Por Juan Piva*
Nesta quarta-feira (7), o Brasil comemora sua autonomia política, mas a independência que o país conquistou de Portugal, há 194 anos, não está servindo de exemplo para a educação brasileira, segundo o autor do livro “A Ignorância Custa um Mundo”, Gustavo Ioschpe. Para ele, existe uma doutrinação ideológica que compromete a qualidade do ensino público.
“No dia em que a má qualidade do ensino tirar votos, teremos uma mudança verdadeira no país”, foi com essa frase que o cientista político e economista, de 39 anos, iniciou uma entrevista à Veja em que derruba 12 mitos da educação brasileira. Suas afirmações incisivas – como a de que o Brasil não gasta pouco com educação e de que os professores não ganham mal – são embasadas por uma bagagem acumulada há mais de 17 anos de pesquisas.
Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, Ioschpe ressalta que pais e alunos precisam se unir para cobrar das escolas aulas mais qualificadas. De acordo com o escritor, se houver reclamações de educadores que não estão conseguindo cumprir seus trabalhos satisfatoriamente, a maioria deles haverá de buscar melhorar o seu desempenho e, mesmo se sentindo embaraçados pelas críticas, as utilizarão como impulso positivo.
Mas os problemas educacionais do Brasil têm a mesma causa-raiz, em sua opinião: “quase ninguém se importa com o que acontece em nossas escolas, quase ninguém reclama. Não precisamos de mais leis. Precisamos, isso sim, de pais e mães que devotem uma porcentagem minúscula de seu tempo para saber o que acontece na aula de seus filhos e se organizem para, juntos, reclamar junto ao diretor de sua escola ou à Secretaria de Educação do seu município ou Estado”.
“Pode apostar e me cobrar: no momento em que um professor ou diretor souber que vai ser incomodado por um grupo de pais porque seu filho teve uma aula medíocre ou eivada de propaganda política, começaremos a ter a educação que precisamos”, conclui, em seu artigo.
Vale lembrar que, em perfil dos professores brasileiros publicado pela Unesco, 72% dos educadores dizem que sua função principal é “formar cidadãos conscientes”. “Proporcionar conhecimentos básicos” ficou com 9% e “formar para o trabalho” foi citado por 8% dos docentes.
A mestra em Linguística e promotora do empreendedorismo socioambiental, Ana Lúcia Maestrello, acredita no protagonismo dos estudantes como forma de alavancar o sistema de ensino do Brasil. “O próprio Ioschpe prestou uma consultoria ao MEC sobre sistemas educacionais de excelência. Uma de suas conclusões foi de que, nos países de ponta, o consenso substitui a legislação, enquanto que em nosso país acontece o contrário. A missão de todo professor é caminhar ao lado dos seus alunos fazendo com que eles descubram os caminhos, fazendo-se de ponte, sempre numa posição favorável às possíveis trocas, e continuamente preocupado em proporcionar conhecimentos básicos e diferentes ferramentas para os estudantes, já os preparando para o trabalho, para serem cidadãos plenos, completos e melhores. Esse deveria ser o consenso de nossa classe”, afirma a criadora do Método Maestrello. (#Envolverde)
* Juan Piva é graduado em Jornalismo, com especialização em Educação Ambiental e Políticas Públicas pela Esalq-USP. Iniciou sua trajetória na Comunicação Socioambiental há sete anos, como estagiário da Oscip Barco Escola da Natureza; já como assessor de imprensa dessa organização, passou a apresentar programas de tevê e rádio, com a intenção de democratizar a informação ambiental. Hoje é colaborador da Maestrello Consultoria Linguística, onde dissemina o conhecimento para atender o interesse público, divulgando projetos educulturais e socioambientais. É coautor do livro-reportagem “Voluntariado ambiental: peça importante no quebra-cabeça da sustentabilidade”, promotor do Curso de Empreendedorismo Socioambiental, membro da Câmara Técnica de Educação Ambiental dos Comitês PCJ, jornalista responsável pelo Jornal +Notícias Ambientais e associado-fundador da Associação Mandacaru – Educação para Sustentabilidade.
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