Para instituição, benefícios para a saúde humana e para a sustentabilidade ambiental são muito maiores que os custos da gestão dessas águas
O Dia Mundial da Água, celebrado neste 22 de março, marca discussões sobre uso e disponibilidade de recursos hídricos em todo o mundo. Este ano, o tema que guia os debates é a coleta, tratamento e reúso de águas residuais, ou seja, da água descartada pela indústria, comércio, residências e agropecuária.
Apesar de impróprias para o consumo, as águas residuais são os recursos hídricos que podem ser utilizados para outros fins após tratamento. Segundo a ONU, os benefícios para a saúde humana e para o desenvolvimento e sustentabilidade ambiental são muito maiores que os custos da gestão dessas águas, fornecendo novas oportunidades de negócios.
Atualmente, ao redor do mundo, apenas 20% desses recursos passam por tratamento sanitário. Os outros 80% voltam à natureza levando a poluição do uso humano, segundo a ONU.
Reúso da água
Apesar de não haver dados globais mais precisos, sabe-se que parcelas significativas da água que é retirada dos mananciais ou derivada de redes públicas de abastecimento acabam se tornado águas residuais. Em 2016, no Brasil, o volume dessa retirada foi de 2.275 m³/s (metros cúbicos por segundo), segundo informações da Agência Nacional de Águas (ANA).
O setor de irrigação foi responsável pela maior parcela dessa retirada (55% do total; 1.253 m³/s), seguido do abastecimento humano urbano (22%; 503 m³/s), setor industrial (15%; 346 m³/s), pecuária (6%; 135 m³/s) e abastecimento humano rural (2%; 38 m³/s).
O volume efetivamente consumido foi de 1.210 m³/s, correspondendo à irrigação 75% (913 m³/s), ao abastecimento humano urbano 8% (101 m³/s), ao setor industrial 6% (69 m³/s), à pecuária 9% (108 m³/s) e ao abastecimento humano rural 2% (19 m³/s).
No ano passado, a ANA estima que o País tenha gerado 1.065 m³/s de águas residuais, relacionadas às seguintes atividades: abastecimento humano urbano (402 m³/s), irrigação (340 m³/s), indústria (277 m³/s), pecuária (27 m³/s) e abastecimento humano rural (19 m³/s).
Parte dessa água é disposta no solo, de maneira planejada ou não, antes ou depois de receber tratamento. Ou seja, nem todo o volume de águas residuais gerado acaba disponível para reuso.
Segundo informações de relatório mundial das Nações Unidas sobre o desenvolvimento dos recursos hídricos, já de 2012, as ocupações urbanas são a principal fonte de contaminações pontuais. A água residual urbana é um “elemento particularmente ameaçador quando combinada com resíduos industriais não tratados”, alerta a entidade.
Desperdício
A Organização das Nações Unidas (ONU) chama atenção para o desperdício: as águas residuais restantes do uso humano que se tornam, então, impróprias para consumo, podem ser reaproveitadas em atividades que não exigem água potável, como sistemas de aquecimento e resfriamento.
Práticas como essa evitam o desperdício e são essenciais, pois, até 2030, a demanda por água deve aumentar 50%, o que exigirá mais esforços para melhorar os sistemas de coleta e tratamento de águas residuais e garantir o reaproveitamento máximo.
Individualmente, cada pessoa pode fazer sua parte para evitar o desperdício de recursos hídricos, como coletar água da chuva para atividades domésticas, de irrigação ou lavagem de veículos, por exemplo.
A ANA destaca que, diante da escassez hídrica verificada em muitas regiões, antes mesmo de se pensar em reúso, deve-se dar preferência a equipamentos e processos que utilizem menor volume de água e que gerem o menor volume possível de águas residuais.
Fonte: Portal Brasil, com informações da ANA, do ICMBio, do Pnuma e da ONU Brasil
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/03/2017
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