Foto: http://www.shutterstock.com/
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Em 2015 acaba o prazo definido para as metas dos Objetivos do Milênio – ODM, e, em continuidade, deverão entrar em vigor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS. Deve ser ressaltado que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS, que estão se apresentando como 17 e 169 metas, ainda estão em discussão, por essa razão, as opiniões de todos os segmentos da comunidade global, incluindo as crianças e adolescentes são importantes e deverão ser ouvidas e incluídas. Relembrando que o desenvolvimento sustentável é aquele que permite melhorar as condições de vida no presente, sem que sejam comprometidos os recursos das futuras gerações.
A proposta dos 189 países que compõem a Organização das Nações Unidas – ONU é atingir os seguintes Objetivos do Desenvolvimento Sustentável de 2015 a 2030: 1 – Acabar com a pobreza, 2 – Acabar com a fome, 3 – Vida saudável, 4 – Educação de qualidade, 5 – Igualdade de gênero, 6 – Água e saneamento básico para todos, 7 – Energia moderna e duradoura, 8 – Trabalho digno, 9 – Tecnologia em benefício de todos, 10 – Reduzir a desigualdade, 11 – Cidades adequadas para viver, 12 – Consumo responsável, 13 – Frear as mudanças climáticas, 14 – Proteger o mar, 15 – Cuidar da terra, 16 – Viver em paz, 17 – Conseguir novas parcerias.
Sam Kahamba Kutesa, presidente da Assembleia Geral da ONU, na abertura da 69ª sessão, disse que “esta é uma oportunidade histórica de formular uma agenda de desenvolvimento pós-2015 que seja transformativa, que traga resultados tangíveis na luta contra a pobreza e que conduza à melhoria de vida de todos as pessoas sem excessão”, trabalho em progresso nos últimos anos que culminará na Assembleia Geral de setembro de 2015.
A Conferência Mundial de Juventude de 2014, que aconteceu recentemente no Sri Lanka, foi bem articulada, tendo de lá saído a Carta Colombo, a qual também é conhecida como Plano de Ação Colombo, resultando no compromisso e consenso entre ONU, governos e jovens, com recomendações da juventude na agenda pós-2015, contendo suas demandas, anseios e desejos para que tenha a participação dos jovens em todos os níveis e agendas globais que dialoguem com as prioridades dos jovens de todo o mundo.
O propósito de termos feito a exposição acima, é para mostrar que todos querem ser partícipes tanto nas decisões, no advocacy, quanto na implementação, no protagonismo. É assim a participação do VOLUNTARIADO, tanto em nível nacional quanto internacional. O reconhecimento da ONU é importantíssimo pois, segundo Helen Clark, administradora do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP – United Nations Development Program), há elos muito fortes entre o voluntariado, o desenvolvimento humano e a paz. O voluntariado deixou de ser considerado como um fator secundário e passou a ser reconhecido como o caminho principal, para a solução de muitas mazelas das comunidades.
Até algumas décadas atrás o voluntariado era visto como uma ação apenas de pessoas com boas condições financeiras e ou pessoas boazinhas. Atualmente, tanto no Brasil, com 25% de sua população se dedicando ao voluntariado, quanto no mundo, o voluntariado é entendido como exercício de cidadania. São cidadãos preocupados com as necessidades de suas comunidades e que compreendem que é preciso haver a união entre governo, empresas e sociedade civil para o apoio à busca das soluções dos problemas sociais.
O conceito de voluntariado, em qualquer parte do mundo, diz que é uma ação realizada sem expectativas de recompensa financeira. Que ela, sem dúvida alguma, produz benefícios tangíveis e intangíveis não apenas para os beneficiários, mas também para os voluntários. E, principalmente deve ser realizado por vontade própria. No Brasil, o voluntariado já fez a transição, da cultura do “o que eu ganho com isso”? para a cultura “em que eu posso ajudar”?
O voluntariado no Brasil está provando que não importa classes sociais, não importa ideologias. Que ele é sincero e livre, quando nós nos unimos e nos dedicamos ao outro. Quando colocamos como propósito máximo, a essência humana. Pois o nosso desenvolvimento só acontece através do desenvolvimento do outro. O conceito de RSI – Responsabilidade Social Individual, nos mostra que é muito importante criarmos um capital social em nosso país porque “trabalhar os valores internos, faz despertar na pessoa o seu verdadeiro valor, o que a torna mais ativa e socialmente transformadora do mundo ao seu redor”. Valores, sabemos,passam pela ética, pela moral, pela idoneidade, pelo respeito em todos os sentidos e pelos nossos direitos e deveres de cidadania.
Vejam o depoimento forte de uma aluna de 14 anos: “Eu vi que a ONG Parceiros Voluntários reúne adolescentes na ação AS TRIBOS NAS TRILHAS DE CIDADANIA, para aprender a cuidar do mundo, para termos no futuro um mundo melhor. Que temos que ter respeito com às pessoas e com as coisas e também temos que correr atrás dos nossos direitos e sonhos, todavia, praticando os nossos DEVERES”.
O agir ou não agir de cada um, segundo o sociólogo Bernardo Toro, é que consolida ou transforma a ordem social em que vivemos. Nos países onde os cidadãos estiverem engajados e trabalhando para vencer seus próprios desafios, o desenvolvimento e a paz serão mais duradouros.
Maria Elena Pereira Johannpeter é presidente (Voluntária) da ONG Parceiros Voluntários e colunista de Plurale.
** Publicado originalmente no site Plurale.
(Plurale)