam o lixo encontrado nas praias de Florianópolis. Conheça as “espécies” criada para a peça:
- berbitampa (tampas de garrafas pet)
- peixedalia (sandália)
- siritampa (tampas de garrafa pet)
- peixeluz (lâmpada)
- peixecinto (cinto)
- peixesinha (camisinhas)
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FONTE : Diário Catarinense, edição de 16/02/2011.
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