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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O legado, o impeachment e as mudanças climáticas

Ouriço-lápis-vermelho na Reserva Marinha de Papahanaumokuakea, no Havaí Foto: James Watt
Ouriço-lápis-vermelho na Reserva Marinha de Papahanaumokuakea, no Havaí. Foto: James Watt
A edição de agosto de 2016 da Eco21, uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, traz excelentes textos. Veja o editorial e o índice!
Por Lúcia Chayb e René Capriles –
As mudanças climáticas são implacáveis para com a fauna, a flora e os seres humanos. A história dos eventos extremos, a partir da antiguidade, registra a extinção maciça de animais e, mais recentemente, de sociedades organizadas. Um exemplo clássico são os maias que, no primeiro século de nossa Era, quase sucumbiram pela falta de uma boa gestão da água, assim como os assírios, pouco antes de Cristo; algo similar aconteceu com outras sociedades, como a chinesa.
Pulando no tempo, há exemplos socioambientais na Europa. Em 1789 a inclemência do clima na França motivou a revolta dos camponeses que sofriam com a seca e a falta de comida gerando assim a Revolução Francesa. Hoje o perigo é maior ainda. Já estão desaparecendo países-ilhas no Pacífico e, em algumas décadas, se não adotarmos medidas radicais para controlar o aquecimento global, inúmeras metrópoles e terras baixas ficarão sob as águas dos oceanos.
Felizmente há uma crescente consciência do problema climático e iniciativas como as do Presidente Obama, que deixa como principal legado o tombamento de uma área do Oceano Pacífico do tamanho do Estado do Amazonas e a Lei do Ar Limpo. Soma-se a isso, a diplomacia ao ter articulado com os chineses a assinatura do Acordo de Paris. Durante seus 7 anos e meio no cargo, Obama promulgou leis que afetam a economia dos EUA ao exigir o corte das emissões de CO2, desde nos carros até nas usinas de carvão. Em plena campanha eleitoral, agora a maioria dos estadunidenses entendem que a mudança climática é real.
As sociedades não se desestabilizam somente pelo clima, mas também a corrupção faz estragos que levam à queda de governos consolidados como o da União Soviética, que acabou não por uma perestroika ética, mas econômica. O Partido Comunista ruiu entre outras razões pela enorme despesa gerada na corrida espacial e pela manutenção da estação espacial MIR, que custou bilhões de rublos. Só um acordo internacional como o da ISS pode manter um programa espacial semelhante em funcionamento.
Já no Brasil, a corrupção derrubou uma estrutura de poder consolidada durante 14 anos dos governos do PT. Fora da quase falência da Petrobras, a disponibilização de um alto volume de crédito para a agricultura (R$ 202 bilhões destinados ao Plano Safra) foi o estopim para gerar uma denúncia por crime de responsabilidade que levou à queda da Presidenta Dilma Rousseff.
O legado ambiental que deixa a era PT não é nada animador. O famigerado novo Código Florestal, a questionada obra de transposição das águas do Rio São Francisco, o projeto de sete usinas nucleares, os discutíveis investimentos das usinas hidroelétricas de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, as oscilações no controle do desmatamento, a falta de rigor fiscalizador no setor minerário, fato que levou ao maior desastre ambiental mundial ao poluir o Rio Doce devido ao rompimento da barragem de Mariana.
Fora das ações do Executivo, tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal anunciam preocupantes ações legislativas como o novo Código Minerário e o enfraquecimento do Licenciamento Ambiental para obras de impacto nos diversos biomas. A isso se soma a destruição do Cerrado, que foi convertido num sério candidato à desertificação, fato que levará à falta de água na maior parte do Brasil, tudo para plantar soja transgênica e favorecer as Monsanto da vida. Também o descontrole do uso de agrotóxicos proibidos gerará graves problemas na saúde pública.
É bom lembrar que a corrupção é um mal maior que derrubou governos de países como Itália, Espanha, Portugal e Grécia. Ainda há tempo de corrigir o rumo. O primeiro passo pode ser dado nas eleições municipais elegendo vereadores e prefeitos identificados com os valores da ética e do respeito para com o futuro das cidades e dos cidadãos.
Índice
04 René Capriles – Obama cria a maior área marinha protegida do mundo
06 Mauro Arbex – Ambientalistas manterão pressão ao Governo Temer
07 Tasso Azevedo – Ratificar o Acordo de Paris
08 LyndalRowlands – ONU debate melhor gestão dos recursos do alto mar
10 Ricardo Abramovay – Desperdício e destruição na era dos plásticos
12 MarianaKaipperCeratti – Vamos mesmo precisar de dois novos Planetas?
14 Sergio C. Trindade – Mudança climática ameaça o agronegócio brasileiro
16 Lúcia Chayb – Entrevista com Nelton Friedrich
20 Ana Maria Almeida – Muitas espécies de plantas estão a caminho da extinção
22 Camila Faria – Diversidade faz Amazônia resistir ao clima
24 José Monserrat Filho – O espaço do ser humano
28 BaherKamal – Os direitos indígenas e o clima
30 Victoria TauliCorpuz – Os desafios dos povos indígenas são enormes no Brasil
36 Cimone Barros – O licenciamento ambiental no Brasil está ameaçado
38 Tim Radford – A história ensina o que é a força destrutiva da seca
39 Álvaro R. dos Santos – O Código Florestal ignora a geologia das nascentes
42 Denise David – COP-22: meta de prédios com energia própria até 2050
43 Leandro Duarte – A eólica precisa do governo para se expandir no Brasil
44 Washington Novaes – O primo pobre pede socorro
46 Vandana Shiva – Monsanto desafia a Índia
48 Júlio Ottoboni – Analfabetismo ambiental
49 Guilherme Afif Domingos – O compromisso do Sebrae com a sustentabilidade
50 Elisa Oswaldo-Cruz – Jornal científico homenageia o acadêmico Liu Hsu
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