30 de setembro de 2016 - Políticas mundiais para aproveitar o sistema financeiro global para o desenvolvimento sustentável mais do que duplicaram nos últimos cinco anos, mas ainda são necessários mais esforços para tornar este impulso em uma transformação global genuína. Estas são as principais conclusões da segunda edição do relatório ambiental "O Sistema Financeiro Que Precisamos" , do Programa Ambiental da ONU.
Nos últimos cinco anos, as medidas políticas e reguladoras dos ministérios da fazenda, bancos centrais e agentes reguladores financeiros para promover o financiamento sustentável subiram para 217 e agora existem em quase 60 países, segundo o relatório.
Economias em desenvolvimento e emergentes têm focado seus esforços no esverdeamento do setor bancário, sendo responsáveis por 70% das medidas totais nesse setor. Os países desenvolvidos têm centrado sua ação em questões ambientais, sociais e de governança por parte dos investidores institucionais, sendo responsáveis por 92% de todas as medidas nesse setor.
O relatório constata que o capital também está começando a mudar. A emissão de títulos verdes já atingiu US$ 51,4 bilhões este ano, mais que o total de US$ 41,8 bilhões do ano passado todo - um aumento de quatro vezes desde 2013, quando a emissão foi abaixo de US$ 11 bilhões. No entanto, o montante total de títulos verdes representa apenas 0,15% do mercado global de renda fixa.
"Estamos apresentando recomendações para acelerar a conversão de grande parte dos US$ 300 trilhões em ativos do sistema financeiro - controlados por bancos, mercados de capitais e investidores institucionais - em fluxos financeiros sustentáveis", declarou Erik Solheim, head do PNUMA. "O dinheiro não é o problema, o problema é onde colocá-lo."
O ano de 2016 também foi marcado por grandes movimentos em nível internacional:
• Pela primeira vez, os Ministros das Finanças e Presidentes dos Bancos Centrais do G20 decidiram aumentar o financiamento verde.
• Na China, o presidente Xi eo Conselho de Estado emitiram diretrizes para esverdear o sistema financeiro.
• A Comissão Europeia acaba de anunciar que irá desenvolver uma estratégia abrangente sobre finanças verde para a União Europeia.
E no Brasil:
• A partir de Dezembro de 2017, as instituições financeiras serão obrigadas a dar crédito agrícola apenas a donos de terras cujas propriedades sejam registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
• O Banco Central do Brasil estabeleceu diretrizes exigindo que todas as instituições financeiras estabeleçam políticas de responsabilidade social e ambiental, e está mapeando a implementação de políticas em todo o setor.
Apesar da tendência promissora, a agência de Meio Ambiente da ONU enfatizou a necessidade de uma ação mais forte e mais rápida. Globalmente, são necessários US$ 5-7 trilhões por ano para financiar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Só a China tem um objetivo declarado de aumentar US$ 1,5 trilhão para o financiamento de projetos verdes até 2020; 85% deste terão de vir de financiamento privado.
A agência de Meio Ambiente da ONU estabeleceu cinco propostas ambiciosas e, ao mesmo tempo, práticas que poderiam alinhar o sistema financeiro aos imperativos do clima e do desenvolvimento sustentável:
• Incorporar a sustentabilidade nos planos nacionais de longo prazo para a reforma financeira.
• Canalizar o desenvolvimentos das fintechs para alinhar financiamento com o desenvolvimento sustentável.
• Usar as finanças públicas para gerar impacto direto e ser pioneiro em novos mercados, regras e práticas.
• Assegurar que os formuladores de políticas e profissionais compreendam estes imperativos e seus riscos.
• Desenvolver abordagens comuns para a integração da sustentabilidade nas definições, ferramentas e padrões.
O relatório Momentum para a Transformação também estabelece um quadro inicial de desempenho para medir o progresso no sentido de um sistema financeiro sustentável em diferentes países. Este acompanha as políticas e regulamentos em vigor, a resposta do mercado e os fluxos de financiamento sustentável.
Nick Robins, co-diretor da plataforma Inquiry into the Design of a Sustainable Financial System do PNUMA explica a importância deste trabalho: "Ainda faltam dados-chave sobre o desempenho do sistema financeiro e do desenvolvimento sustentável. Isto está retardando a realocação de capital pelas instituições financeiras e a colocação em prática das estruturas de mercado necessárias por parte dos formuladores de políticas financeiras. É por isso que o desenvolvimento de um conjunto de indicadores e normas comuns é tão importante."
O relatório também presta atenção específica à tecnologia financeira (FinTech), que oferece um potencial significativo para incrementar o financiamento para o desenvolvimento sustentável. Através de avanços em tecnologias digitais - tais como inteligência artificial e blockchain - o sistema financeiro de amanhã poderá ser muito mais eficiente na mobilização de financiamento verde, mas faz-se necessário agir agora para moldar a direção das FinTechs.
Simon Zadek, co-diretor de inquiry, destacou: "A sobreposição entre ambiente e finanças é mais evidente do que nunca. As soluções que as fintechs prometem não só poderiam revolucionar o setor financeiro, como também reforçar os esforços globais para proteger o nosso meio ambiente. "
NOTAS AOS EDITORES
Para entrevistas com os autores, favor contatar:
Marc Lopatin, líder de comunicações, Pesquisa de Meio Ambiente das Nações Unidas para a Concepção de um Sistema Financeiro Sustentável +44 (0) 7739 186640, marc.lopatin@unep.org
UNEP Newsdesk (Nairobi), +254 715 876 185, unepnewsdesk@unep.org
Sobre Inquiry into the Design of a Sustainable Financial System do PNUMA:
Trata-se da primeira plataforma internacional do para o avanço dos esforços nacionais e internacionais para mudar os trilhões necessários para alcançarmos uma economia inclusiva, verde, através da transformação do sistema financeiro global. Desde o lançamento em 2014, a Inquiry tem trabalhado com mais de vinte países nos processos nacionais, publicou cerca de 90 relatórios e documentos de trabalho e serve como a Secretaria do Grupo de Estudos de Fiananças Verdes da G20. Seu relatório de 2015 "O Sistema Financeiro Que Precisamos" revelou pela primeira vez que a "revolução silenciosa" já em curso, liderada principalmente por parte de alguns países em desenvolvimento, e seu potencial para renovar o propósito do sistema financeiro no contexto do desenvolvimento sustentável.
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