21 de julho de 2015
Por Augusta Scheer (da Redação da ANDA)
A grande maioria das pessoas acha que peixes são seres pouco inteligentes e incapazes de sentir dor da mesma maneira que os mamíferos. Esse raciocínio leva à indiferença diante dos bilhões de peixes capturados e mortos todos os anos para alimentação. As informações são do site Care2.
Um estudo recente do comportamento dos peixes, realizado por uma equipe de biólogos marinhos, mostrou de uma vez por todas que esses animais são seres bastante espertos. Listamos cinco dentre os comportamentos interessantes que foram documentados:
1- Cooperação mútua
Há numerosos exemplos de cooperação mútua no reino animal. Os grandes recifes, por exemplo, são um complexo de diversas atividades, envolvendo milhares de diferentes espécies marinhas, muitas das quais aprendem a cooperar umas com as outras para benefício mútuo.
Um sistema bastante impressionante é o dos chamados “postos de limpeza”, onde peixes maiores se colocam e esperam que os peixes “faxineiros” menores comam seus incômodos parasitas. Ambos saem ganhando: o peixe faxineiro ganha mais comida, e os peixes maiores ficam livres de parasitas.
2- Trapaceando o sistema
A complexidade observada nesses postos de limpeza é impressionante. Os pesquisadores observaram o comportamento dos peixes “faxineiros”, que se adaptam e administram o numero de “clientes”, conforme passam pelos postos.
Na verdade, esses animais preferem o gosto do nutritivo muco que recobre a pele dos peixes que limpam, e ocasionalmente se arriscam a morder os “clientes”. Se houver muitos faxineiros a postos, os clientes abandonam peixes que derem essas mordidas indesejadas. Se o serviço de faxina estiver escasso, os peixes maiores toleram mais mordidas do que o normal.
Esses peixes faxineiros aprenderam que podem trapacear o sistema, pegando mais mordidas do muco, dependendo de quantos clientes em potencial ou peixes faxineiros estão por perto.
3- Parceiros de caça
Pesquisadores já observaram diversas parcerias de caça, como a dupla formada pelos predadores garoupa e moreia. Normalmente, espera-se que esses animais compitam entre si, mas as espécies desenvolveram um sistema que é mutuamente benéfico.
Um dos animais nada até o recife, espantando as presas até o campo aberto, ou até uma passagem fechada, tornando-as alvos fáceis para todos.
4- Linguagem corporal
Os peixes caçadores usam uma linguagem corporal sofisticada para sincronizar seus ataques. Um aceno de cabeça costuma ser o sinal definitivo para ação.
Esse tipo complexo de comunicação não é exclusivo dos peixes encontrados em recifes, já foi constatado em populações ao redor do mundo. Entre atuns, por exemplo, essa linguagem é bastante desenvolvida (eles nadam em círculos para confundir predadores, por exemplo).
5- Identificação de oportunidades
Uma das descobertas mais impressionantes do estudo foram as sofisticadas habilidades de processamento cognitivo dos peixes faxineiros. Segundo o pesquisador Redouan Bshary, elas seriam superiores às de primatas.
Um teste foi conduzido com esses animais, em que dois pratos de comida eram colocados: um permaneceria no mesmo lugar, o outro seria removido depois de um curto período. Os peixes tinham que compreender que deviam comer primeiro do prato que seria retirado.
Os peixes faxineiros se saíram muito bem, e demonstraram sua percepção excelente ao aprender rapidamente que tinham de comer do prato que seria retirado, antes de se dirigir ao prato permanente. Os resultados positivos se repetiram em todas as variações do teste.
Primatas que fizeram o mesmo teste demoraram muito tempo para se adaptar ao sistema.
Olhar o mundo com outros olhos
Como seres humanos, nossa visão de mundo é muito autocentrada. Julgamos todas as outras espécies com base na nossa percepção delas. Para desenvolvermos uma sociedade mais solidária, temos que aprender a entender e respeitar cada animal pelo que ele é.
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