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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Mancha de poluição no Tietê recua 11,5%

Apesar da redução, poluição se mantém acima dos níveis pré-crise hídrica
Por Redação do SOS Mata Atlântica –
Entre agosto de 2015 e julho de 2016, o trecho considerado “morto” do Rio Tietê teve uma diminuição de 11,5% e recuou para 137 quilômetros, de acordo com resultados do último monitoramento do projeto Observando o Tietê, divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica nesta quinta-feira (22), quando se comemora o Dia do Tietê. A mancha anaeróbica, na qual o índice de qualidade da água varia entre ruim e péssimo, foi reduzida em 17,7 quilômetros e está atualmente localizada entre os municípios de Itaquaquecetuba e Cabreúva.
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Os resultados do monitoramento realizado nos rios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê são obtidos com a análise de 302 pontos de coleta distribuídos em 50 municípios de três regiões hidrográficas (Alto Tietê, Médio Tietê – Sorocaba e Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e em 94 corpos d’água. Estas coletas são realizadas por meio de kits fornecidos a voluntários do projeto Observando o Tietê , da Fundação SOS Mata Atlântica, que reúne cidadãos e grupos para o monitoramento da qualidade da água de centenas de rios da Bacia do Tietê.
Os Índices da Qualidade da Água (IQA) aferidos no rio Tietê mostram uma leve tendência de melhoria na qualidade da água em razão das chuvas em São Paulo, que reabasteceram os reservatórios e contribuíram para a recuperação da vazão dos rios, ampliando a capacidade de diluição dos remanescentes de esgoto e poluição. Mesmo assim, há pouco a se comemorar: Em 2014, antes do longo período de estiagem no Estado, a mancha de poluição ocupava somente 71 quilômetros, entre os municípios de Guarulhos e Pirapora do Bom Jesus. Em 2015, com a falta de chuvas e diminuição no ritmo de obras de coleta e tratamento de esgoto na Região Metropolitana de São Paulo, a mancha saltou 54%, chegando a 154,7 quilômetros. Dos 302 pontos de coleta de água analisados em toda a extensão do Tietê, entre 2015 e 2016, 30 deles registraram qualidade de água boa, 115 regular, 101 ruim e 56 obtiveram índice péssimo.
“Podemos ter saído da situação extrema da crise hídrica em termos de quantidade de água disponível, mas não em relação à qualidade. As chuvas do último período contribuíram para uma leve diminuição da mancha anaeróbica no rio Tietê, mas retornar ao nível pré-crise será impossível sem uma ação integrada do Estado, envolvendo Cetesb, Sabesp, DAEE, EMAE e municípios da bacia hidrográfica”, afirma Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica. “Para enfrentar os desafios trazidos pelas mudanças climáticas, apenas coletar e tratar o esgoto dos rios metropolitanos não vai resolver. Será preciso medidas mais abrangentes, como investimentos em restauração florestal, aperfeiçoamento e mudança na legislação que hoje permite que rios sejam usados apenas para diluir esgoto”.
O fim destes “rios mortos” no Brasil – os chamados rios de classe 4 – que recebem na grande maioria esgotos sem tratamento algum, é uma das principais bandeiras da campanha “Saneamento Já”, assim como a universalização do saneamento básico e a luta por água limpa nos rios e praias brasileiras. A campanha é uma soma de esforços de mais de 40 organizações, incluindo a SOS Mata Atlântica, o Instituto Trata Brasil e a Campanha Ecumênica da Fraternidade – que em 2016 elegeu como tema principal o direito ao saneamento básico. A petição está disponível para assinaturas no sitewww.saneamentoja.org.br.
Dados e gráficos

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A análise comparativa que aponta a evolução dos indicadores obtidos em 53 pontos de coleta, nos anos de 2014, 2015 e 2016, não apresenta variações significativas. O aumento no volume de chuvas trouxe pouca contribuição para a dispersão de poluentes nos corpos d’água urbanos. A tendência registrada nas coletas realizadas em dias chuvosos foi de comprometimento da qualidade da água por conta de cargas difusas de poluição.

