Revista Ecológico 219x300 A revolução começou. A humanidade pode ser salvaJá está circulando a revista ECOLÓGICO de maio de 2012. Uma das principais publicações sobre temais socioambientais e a sustentabilidade do planeta, a ECOLÓGICO deste mês traz excelentes textos. Veja abaixo do editorial o índice da edição.
Editorial
“A questão ambiental já deixou de ser reserva de luta e bandeira do movimento ambientalista. Ela agora é pop”
Conhecida por sempre abordar a questão ambiental de maneira equivocada, antiecológica e nada construtiva à causa que hoje mais preocupa a humanidade e pode conter a degradação do planeta, a Revista Veja se rendeu. Em sua penúltima edição que antecedeu a chegada dos líderes mundiais à Rio+20, ao lado das manchetes nefastas e de espaços cedidos notadamente à fontes céticas que negam as ações catastróficas que nós continuamos causando no ciclo perfeito da natureza, a quarta maior publicação midiática da Terra teve de admitir: “… mas a boa-nova é que a pressão da sociedade pelo consumo responsável é um caminho sem volta”.
Põe sem volta nisso, para a felicidade geral de todos os seres vivos que habitam o único planeta pulsante do sistema solar, incluindo a espécie humana, caso o relógio da natureza nos dê o tempo necessário de revertermos a situação. Se a Eco/92, ao invés do seu também anunciado fracasso 20 anos atrás, nos trouxe a vitoriosa revolução hoje inegável da consciência ecológica, a Rio+20 trouxe o seu pragmatismo político, econômico e social.
A questão ambiental já deixou de ser reserva de luta e bandeira do movimento ambientalista. Ela agora é pop. É de toda a humanidade, empresários e consumidores, governantes e governados, cidadãos ou autoridades, estejam morando em Brasília ou em Mumbai, em vilas, favelas, prédios ou condomínios de luxo, sem exceção. Ela já ganhou de maneira irreversível.
Se não houve os acordos políticos multilaterais esperados, o que também está sendo apontado equivocadamente como um outro grande fracasso da Rio+20, é porque ainda vivemos em uma torre de Babel, onde cada um dos 193 países com acento na ONU falam línguas diferentes, vivem realidades diferentes, produzem e consomem de maneiras distintas. Isso, em termos práticos, não vem mais ao caso diante do novo paradigma civilizatório em curso. A espécie humana é tão diversa, criativa, adaptativa e multiplicativa como a vida no planeta. A boa notícia que não mais sairá de moda é que até as crianças destes países, ao contrário do que já fomos, já falam em “salvar o mundo” com a maior naturalidade. Essa é a revolução instaurada pela Rio+20, também chamada pelos “Leonardos Boffs” de “a subversão do amor”: a troca finalmente e necessária do eu pelo nós, do pensar globalmente e agir localmente, se queremos sobreviver junto do planeta.
Como bem disse a ministra Izabella Teixeira, lembrando a canção de Milton e Fernando Brant, não é mais hora de chegadas. De pensar, acordar, propor. “Nós já sabemos, individualmente e coletivamente, o que deve ser feito. A hora agora é de partidas, de fazer e acontecer”, ela convocou.
Além do senso de urgência para evitar o agravamento do nosso destino comum com o que continuamos fazendo com a natureza, o recado maior da Rio+20 foi o apoderamento doravante e sem volta do poder local, do território municipal, que é onde todo o processo de degradação se inicia. E tem na pessoa de seus prefeitos e cidadãos, o dever de atuar e mudar a realidade. Como antecipou o jornalista e ambientalista André Trigueiro, da Rede Globo, ao entrevistar o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, líder de 59 outros prefeitos de metrópoles mundiais compromissadas com a sustentabilidade, o C40 – Cities Climate Leadership Group (lei matéria na página 48) outro maior e inegável ganho da Rio+20 foi a declaração conjunta e por aclamação de que o Século XXI será o “Século das Cidades”, onde 95% da humanidade estará morando e terá de sobreviver com mais qualidade de vida nos próximos 30 anos. É nas urbes, enfim, onde tudo acontecerá, de problemas insustentáveis a soluções sustentáveis, envolvendo todos os seus habitantes num mutirão de cidadania jamais experimentado pela raça humana. A vontade política e participativa de seus administradores se tornará cada vez mais visível, caso queiram continuar merecendo os votos de seus eleitores.
Como ficou explícito no Congresso Mundial do ICLEI – Governos Locais para a Sustentabilidade, preparatório para a Rio+20, realizado uma semana antes em Belo Horizonte, com a participação de 1.200 prefeitos, técnicos e ativistas e representantes de 64 países, diante do estado trágico do mundo, leia-se as mudanças climáticas em curso, o papel futuro dos administradores públicos não será mais “administrar” suas cidades como nos velhos e nada ecológicos tempos. O papel deles tornou-se maior, tal como a consciência das crianças hoje: “salvar” os seus municípios, preservar e recuperar a natureza que lhes resta, e desenvolvê-los de maneira economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente mais justa.
Precisamos de alguma outra coisa?
A Rio+20 e o ICLEI´2012, também chamado de “A Rio+20 das Cidades”, já responderam e apontaram o caminho. Façamos a nossa parte. É o que a Revista ECOLÓGICO reporta nesta edição.