O processo de arenização no sudoeste do Rio Grande do Sul é um dos mais graves problemas socioambientais vividos no Brasil.
Entende-se por arenização o processo de formação de bancos de areias em solos já arenosos e não consolidados, o que acarreta a baixa presença ou até a extinção da vegetação em virtude da dificuldade de fixação em função das constantes movimentações da camada superficial dos solos. No Brasil, esse problema manifesta-se mais frequentemente no Rio Grande do Sul, com destaque para alguns municípios da região sudoeste do estado, como São Francisco de Assis, Alegrete, Maçambará, Rosário do Sul, entre outros.
Estudos empreendidos por vários geógrafos – com destaque para Dirce Suertegaray, Roberto Verdum eAziz Ab'Saber – apontaram que esse problema no estado do Rio Grande do Sul não é algo recente em termos históricos, estando presente em relatos realizados em tempos coloniais. Dessa forma, considera-se que esse é um fenômeno natural, que, no entanto, é intensificado pelas práticas humanas.
Com a prática da agricultura nessa região e a consequente remoção da vegetação original, amplia-se a exposição dos solos arenosos do local – que já apresentam uma certa predisposição para a formação dos bancos de areia – e, consequentemente, intensifica-se a arenização da superfície, com a frequente movimentação dos sedimentos (partículas de rochas) através da ação da água das chuvas e dos ventos, proporcionando a formação de areais.
Em alguns casos, os efeitos são tão intensos que praticamente inexiste qualquer tipo de vegetação, proporcionando a formação de paisagens semelhantes ou iguais às de desertos consolidados.
Por essa razão, há muita confusão envolvendo a arenização e a desertificação. Porém, o conceito de desertificação não se aplica ao sul do Brasil, uma vez que ele se refere ao fenômeno de empobrecimento dos solos em regiões de clima árido, semiárido e subúmido seco. Nesse caso, os índices de precipitação costumam não ultrapassar os 50 mm anuais e são inferiores ao processo de evaporação potencial. No caso das terras do Rio Grande do Sul, o índice de chuvas costuma apresentar uma média de 1400 mm anuais e, além disso, a degradação acontece justamente pela movimentação de sedimentos pela ação da água pluvial e outros agentes exógenos de transformação do relevo, e não pela seca excessiva e pobreza de nutrientes, como ocorre na desertificação.
A arenização dos solos no Rio Grande do Sul promove a remoção da vegetação, além de causar a morte de animais locais em função da falta de recursos e transformar solos, antes agricultáveis, em locais improdutivos. Assim, faz-se necessário realizar uma fertilização química dessas superfícies e cobri-las com plantas específicas no sentido de conter os processos erosivos e garantir uma maior estabilidade dos solos.
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