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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Energia-Europa: Moinhos de vento unidos

Embora os governos europeus não tenham contribuído para se chegar a um tratado internacional contra a mudança climática na cúpula de dezembro em Copenhague, suas indústrias mostram grande interesse em oportunidades de negócios com energias renováveis. Os projetos para melhorar a pegada ambiental do setor energético europeu, e para ajudar a reduzir as emissões de gases-estufa no continente, incluem a criação de uma rede que administraria de forma inteligente a energia gerada pelas numerosas fazendas eólicas sobre as águas do Atlântico Norte e Mar do Norte.

Delegados da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Grã-Bretanha, Holanda, Irlanda Luxemburgo, Noruega e Suécia reuniram-se em dezembro para começar a desenhar a nova rede. Em um segundo encontro, no dia 9, os representantes estarão na capital alemã com executivos dos principais operadores de energia, para criar um grupo de coordenação internacional que esteja pronto para iniciar a construção em 2011. Espera-se que a nova rede esteja pronta e funcionando em 2020, ao custo de 30 bilhões de euros (US$ 43 bilhões).

O novo ministro da Economia da Alemanha, Rainer Bruederle, confirmou os planos em entrevista coletiva no mês passado. “A Alemanha e outras nações europeias têm ambiciosos planos de construção de mais moinhos de vento no mar e, portanto, a coordenação internacional de redes elétricas nacionais é de importância estratégica”, disse. “Queremos lançar uma revisão fundamental de todo o setor energético europeu”, disse Bruederle.

A nova rede, estendida ao longo de metade do continente e sob o mar, conectará os moinhos de vento e as usinas de energia termal solar, além de administrar as oscilações no fornecimento de eletricidade de outras fontes renováveis, altamente dependentes das condições climáticas. Também vinculadas com a rede, capaz de armazenar durante os períodos de pico, haverá estações de energia hidrelétrica, a maioria nos países escandinavos. A criação desta rede era insistentemente exigida por especialistas em eletricidade e ambientalistas.

Sven Teske, encarregado de energias renováveis no escritório alemão da organização Greenpeace, disse à IPS que “as atuais redes europeias não são capazes de absorver, e menos ainda de administrar, a formidável quantidade de eletricidade gerada pelo crescente número de moinhos de vento no mar e usinas de energia solar”. Do mesmo modo, a Associação Europeia de Energia Eólica exortou, em 2009, os governos a construírem uma nova rede coordenada internacionalmente. As atuais redes europeias apresentam vários problemas. Algumas estão restritas em nível nacional e outras carecem de capacidade para administrar o fornecimento das fontes renováveis.

Dorthe Vinther, vice-presidente da Energinet, empresa pública independente, administradora da principal rede de eletricidade e gás natural da Dinamarca, disse à IPS que esta não é “suficientemente inteligente para coordenar de forma flexível o fornecimento e a demanda, e para compensar as flutuações causadas pelo clima, tão típicas das energias solar e eólica”.

“A rede deve ser capaz de armazenar eletricidade em fases de maior fornecimento de energia e distribuí-la nos períodos de fornecimento escasso, para atender de forma constante a demanda básica”, disse Vinther. A rede – acrescentou – também poderia oferecer um modelo para a criação de futuras conexões internacionais de fontes renováveis de energia, especialmente de moinhos de vento. “A integração em grande escala de energia eólica exige uma forte rede de transmissão internacional e mercados de eletricidade internacional eficientes para comercializar e equilibrar a energia em uma área geográfica ampla”, explicou à IPS.

“Para esses projetos internacionais também precisamos de coerentes sistemas de energia, para incrementar a flexibilidade e a eficiência econômica, bem como reduzir o impacto ambiental”, destacou Vinther. “Precisamos de redes inteligentes”. As redes inteligentes do futuro usarão tecnologia digital para acompanhar de perto o fornecimento de eletricidade enquanto controlam a demanda do consumidor, a fim de economizar, reduzir custos e aumentar a segurança do abastecimento.

Outro projeto sobre energias renováveis, na Grã-Bretanha, que começará em 2013, inclui a construção de uma colossal fazenda eólica que estará pronta até 2020 e atenderá 25% da eletricidade consumida no país. A fazenda terá mais de 6.400 turbinas distribuídas em todo o Atlântico Norte. A gigante da engenharia alemã, Siemens, ganhou o contrato para o projeto, no valor de 110 bilhões de euros (US$ 160 bilhões).
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FONTE : Julio Godoy, da IPS (IPS/Envolverde)

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