Você sabia que existem cerca de mil toneladas de lixo nuclear armazenadas em São Paulo, no bairro de Santo Amaro? E que o urânio que alimenta as duas usinas nucleares brasileiras é minerado na Bahia e contamina água, solo e alimentos com radioatividade? Para tratar desses e vários outros impactos da produção de energia nuclear no Brasil a Articulação Antinuclear Brasileira (AAB) realiza, nos dias 11 e 12 de novembro, na Fapcom, o seminário Energia Nuclear: Por que resistimos?
O seminário acontece na sequência da abertura da exposição Hiroshima Nunca Mais, que ocupa a Matilha Cultural com fotografias retratando o horror do nuclear, seja na produção de armamentos, na medicina ou no ciclo da produção de energia elétrica. A exposição, produzida pela Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sapê), estreia dia 10 de novembro e o seminário complementar da AAB é uma chance de entender mais os perigos que a tecnologia nuclear traz à humanidade e os impactos que ela provoca no Brasil.
Especialistas em energia, pesquisadores, ativistas e representantes de movimentos sociais participam de quatro mesas para aprofundar o debate sobre o tema e oferecer um painel dos movimentos de resistência antinuclear no Brasil. Um dos idealizadores do Fórum Social Mundial e ganhador do Prêmio Right Livelihood Award, Chico Whitaker, tem se engajado no ativismo antinuclear e vê nos eventos uma chance de conscientizar cada vez mais pessoas: “O grande drama nosso é informar: nos informarmos mais e informar as pessoas. Só assim teremos uma consciência coletiva crescente que possa um dia parar essa autêntica insanidade que é a energia nuclear para produzir eletricidade”, defende ele.
Mesas abordam o nuclear sobre vários aspectos
Chico Whitaker estará na primeira mesa, dia 11, abrindo o seminário com um panorama dos movimentos antinucleares a nível mundial. Junto dele estará um dos maiores especialistas em energia do país, Célio Bermann, professor e pesquisador da USP. Ele debaterá as perspectivas da energia nuclear no Brasil. Thiago Almeida, do Greenpeace, e o ex-vereador Ítalo Cardoso completam a mesa Política energética e seus desafios.
Ainda no dia 11 pela manhã, você pode conferir uma mesa sobre impactos locais do Programa Nuclear Brasileiro. Será uma oportunidade de ouvir os relatos diretamente de Angra dos Reis (RJ), onde estão instaladas duas usinas nucleares; da Bahia, onde acontece a mineração de urânio e de Santa Quitéria (CE) onde se pretende instalar outra mina; de Itacuruba (PE), onde se planeja construir mais uma usina nuclear e dos trabalhadores da antiga Nuclemon, de São Paulo, que trabalharam anos com substâncias radioativas sem a devida proteção.
Já no dia 11 à noite e dia 12, pela manhã, a saúde e a comunicação antinuclear estarão em foco. Especialistas apresentarão falas sobre os impactos à saúde humana da radioatividade no caso dos trabalhadores da Nuclemon, das vítimas da tragédia do Césio 137 em Goiânia e dos Hibakushas, os sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki . Encerrando o seminário, uma mesa tratando da importância da comunicação para os movimentos sociais e seu papel na educação, defesa do meio ambiente e direitos humanos.
Conheça a programação completa:
11 de novembro, sexta feira
Mesa de abertura: Política energética nuclear e seus desafios
08 às 10h
Palestrantes:
Célio Bermann: Professor do Programa de Pós Graduação em Energia da USP.
Chico Whitaker: Ex-vereador de São Paulo, co-fundador do Fórum Social Mundial, ganhador do Prêmio Right Livelihood Award (conhecido como Nobel Alternativo)
Thiago Almeida: Greenpeace Brasil
Ítalo Cardoso: Ex-vereador de São Paulo, bacharel em Direito, Ambientalista, Vice-presidente da SPTuris.
Mediador:
Adelino Ozores: Bacharel em Direito, jornalista, membro da Agenda 21 e ativista pelos Direitos Humanos. Presidente do Instituto Entre Rodas & Baton
Mesa 2: Impactos da atividade nuclear no Brasil
10 às 12h
Palestrantes:
José Venâncio Alves: Diretor da Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de energia Nuclear (ANTPEN)
Sylvia Chada: Coordenadora geral da Sapê, pedagoga social e servidora publica federal da área ambiental
Renato Cunha: Engenheiro com especialização em gestão ambiental e planejamento energético, coordenador executivo do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), membro da coordenação da Rede de ONGs da Mata Atlântica, conselheiro do Conselho Estadual de Meio Ambiente da Bahia
Gitana Nebel: Grupo de Pesquisa Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade – TEMAS (PGDR/UFRGS).