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Para as análises comparativas deste ciclo com os anteriores, de 2010, 2014 e 2015, foram consideradas as médias dos indicadores de 36 pontos de coleta, que reúnem dados da série histórica de monitoramento. Os dados para esse intervalo apontam impacto positivo, com leve tendência de recuperação nos pontos de coleta com condições de usos múltiplos (boa e regular) em 2016, em relação aos anos de 2014 e 2015, quando as vazões dos rios estavam comprometidas por estiagem intensa. Porém, em relação a 2010, marco zero deste estudo, os resultados revelam que a condição dos rios monitorados piorou, com aumento nos índices de qualidade ruim e agravamento da indisponibilidade de água para usos múltiplos.
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Confira os mapas:

Seminário e intervenções
A SOS Mata Atlântica promove neste dia 22 de setembro intervenções urbanas e performances para chamar atenção da sociedade e das autoridades para o saneamento.
As atividades da Semana do Tietê se encerram com o Seminário Internacional de Recuperação de Rios Metropolitanos, que discutirá propostas e tecnologias utilizadas em projetos exitosos executados em Portugal, Uruguai e Alemanha, além de ações locais e nacionais trazidas por especialistas convidados do Instituto Trata Brasil e Águas Claras do Rio Pinheiros. O encontro fará também um balanço do que já foi realizado pela despoluição do principal rio de São Paulo e discutirá as metas futuras apresentadas pelos executores do Projeto Tietê – Sabesp e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O Seminário Tietê Vivo acontecerá no dia 29 de setembro, às 14h, no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Mais informações neste link.
Histórico e metodologia do monitoramento
No início do Projeto de Despoluição, em 1993, a mancha de poluição no Tietê se estendia por um trecho de 530 km, de Mogi das Cruzes até o reservatório de Barra Bonita. No fim de 2010, ao término da segunda etapa do Projeto Tietê, adotada como marco zero para o monitoramento das etapas atual e futuras, o trecho de rio morto compreendia uma extensão de 243 km, de Suzano até Porto Feliz.
Após 25 anos de mobilização pela recuperação do Tietê, os indicadores medidos pela sociedade apontam resultados positivos, mesmo que ainda tímidos. Para os especialistas da SOS Mata Atlântica, se os investimentos na recuperação do rio permanecerem neste ritmo, serão necessárias pelo menos mais duas décadas para que a bacia apresente condição ambiental satisfatória e boa qualidade e disponibilidade hídrica.
Os Indicadores de Qualidade da Água (IQA) e as análises são elaborados com base na metodologia de monitoramento por percepção da qualidade da água especialmente elaborada para a SOS Mata Atlântica por especialistas da área de saúde pública, com o objetivo de manter a sociedade engajada nas ações e no acompanhamento das etapas e metas do Projeto de Despoluição do Rio Tietê. O IQA, adaptado do índice desenvolvido pela National Sanitation Foundation dos Estados Unidos, é utilizado pela Cetesb desde 1974 para apontar a condição ambiental das águas doces superficiais no Estado de São Paulo.
O IQA é obtido por meio da soma de parâmetros físicos, químicos e biológicos. A totalização dos indicadores resulta na classificação da qualidade da água, em uma escala que varia entre: ótima, boa, regular, ruim e péssima. Para a medição dos parâmetros definidos no IQA, a SOS Mata Atlântica desenvolveu um kit de análise que utiliza reagentes colorimétricos e um sistema de dados georeferenciados, online, que totaliza e disponibiliza o índice apurado por grupos de monitoramento em tempo real.
As coletas de água com os kits são realizadas mensalmente pelos voluntários e classificadas de acordo com o guia de avaliação, utilizando 16 parâmetros de percepção: temperatura da água, temperatura do ambiente, turbidez, espumas, lixo flutuante, odor, material sedimentável, peixes, larvas e vermes vermelhos, larvas e vermes brancos, coliformes totais, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, pH, fosfato e nitrato. (SOS Mata Atlântica/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site SOS Mata Atlântica.

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