A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) interrompeu as atividades da empresa Chevron em um dos dez poços explorados pela petrolífera americana no Campo de Frade, na Bacia de Campos. A informação foi anunciada ontem (1), no Rio de Janeiro.
Segundo a diretora da ANP Magda Chambriard há uma semana, durante uma auditoria, técnicos da agência constataram a presença de ácido sulfídrico em uma plataforma de produção. O gás poderia ser fatal para os trabalhadores, caso houvesse vazamento.
No entanto, a diretora disse que não houve vazamento, mas que a extensão da ocorrência ainda será avaliada pela ANP. “A presença de ácido sulfídrico muda tudo, inclusive na análise de risco e na metalurgia dos poços. [A Chevron] tem que mostrar que esse gás não traz prejuízos nem para o trabalhador, nem para as instalações”.
Na área existem 11 poços da Chevron. Em outubro, antes do vazamento de 2,4 mil barris de petróleo na Bacia de Campos, dez desses poços estavam produzindo. Segundo a diretora da ANP, a produção da Chevron chegava a 70,5 mil barris por dia. Com a interdição da plataforma, nove poços da empresa continuam em operação.
Este foi o terceiro procedimento administrativo da ANP contra a Chevron, desde o acidente ocorrido no começo de novembro.
As informações foram divulgadas durante a cerimônia de despedida do diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, que fez uma retrospectiva dos avanços da agência reguladora.
Lima disse que a agência deve manter a mesma linha de trabalho. “A ideia de que é preciso uma mudança na ANP não existe. O que existe da parte da presidenta [Dilma Rousseff] é a necessidade de continuar e desenvolver o trabalho que já está sendo feito”.
Chevron diz que poço interditado pela ANP responde por menos de 10% da produção
A empresa petrolífera Chevron divulgou nota no início da noite de ontem (1º) sobre a notificação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que a obrigou a suspender a produção em um dos poços que explora, no Campo de Frade, na Bacia de Campos.
A Chevron esclareceu que a produção vai continuar e especificou que o poço interditado corresponde a menos de 10% da produção total diária, de 79 mil barris de petróleo. O motivo alegado pela ANP para determinar o encerramento do poço foi o de acumulação de gás sulfídrico, um subproduto natural do processo de produção de petróleo e gás.
Para o especialista em energia e infraestrutura Adriano Pires, o fato demonstra que o comportamento da ANP melhorou. “Ela está mais ativa, fiscalizando com maior precisão. Mas continua o desafio que o caso Chevron mostrou: Nós temos, mais do que mudar a legislação no Brasil, capacitar os órgãos responsáveis pela fiscalização. Cada vez mais o petróleo vai ser produzido no mar e a profundidades cada vez maiores.”
***************************************
Reportagens de Carolina Gonçalves e Vladimir Platonow, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 02/12/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário