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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Uma ecofeminista em ação, a força da transformação do local.

por Samyra Crespo, especial para a Agência Envolverde – 
Já mencionei e escrevi diversas vezes sobre o ECOFEMINISMO
Nos anos 90′ quando iniciei a série de pesquisas intitulada O Que O Brasileiro pensa do Desenvolvimento Sustentável, o Ecofeminismo era um segmento interessante que prenunciava a revolução cultural feminista dos anos seguintes.
Apresentava duas tendencias dominantes: uma essencialista que buscava identificar o feminino com a própria natureza da Terra/Gaia/Pacha Mama e outra mais pragmática, orientada para “ambientalizar” o movimento feminista e potencializar a ação das mulheres na promoção da agenda do desenvolvimento sustentavel.
Conheci e entrevistei Thais Corral em 1991. Ela pertencia à segunda corrente e preparava, juntamente com um time de mulheres lideradas por Rosiska Darcy de Oliveira, o PLANETA FÊMEA.
O Planeta Fêmea foi a tenda no Fórum Paralelo do Aterro do Flamengo que concentrou as discussões das mulheres e definiu a pauta das reuniões de Cúpula da ONU que trataram dos direitos reprodutivos e outros tópicos.
Thais fundou por essa época uma ONG, junto com a feminista Schuma Schumacher: a REDEH – Rede de Desenvolvimento Humano, e tornou-se em pouco tempo uma liderança importante na disseminação da Agenda 21 no Brasil.
Encontrei-a como assessora direta de Aspásia Camargo (então secretária executiva do Ministério do Meio Ambiente na gestão Krause/1994-1998).
Ali ela desenvolveu o trabalho de coletar as experiências em andamento de implementação da Agenda 21 (as “Boas Práticas “) para a Rio + 5, que ocorreu em 1997.
Também iniciou a articulação para a elaboração da Agenda 21 Brasileira, que teve decisiva participação do movimento ambientalista.
Além do seu engajamento no País, Thaís foi militante e presidente da organização internacional, com sede em NYC – WE DO – que elaborou a Agenda 21 Mundial das Mulheres.
Tive ocasião de trabalhar e ser parceira de Thais em muitos projetos, quando dirigi o ISER e temos até hoje uma amizade fraterna.
Em algum momento, a precisão não importa, nossos caminhos se separaram. Eu fui para Brasília, participar da gestão de Carlos Minc e depois de Izabella Teixeira à frente do Ministério do Meio Ambiente. E Thais começou um projeto solo nas franjas da Reserva do Tinguá, na Comunidade de Santo António (Xerem).
Ali ela fundou o SINAL DO VALE, uma Comunidade Regenerativa: proteção das nascentes, recuperação das matas e uso sustentável dos recursos locais pela população residente.
Recebe em regime de trabalho solidário e de bases comunitárias uma dezena de voluntários que vêm de todas as partes do Mundo. Uma Babel do bem.
É um trabalho árduo – que começa as cinco da manhã e só termina com os pirilampos e os augúrios da noite.
Dizem os locais que ela acorda às quatro para meditar.
Quando pergunto, ela sorri e responde: “Quando se tem intenção e propósito firmes, tudo se move, aqui e lá em cima”.
Só posso concordar.
Samyra Crespo é cientista social, ambientalista e pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins e coordenou durante 20 anos o estudo “O que os Brasileiros pensam do Meio Ambiente”.
(#Envolverde)
Este texto faz parte da série que publico semanalmente para o site ENVOLVERDE/CARTA CAPITAL sobre o ambientalismo brasileiro.

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