Operação encontrou 16 onças pintadas mortas, além de carcaças de outros animais e aves em gaiolas; essa foi a maior apreensão já registrada no País
Uma operação na cidade de Curionópolis, sudeste do Pará, desbaratou esquema de caça ilegal e venda de partes de animais silvestres. Cerca de 30 homens do 23º Batalhão da PM, Grupamento Tático Operacional (TGO) e da Policia Rodoviária encontraram numa residência diversos animais abatidos, entre eles, 16 onças pintadas, carcaças e aves em gaiolas, além de armamentos e munições. Segundo o Ibama, essa foi a maior apreensão de felinos caçados desde a criação do órgão.
Em um freezer, havia cinco cabeças de onças pintadas, cinco couros com cabeças de onça pintada e uma de onça preta, 25 patas de felinos, outras partes e carcaças de várias espécies de felinos e de um jacaré e várias espécies de aves nativas mantidas em cativeiro. Segundo a perícia, o caso está ligado a tráfico ilegal de animais silvestres.
Contudo, há prática de caça profissional na região, embora não existam estatísticas oficiais. Os órgãos ambientais e de segurança pública reconhecem que ocorre, também, abate clandestino de animais silvestres, provocado pela caça esportiva ou muitas vezes a mando de fazendeiros para defender seus rebanhos.
Para Frederico Drumond, chefe da Floresta Nacional (Flona) de Carajás, o crime extrapola a caça de subsistência e proteção de animais de fazenda. “A quantidade de animais, os cortes de pele, as carcaças, as cabeças de uma espécie ameaçada de extinção preparadas para a venda mostram que o caso é mais grave. Até porque, no caso de felinos, como a onça pintada, na maior parte do tempo são animais solitários e territorialistas e 16 onças pintadas foram abatidas em um território muito grande, e não em uma pequena área de extensão”, disse ele.
Segundo Drumond, quando um animal como a onça pintada é retirada da natureza dessa forma há um impacto muito negativo, pois é um animal que já tem população reduzida. “Embora exista a fiscalização, a proteção é insuficiente para combater as inúmeras ações de predar os recursos da floresta”, afirmou o chefe da Flona.
Este foi o maior crime contra a fauna já identificado no sudeste do Pará. Algumas áreas das unidades de conservação (UCs) da região de Carajás estão sob constante pressão populacional e rodeados fazendas e pastos, onde há remanescentes de florestas.
Fiscalização
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, afirmou, por meio de nota, que pretende reforçar a fiscalização de crimes de tráfico de animais. “O perigo de extinção da onça pintada aponta, de forma dramática, para a necessidade urgente de aumentarmos, em quantidade e qualidade, a proteção de nossa biodiversidade. O Ministério do Meio Ambiente entende que essa proteção passa, necessariamente, pelo fortalecimento da estrutura de fiscalização do Ibama e do ICMbio”, disse.
De acordo com a Polícia Militar, as buscas foram deflagradas depois que foram encontrados armas ilegais dentro do veículo de um dos suspeitos em uma revista, o que levou a buscas no local dos abates.
Três pessoas foram presas em flagrante. A suspeita é de que elas integram uma quadrilha especializada em tráfico de animais. Duas delas pagaram fiança e foram liberadas na segunda-feira (29). Apenas uma continua presa. Foram apreendidas ainda armas e munições e aplicadas multas que, somadas, chegam a 594 mil. As penas por tráfico de animais variam de seis meses a um ano de prisão e pagamento de multa.
O material de fauna apreendido ficou sob custódia do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e foi periciado pelo Centro de Perícia Científica Renato Chaves, na terça-feira (30). Em seguida, será preservado e liberado para aproveitamento científico em pesquisas e análises genéticas que podem contribuir para o conhecimento de populações de onças no Brasil e para educação ambiental. O Ibama, que conta com um serviço de inteligência, continua à frente das investigações para identificação e punição de outros envolvidos.
Fonte: Portal Brasil, com informações do ICMBio
in EcoDebate, 05/09/2016
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