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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Cisternas no semiárido: Um GPS para orientar nossa presidenta, artigo de Pedro Costa Guedes Vianna

“Senhora presidente, se a senhora esta pensando em distribuir cisternas de plástico, porque acha que as que deveriam ter sido construídas não foram, temos como lhe provar isso em muito pouco tempo”. O comentário é de Pedro Costa Guedes Vianna, professor de Cartografia e Recursos Hídricos do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Eis o artigo.
Nesta segunda-feira, 19 de dezembro, a aluna Cristhiane Fernandes de Araújo, defendeu seu projeto final de curso, depois de 5 anos na Universidade Federal da Paraíba-UFPB. Seu trabalho intitulado: “Mapeamento das Tecnologias Sociais Hídricas, nos Municípios de Juazeirinho e Soledade – Paraíba”. Foi aprovada, elogiada e com isso obteve o titulo de Geógrafa, mas o mais importante é que ela provou, por A+B, ou por coordenadas geográficas, que é possível mapear as cisternas do Programa Um milhão de Cisternas com custo muito baixo.
Cristhiane apenas utilizou um computador simples com conexão na internet, ferramentas gratuitas disponíveis na internet, o conhecido Google Earth, e dois aparelhos simples GPS (que custam R$ 800,00 cada), fornecidos pela UFPB. Mapeou as cisternas nas imagens gratuitas e depois, com 3 de seus colegas de curso, percorreu estes municípios no semiárido paraibano, marcando com os GPS as cisternas previamente identificadas e mapeadas nas imagens Google Earth.
Depois com simplicidade, montou uma tabela e descobriu que as diferenças médias das coordenadas em ambos os sistemas não superavam o diâmetro da cisterna. A cisterna de 16.000 litros do Programa 1MCR tem um diâmetro de 3,2 metros e a diferença média encontrada entre as duas medidas foi de 2,18 metros. Ou seja, o mapeamento é seguro matematica e geograficamente. Estes dados são possíveis devido a algumas peculiaridades das cisternas: sua forma circular, sua cor branca, sua proximidade com as casas, e particularidades da região semiárida como uma vegetação aberta, arbustiva e de pouca densidade foliar.
Isso quer dizer o que afinal de contas? Quer dizer que se o Governo Federal e a Presidente Dilma quiserem podem fiscalizar, acompanhar e constatar diretamente de seus escritórios, as cisternas tal qual estão construídas hoje. Se quiserem podem também contratar qualquer grande empresa de auditoria, destas que tem como consultores grandes doutores, com currículos acima de qualquer suspeita, que nós fornecemos a metodologia utilizada pela Cristhiane, afinal somos uma Universidade pública.
Ainda se desejar, pode dispor da rede de Universidades públicas brasileira, onde milhares de estudantes dos cursos de Geografia, Engenharia, Geologia, Arquitetura, Biologia e outros mais, usuários comuns dos instrumentos cartográficos encontrados no Google Earth e no sistema GPS, poderão em poucos dias comprovar irrefutavelmente a existência ou não das mais de 370.000 cisternas que as Organizações responsáveis pelos Programas até hoje, afirmam existir.
Senhora presidente, se a senhora esta pensando em distribuir cisternas de plástico, porque acha que as que deveriam ter sido construídas não foram, temos como lhe provar isso em muito pouco tempo.
De posse de um simples GPS, um computador com internet e de senso público, nossa presidente pode se orientar e não cometer um erro estratégico. Erro este, que pode levar à região semiárida e sua população, sede, miséria a dependência hidro-eleitoreira.

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FONTE : (Ecodebate, 23/12/2011) publicado pela IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]
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