Mediação:
Nina Orlow: Arquiteta e Urbanista, Artista Plástica, Membro da Agenda 21
Mesa 3: Saúde e Preconceito
18 às 20h
Palestrantes:
Dra Maria Vera Cruz de Oliveira: Pneumologista e médica do trabalho do Centro de Referencia de Saúde do Trabalhador de Santo Amaro, com treinamento no Hicare-Japão
Dr. Julio Nascimento: Bacharel em Direito, Psicólogo, professor da PUC-Goiânia
André Lopes Loula: Mestrando em Historia pela PUC-SP, diretor da Associação Hibakusha Brasil pela Paz
Mediação:
Sonia Felipone: Terapeuta Ocupacional no SUS há 25 anos, trabalhou no Centro de Referencia de Saúde do Trabalhador de Santo Amaro, Coordenadora do Centro de Convivência e Cooperativa de Santo Amaro
12 de novembro, sábado:
Mesa 4: Comunicação, Movimentos Sociais e Meio Ambiente
10 às 12h
Palestrantes:
Wagner Belmonte: jornalista, editor da TV Câmara, doutorando em comunicação e semiótica pela PUC-SP, professor da FAPCOM.
Inês Chada: Curadora da Exposição Hiroshima 70, integrante da SAPÊ e bacharel em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Roberto Fernández: cineasta argentino, diretor da produtora O Movimento Falso Filmes. Em 2014 foi convidado pelo Peace Boat para ministrar 3 palestras e exibir seus documentários na viagem nº 86 durante as rememorações dos 70 anos das bombas atômicas. Em 2013 foi júri do 3º FICIP- Festival Internacional de Cine Político em Buenos Aires.
Maria Zupello: jornalista do jornal inglês The Guardian
Roberto Fernández: cineasta argentino, diretor da produtora O Movimento Falso Filmes. Em 2014 foi convidado pelo Peace Boat para ministrar 3 palestras e exibir seus documentários na viagem nº 86 durante as rememorações dos 70 anos das bombas atômicas. Em 2013 foi júri do 3º FICIP- Festival Internacional de Cine Político em Buenos Aires.
Maria Zupello: jornalista do jornal inglês The Guardian
Denise Bertola: escritora e jornalista do jornal japonês The Asahi Shimbun
Mediação:
Ubiratan Leal: editor do site Outra Cidade, F451 e Extra Time
Serviço – Seminário Energia Nuclear: Por que resistimos?
Quando: 11 e 12/11
Onde: FAPCOM – Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Rua Major Maragliano, 191, Vila Mariana/São Paulo)
Atividade gratuita.
Sobre a Articulação Antinuclear Brasileira
A Articulação Antinuclear Brasileira (AAB) foi criada em 3 de maio de 2011 em um encontro no Rio de Janeiro promovido pela Fundação Heinrich Böll, em parceria com a Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA). Integrada por indivíduos, entidades, movimentos socioambientais e pesquisadores, a AAB busca fortalecer a luta antinuclear, defendendo o uso de energias renováveis e de um Brasil livre do nuclear.
Desde então, a AAB tem tido intensa atuação promovendo o debate público sobre a política energética brasileira e em ações e mobilizações relativas ao tema da energia nuclear. Participou da revolta popular em Caetité-BA (maio/2011), contra a ida para a usina de urânio de 90 toneladas de material radioativo transferido de São Paulo para a Bahia, pela INB; da Caravana Antinuclear em Pernambuco, promovida com o Movimento Cultura de Paz da Diocese de Floresta (outubro/2011, setembro/13); da Marcha das Águas em Pernambuco (junho/2012), com a Articulação Popular São Francisco Vivo, Movimento Cultura de Paz e outras organizações; da “Tenda Antinuclear na Cúpula dos Povos (Rio+20/2012); da campanha de coleta de assinatura para um projeto de emenda constitucional (PEC) de iniciativa popular proibindo a construção de usinas nucleares no Brasil e da Mobilização Nacional por um Brasil Livre de Usinas Nucleares.
As principais organizações que compõem a AAB são: Articulação Antinuclear do Ceará, Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear, Associação Movimento Paulo Jackson, Cáritas, Coalizão por um Brasil Livre de Usinas Nucleares, Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá) e Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sapê).
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