Empreendimento com 51 anos de mercado desenvolveu soluções tecnológicas e sociais para aproveitar 100% do coco de babaçu na industrialização de vários produtos e gerar qualidade de vida e dignidade às comunidades extrativistas
Mil e quinhentos extrativistas são parceiros da Tobasa Bioindustrial no Norte de Tocantins
Uma biorrefinaria do Estado de Tocantins, localizada no município de Tocantinópolis (a 580 km de Palmas, próximo à divisa com Maranhão e Piauí), processa e industrializa vários produtos, a partir do coco de babaçu. A parceria com comunidades extrativistas da região é outra marca da empresa. Sua história envolve pioneirismo, inovação e empreendedorismo.
A Tobasa Bioindustrial tem 51 anos de mercado. Foi fundada em 1968 e inaugurada em 1970 por Edmond Baruque, um engenheiro civil visionário e inovador, que não se conformava com o desperdício de 94% das 3 frações do coco de babaçu, pois apenas a amêndoa (6%) era extraída e comercializada. Ele acreditava que era possível aproveitar 100% do fruto.
“Não havia solução tecnológica naquela época”, afirma Edmond Aziz Baruque Filho, atual diretor-presidente da biorrefinaria – seu pai, hoje com 93 anos, não está mais no dia a dia do empreendimento. Baruque Filho continua realizando o sonho do pai.
Pai e filho dedicaram-se ao desenvolvimento de soluções tecnológicas e equipamentos, visando tornar a industrialização da riqueza do coco de babaçu em produtos comerciais. Eles criaram e implantaram uma inovadora máquina de cortar coco e a primeira destilaria de álcool de babaçu e os inovadores fornos de carboativação.
A parceria com extrativistas da região de Tocantinópolis sempre foi uma característica forte da biorrefinaria, conta Baruque Filho. A coleta do coco é feita em 200 mil hectares de florestas nativas, num raio de 250 km a partir da empresa.
A Tobasa desenvolveu uma tecnologia social, oferecendo dignidade e melhor remuneração aos extrativistas. As soluções tecnológicas criadas pela empresa permitiram aumentar o volume das coletas dos frutos das palmeiras de babaçu das florestas nativas.
Resultados econômicos e sociais
O carro-chefe da Tobasa é o carvão ativado (usado em filtros e purificadores residenciais e industriais), seguido do bioálcool (para uso em cosméticos e indústria de bebidas finas). “O babaçu é um recurso renovável de imenso potencial energético e matéria-prima para as indústrias cosmética e farmacêutica”, esclarece Baruque Filho.
Atualmente o parque industrial da Tobasa ocupa 175 mil m² de área total e é considerada a maior fábrica de carvão ativado de coco da América Latina. Em 2015, a Tobasa foi reconhecida pelo TEEB Brasil (projeto “The Economics of Ecosystem and Biodiversity” no Brasil) como “importante ator na economia da biodiversidade brasileira”, patrocinado pelo Ministério do Meio Ambiente, Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Agência de Cooperação Alemã (GIZ).
A biorrefinaria conta com 150 funcionários e 1.500 extrativistas como parceiros. A Tobasa se tornou um exemplo de negócio sustentável e de economia circular na Região Amazônica, gerando renda para seus habitantes, cuidando da conservação das florestas de babaçu e colhendo resultados econômicos.
Anualmente a empresa produz e processa: 30 mil ton de coco; 1 mil ton de óleo de babaçu; 3,6 mil ton de carvão ativado; e 2,4 mil ton mesocarpo e epicarpo. A empresa não exporta sua produção, mas parceiros o fazem para países da América do Sul e Estados Unidos.
Baruque Filho informa que a empresa contribui com 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Norte de Tocantins. “Tenho consciência de que o desenvolvimento social de nossa região passa necessariamente pela estratégia de crescimento operacional da Tobasa”, declara.
Empresário, doutor e pesquisador
“Sinto-me como um missionário, uma vez que nossa empresa depende da sustentabilidade florestal e, ao mesmo tempo, a sustentabilidade socioambiental de nossa floresta nativa de babaçuais depende de nossa prosperidade empresarial”, afirma o diretor da Tobasa.
Esse carioca conta que foi no Rio de Janeiro (RJ), na década de 80, que decidiu estudar e adquirir conhecimento para apoiar o sonho do pai e consolidar a bioindústria na Amazônia. Graduou-se em engenharia química pela UFRJ, fez mestrado e doutorado em engenharia química pela COPPE/UFRJ. Sua tese de doutorado foi sobre o processo pioneiro de produção de álcool de babaçu, que foi publicada em revista científica internacional de bioenergia (1997). Trabalhou como engenheiro pesquisador na COPPE/UFRJ no Grupo de Biotecnologia por dez anos, participando de diversos projetos científicos e tecnológicos e publicando trabalhos acadêmicos em nível nacional e internacional.
Além de diretor da Tobasa, Baruque Filho atua na gestão tecnológica da empresa sempre com foco no aproveitamento sustentável e na industrialização integral do coco de babaçu. Devido à sua formação acadêmica e atuação como pesquisador, a Tobasa desenvolveu e se tornou detentora de diversas conquistas científicas e tecnológicas, entre elas a patente da tecnologia de processamento integral do coco de babaçu (2008).
A empresa conquistou dois prêmios tecnológicos do Senai/TO, em 2009 e 2011, no tema “fabricação de carvão ativado a partir do endocarpo de coco de babaçu”. Em 2012, ele colaborou e apoiou dissertação de mestrado na Universidade Federal do Tocantins (IFT) sobre ‘Desenvolvimento Regional, uma avaliação socioambiental dos modelos extrativistas e industriais de aproveitamento do coco de babaçu’.
Em 2014, um documentário em vídeo sobre a Tobasa foi projetado em reunião da ONU na Coreia do Sul como referência em sustentabilidade, informa o empresário.
Floresta oleífera
A palmeira do babaçu (Orbignya phalerata) é presença marcante na paisagem da Região Norte. Geralmente ocupa solos mais úmidos, entre os biomas Cerrado e Amazônia. É comum avistar grandes manchas de babaçu nessas regiões.
As florestas de babaçu são abundantes nos Estados de Tocantins, Maranhão e Piauí. Elas cobrem milhares de hectares e juntas são consideradas a maior floresta oleífera nativa do mundo. Estas palmeiras chegam a 20 metros de altura e produzem de 2 a 6 cachos de coco por ano, onde ficam as amêndoas. Elas têm vida longa e podem chegar a 100 anos. Esta joia da biodiversidade brasileira é a principal matéria-prima da Tobasa Bioindustrial de Tocantinópolis (TO). (www.tobasa.com.br )
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