(Marcos Moraes*)
Sustentabilidade é a palavra do momento. E, durante a
Rio+20, esse conceito ganhou mais destaque. Diretamente relacionada à
responsabilidade social e à preservação do meio ambiente, a palavra pode
confundir e servir apenas como marketing para produtos e companhias que de
sustentáveis têm pouco, ou quase nada. O cigarro, cujos malefícios são
amplamente comprovados, está dando o seu jeito de também se tornar
"sustentável".
Valendo-se de algumas práticas de economia de água e
recolhimento de resíduos, as empresas de tabaco correm pelas beiradas,
explorando cada iniciativa em relatórios de sustentabilidade e prêmios
concedidos pela imprensa e por organizações não governamentais. Mas como premiar
empresas cujos produtos causaram, só no século XX, a morte de 100 milhões de
pessoas?
Além disso, são cerca de 1,2 bilhão de fumantes no planeta
consumindo milhões de cigarros todos os dias e jogando gases tóxicos, como
monóxido de carbono, nos ambientes internos e na atmosfera. Segundo dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS), morrem cerca de 600 mil não fumantes no
mundo, por ano, devido ao tabagismo passivo.
No portfólio de
insustentabilidade dessas companhias, a maioria transnacional, constam ainda
práticas nada éticas na sua relação com cerca de 200 mil famílias de pequenos
agricultores inseridos na cadeia produtiva de fumo no Brasil. A indústria usa a
capacitação e a parceria que são oferecidas a esses fumicultores para os tornar
reféns de seus subsídios e tecnologia e os usar como mão de obra barata sem
direitos trabalhistas.
É evidente a contradição entre o negócio tabaco e
o desenvolvimento sustentável, expressão formalizada pela primeira vez no
Relatório Brudtland das Nações Unidas, durante a Rio ECO 92. A doutora Gro
Brudtland, responsável pelo relatório que leva seu nome, foi a mesma que
viabilizou, como diretora da OMS, a negociação da Convenção Quadro para Controle
do Tabaco, tratado internacional para regular as práticas da indústria do
tabaco. Ratificada pelo Brasil e por mais 173 signatários, essa convenção,
embora tenha feito a diferença em vários países, ainda não conseguiu deter o
poder expansionista das empresas transnacionais de tabaco, cujos esforços
concentram-se em países mais pobres.
No Brasil, têm sido frutíferos os
esforços para reduzir o tabagismo, mas ainda são tímidas as iniciativas para
resgatar os pequenos agricultores da dependência econômica da cadeia produtiva
do fumo.
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FONTE : MARCOS MORAES, presidente do Conselho de Curadores da Fundação do Câncer, ANO 117 Nº 278 - PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 4 DE JULHO DE 2012
Um comentário:
Inacreditável, essa paranóia - essa perseguição feroz, sanguinária contra o cigarro/tabaco. Essa gente antitabagista, precisa mudar conceitos e urgentes, pois o alcool, o açucr e o big mac, estão matando seus filhos - e os "belezas", vem falar mal do cigarro, que nem entorpece. Claudia Cardinale, 74 anos, fuma um cigarro, atrás do outro e nunc ficou doente......os males do cigarro, são um tremendo exagero.
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