17 de agosto de 2015
Por Lilian Garrafa (da Redação da ANDA)
Em um ato de extraordinária coragem, uma ativista pelos direitos animais pulou para a arena de touradas Malagueta para confortar um touro que agonizava antes de morrer, em Málaga, Espanha, no dia 13 de agosto. Por alguns momentos, Virginia Ruiz, de 38 anos, deitou-se sobre o touro e tentou protegê-lo antes de funcionários da arena a arrastarem violentamente para longe. “Eu podia ouvi-lo chorando de dor, então pulei para dentro, atravessei a arena até chegar no local onde ele já estava morrendo”, relatou a ativista. “Ele olhou para mim e acredito que sentiu a minha energia. Eu queria dar-lhe amor, antes que ele deixasse este mundo”, completou.
Enquanto Virginia era afastada do touro, a multidão de fãs de touradas vaiava e gritava “fuera!” (fora) em uníssono. “Eles me chamavam de vários nomes”, disse Ruiz, “me chutaram, cuspiram em mim, me disseram para voltar para a cozinha e me chamaram de prostituta.”
O touro foi morto a facadas.
Virginia Ruiz assistiu à tourada em um dia em que a entrada era gratuita – ela não comprou ingresso para ocupar um dos 9 mil lugares. Ela afirmou que sua intenção era apenas filmar a crueldade na arena, que nesse dia tinha apenas três quartos de suas arquibancadas ocupadas, apesar do acesso gratuito.
Impulsivamente, quando ouviu o touro chorar, ela pulou para dentro da arena e caminhou em direção a ele. “Porque eu estava caminhando, e não correndo, eles [o público] não perceberam que eu era uma ativista até que eu chegasse muito perto do touro”, disse Ruiz. “Ele ainda estava vivo antes que eles fizessem o esfaqueamento final com a faca na parte de trás do pescoço. Ele estava chorando, ele tentou olhar para as pessoas”, disse ela.
Assista ao vídeo da ativista Virginia Ruiz caminhando pela arena:
Ruiz, que tem sido uma ativista antitouradas desde 2008, disse que havia, no máximo, apenas 1500 pessoas na arena. O lado da arena onde batia sol estava vazio e o lado sob a sombra estava com apenas três quartos ocupados, incluindo “muitas crianças presentes”.
“Queremos que a América saiba o que está acontecendo aqui. Hemingway estava errado sobre toda essa tradição bárbara. Sentimos vergonha. Isso não nos representa. Existem mais opções para a Espanha do que as touradas. Somos um povo maravilhoso. Somos vistos como um país do terceiro mundo”.
Depois que a ativista foi violentamente arrastada para fora e detida ilegalmente, ela foi autuada pela polícia local, que anotou seu endereço. Ela vai receber uma notificação por invasão e terá de pagar uma multa de até 6.000 euros (cerca de 23 mil reais).
O Parlamento Europeu subsidia o “esporte” sangrento das touradas com 600 milhões de euros (23 milhões de reais) por ano.
“Eu sinto que estava fazendo a coisa certa”, disse Ruiz. “Ele sabia que eu estava lutando por seus direitos.”




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