30 de julho de 2015
Dois homens acusados de participar da caçada e da morte de Cecil, o leão mais famoso do Zimbábue, compareceram a um tribunal do país africano nessa quarta-feira (29), onde responderão por caça.
O caçador profissional Theo Bronkhorst e o fazendeiro Honest Ndlovuum podem pegar até 15 anos de prisão no Zimbábue caso sejam condenados.
O dentista norte-americano, Walter Palmer, também acusado de estar envolvido na morte de Cecil, poderá responder pelo mesmo crime.
Apesar de declarar ‘desconhecimento’ sobre a área de caça , o dentista já respondeu por crimes similares nos Estados Unidos.
Em 2006, ele foi condenado a pagar uma multa de US$ 3 mil após ter matado um urso-negro no Estado de Wisconsin.
Palmer havia caçado o animal fora de uma região autorizada e chegou a alegar que tinha matado o urso em outra região.
Palmer havia caçado o animal fora de uma região autorizada e chegou a alegar que tinha matado o urso em outra região.
Outros registros no Conselho de Odontologia de Minnesota dão conta de que Palmer já foi acusado de assédio sexual no passado. Sua recepcionista alegou que ele fez ‘comentários indecentes’ para ela em 2006. O dentista não admitiu o crime, mas concordou em pagar a ela mais de US$ 127 mil.
Walter Palmer também tinha um histórico de caça a grandes animais e costumava publicar fotos deles mortos no Facebook, exibindo-os como troféus. Em uma delas, ele posa ao lado de um colega com um leão morto após um dia de caça.
Caso
Segundo ambientalistas do Zimbábue, o dentista pagou US$ 50 mil (cerca de R$ 170 mil) para matar o leão mais famoso do país.
De acordo com a Força de Preservação do Zimbábue (ZCTF, na sigla em inglês), Palmer alvejou o animal com flechas lançadas por uma besta e um rifle.
Em declaração divulgada na terça, Palmer admitiu participação na caçada, mas disse que pensava que tudo estava legalizado.
O leão, chamado Cecil, foi depois degolado e teve a pele arrancada, segundo a ZCTF.
Palmer afirma ter pensado que “tudo estava legal e devidamente gerenciado” e disse que confiou na experiência de guias profissionais para “garantir uma caça legal”.
“Eu não tinha ideia até o final da caçada que o leão que matei era conhecido e estimado localmente e que usava um colar como parte de um estudo”, afirma.
Reação furiosa
O consultório de Palmer estava fechado na terça-feira, e um aviso na porta direcionava os visitantes a uma empresa de relações públicas, segundo a imprensa local. A página do dentista no Facebook foi apagada após ser alvo de comentários raivosos, e o site do consultório também saiu do ar.
Ainda assim, outras páginas surgiram nas redes sociais para condenar a atitude do dentista. Um grupo público no Facebook com mais de 500 membros foi criado com o nome “Walter Palmer deveria ser processado” e tem comentários de pessoas indignadas com o ocorrido.
O Zimbábue, como muitos países africanos, luta para coibir a caça que ameaça a vida selvagem da região. O leão Cecil, de 13 anos, era uma grande atração turística do parque nacional Hwange, o principal do país.
Estima-se que ele tenha sido morto no último dia 1º, mas o corpo só foi descoberto dias depois.
A ZCTF afirmou que o grupo usou iscas para atrair o leão para fora do parque, durante uma perseguição noturna. Palmer teria atingido Cecil com flechas, ferindo o animal. O grupo só teria encontrado o animal 40 horas depois, quando Cecil foi morto com disparo de arma de fogo.
O felino tinha um colar GPS como parte de um projeto de pesquisa da Universidade de Oxford, que permitia mapear sua movimentação. Os caçadores tentaram destruir o aparelho, sem sucesso, segundo a ZCTF.
Na última segunda-feira, o chefe da ZCTF afirmou à BBC que Cecil “nunca incomodou ninguém”.
“Ele era um dos animais mais belos de se observar”, disse Johnny Rodrigues.
Os seis filhotes de Cecil agora deverão ser mortos pelo novo macho do grupo, disse Rodrigues, para estimular as fêmeas a cruzar com ele.
“Isso é como a coisa funciona na natureza selvagem. É a natureza seguindo seu curso”, afirmou.
Fonte: G1
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