Quando falamos sobre mudanças climáticas, costumamos nos referir aos gases de efeito estufa (GEEs) emitidos a partir da Revolução Industrial como os grandes responsáveis pelo fenômeno. Mas uma nova pesquisa, publicada no periódico Environmental Research Letters sugere que as emissões antropogênicas geradas antes desse período ainda estão tendo efeitos no clima atual. A descoberta indica os possíveis impactos que a atual taxa de emissões pode ter em nosso clima agora – e que podem se estender para o futuro.
De acordo com o trabalho, desenvolvido por cientistas da Instituição Carnegie para Ciência e do Instituto Max Planck de Meteorologia, as emissões geradas antes de 1850 têm origem principalmente em mudanças do uso da terra para propósitos agrícolas e desmatamento de florestas, e estima-se que tenha contribuído com cerca de 10% do aquecimento de 0,8ºC visto nos últimos 150 anos.
“As quantidades relativamente pequenas de dióxido de carbono emitidas há muitos séculos continuam a afetar as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono e nosso clima atualmente, embora apenas em uma extensão relativamente pequena”, comentou Julia Pongratz, coautora da análise, em um comunicado à imprensa.
O estudo também revelou que, embora as emissões geradas após a Revolução Industrial sejam provenientes principalmente de países ricos, as emissões pré-industriais têm uma grande participação de nações em desenvolvimento, como a China e Índia. Isso porque durante mais de mil anos, metade do crescimento populacional do planeta ocorreu nesses países.
Segundo o estudo, com a contagem das emissões pré-industriais, haveria uma mudança de 2% a 3% na atribuição da temperatura global das nações industrializadas para os países em desenvolvimento. A China, por exemplo, passaria a contribuir de 8,2% para 8,7% com as emissões, enquanto a Índia passaria de 5,1% para 7%.
No entanto, os autores ressaltam que a pesquisa não tem como objetivo apontar responsáveis pelas mudanças climáticas, até porque muitas das emissões dos países em desenvolvimento foram realizadas visando a benefícios nas nações ricas.
“Sistemas de contabilidade não são fatos naturais, mas invenções humanas. Uma vez que um sistema de contabilidade seja definido, ele se torna uma questão de investigação científica para determinar quais números devem entrar, mas questões mais amplas de quem é responsável pelo que e quem deve o que para quem são julgamentos que se encontram fora do âmbito da ciência”, explicou Ken Caldeira, outro coautor do trabalho.
Além disso, os pesquisadores argumentam que mesmo com essa descoberta, os países industrializados ainda são os maiores responsáveis pelas emissões geradas a partir de 1850, que são muito mais significativas do que as pré-industriais para as mudanças climáticas.
“As emissões pré-industriais produziram uma quantidade pequena de mudanças climáticas, mas as grandes emissões de hoje terão efeitos muito maiores nos próximos séculos”, observou Caldeira.
Independentemente da responsabilidade de determinados países por essas emissões, Pongratz afirma que os resultados têm uma importância muito grande, pois fornecem alertas à sociedade atual.
“Olhar para o passado mostra que a quantidade relativamente alta de dióxido de carbono que estamos emitindo hoje continuará a ter impactos relativamente grandes na atmosfera e no clima por muitos séculos no futuro”, concluiu ela.
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FONTE : * Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
De acordo com o trabalho, desenvolvido por cientistas da Instituição Carnegie para Ciência e do Instituto Max Planck de Meteorologia, as emissões geradas antes de 1850 têm origem principalmente em mudanças do uso da terra para propósitos agrícolas e desmatamento de florestas, e estima-se que tenha contribuído com cerca de 10% do aquecimento de 0,8ºC visto nos últimos 150 anos.
“As quantidades relativamente pequenas de dióxido de carbono emitidas há muitos séculos continuam a afetar as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono e nosso clima atualmente, embora apenas em uma extensão relativamente pequena”, comentou Julia Pongratz, coautora da análise, em um comunicado à imprensa.
O estudo também revelou que, embora as emissões geradas após a Revolução Industrial sejam provenientes principalmente de países ricos, as emissões pré-industriais têm uma grande participação de nações em desenvolvimento, como a China e Índia. Isso porque durante mais de mil anos, metade do crescimento populacional do planeta ocorreu nesses países.
Segundo o estudo, com a contagem das emissões pré-industriais, haveria uma mudança de 2% a 3% na atribuição da temperatura global das nações industrializadas para os países em desenvolvimento. A China, por exemplo, passaria a contribuir de 8,2% para 8,7% com as emissões, enquanto a Índia passaria de 5,1% para 7%.
No entanto, os autores ressaltam que a pesquisa não tem como objetivo apontar responsáveis pelas mudanças climáticas, até porque muitas das emissões dos países em desenvolvimento foram realizadas visando a benefícios nas nações ricas.
“Sistemas de contabilidade não são fatos naturais, mas invenções humanas. Uma vez que um sistema de contabilidade seja definido, ele se torna uma questão de investigação científica para determinar quais números devem entrar, mas questões mais amplas de quem é responsável pelo que e quem deve o que para quem são julgamentos que se encontram fora do âmbito da ciência”, explicou Ken Caldeira, outro coautor do trabalho.
Além disso, os pesquisadores argumentam que mesmo com essa descoberta, os países industrializados ainda são os maiores responsáveis pelas emissões geradas a partir de 1850, que são muito mais significativas do que as pré-industriais para as mudanças climáticas.
“As emissões pré-industriais produziram uma quantidade pequena de mudanças climáticas, mas as grandes emissões de hoje terão efeitos muito maiores nos próximos séculos”, observou Caldeira.
Independentemente da responsabilidade de determinados países por essas emissões, Pongratz afirma que os resultados têm uma importância muito grande, pois fornecem alertas à sociedade atual.
“Olhar para o passado mostra que a quantidade relativamente alta de dióxido de carbono que estamos emitindo hoje continuará a ter impactos relativamente grandes na atmosfera e no clima por muitos séculos no futuro”, concluiu ela.
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FONTE : * Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
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