17 de agosto de 2015
(da Redação da ANDA)
Lance Crosby, de 63 anos de idade, foi atacado por uma ursa no Parque Nacional de Yellowstone no início deste mês. Seu corpo foi descoberto no dia 7 de agosto próximo à trilha Elephant Back Loop na área de Lake Village, por um guarda do parque após ter sido registrado o seu desaparecimento. Ele, que era um alpinista experiente e morava e trabalhava em Yellowstone há cinco anos, estava sozinho no momento do suposto ataque. As informações são da Care2.
Segundo a reportagem, “é uma triste situação, claro, em relação a Crosby que perdeu a sua vida, mas também pela ursa envolvida, e seus filhotes”. Especialistas de vida selvagem capturaram uma fêmea de urso-pardo próximo ao local, na noite em que o corpo de Crosby foi descoberto, e seus dois filhotes foram pegos junto com ela. Os biólogos esperaram pelos resultados de um teste para confirmar se aquela ursa adulta que eles tinham em mãos teria sido a responsável por matar Crosby e, no dia 13 de agosto, após confirmação do fato pelas autoridades do parque, a ursa foi morta.
Seus dois filhotes, que ficaram órfãos, estão sendo enviados para o zoológico Toledo Zoo.
Tex Dworkin, a repórter que escreveu sobre o incidente, conta ter ficado muito comovida quando soube que a ursa envolvida deveria ser morta. “Naquele momento, a fêmea e um dos seus filhotes haviam sido capturados, e esperavam pelo seu destino. O outro filhote foi pego pouco depois. Foi difícil para mim imaginar uma criatura tão bela simplesmente esperando em uma jaula para ser morta, separada de seus bebês e sem esperança de sobreviver”, explica Dworkin.
Ela revelou que sente uma conexão especial com o parque Yellowstone e seus habitantes não humanos. Em seus anos de formação, ela trabalhara no local durante um verão, na mesma área do lago onde o suposto ataque aconteceu. Na ocasião, ela vira muitos de seus habitantes selvagens, incluindo alces, búfalos, águias, cabras montanhesas e, é claro, um urso-pardo, que observou à distância.
Por isso, quando soube que uma ursa-parda seria morta, Dworkin ficou chocada e entristecida – essa sentença de morte lhe soava injusta, considerando que a mãe estava com os seus filhotes no momento do ataque, e seria natural para ela protegê-los se pressentisse alguma ameaça.
“Então, por que ela deveria ser punida por cumprir o seu dever natural?”, questiona a repórter, que foi procurar explicações por parte do parque. Dan Wenk, superintendente do local, forneceu uma resposta aparentemente padronizada. Ele afirmou que a decisão de matar um urso não é tomada por eles com leveza, porém, como administradores do parque, estão “trabalhando constantemente para equilibrar a preservação dos recursos naturais e a segurança de visitantes e funcionários”.
Ao perguntar se não haveria alternativas, como realocar a ursa ou levá-la para um santuário, a porta-voz Amy Bartlett afirmou que “é realmente difícil realocar ursos, e é impossível imaginar um local em que eles não irão encontrar pessoas. Nós não gostamos de transferir os nossos problemas”.
Bartlett explicou ainda que a área ideal para um urso-pardo seria de 2.000 a 5.000 quilômetros quadrados no caso de um macho, e entre 800 e 1.500 quilômetros para uma fêmea, e seria muito complicado encontrar um local com tal área disponível atualmente. Ela também apontou que ursos geralmente tentam voltar ao seu habitat anterior a qualquer custo, o que anularia o trabalho de realocação.
Quanto a levar a ursa para algum santuário ou zoológico, Bartlett declarou que “adultos normalmente não se dão bem em cativeiro. Filhotes aparentemente são mais adaptáveis”.
E sobre tirar a vida de um animal saudável e seus filhotes órfãos, Bartlett comenta que o seu departamento não pensa na fêmea que morreu enquanto indivíduo em si. Ela repete a filosofia da gestão do parque, ao dizer: “nós temos que pensar nos aproximadamente 750 a 800 ursos do grande ecossistema de Yellowstone. Temos que olhar para o futuro do nosso programa e para a população inteira de ursos, buscando um equilíbrio, e sobretudo proteger as pessoas”.
Neste ponto está a questão principal. Crosby estava sozinho no momento do dito ataque, o que contraria as recomendações em locais habitados por ursos. As regras para as pessoas que adentram o parque, principalmente aos alpinistas, incluem a permanência em trilhas específicas, o carregamento de um spray que espanta ursos em situações de emergência, estar alerta, fazer barulho para evitar encontros de surpresa, e andar em grupos de três pessoas ou mais (91% dos incidentes em que pessoas foram feridas por ursos em Yellowstone desde 1970 ocorreram com alpinistas que estavam sós ou com apenas mais um parceiro).
Assine a petição para que os filhotes que ficaram órfãos nesse caso sejam enviados para um santuário ou centro de reabilitação, e não a um zoológico.
Nota da redação: Em Yellowstone, como em muitos outros locais, os ursos estão em seu habitat, e os humanos é que são os invasores. A obrigação de evitar conflitos e a responsabilidade sobre isso, portanto, é dos humanos, até mesmo por serem considerados os animais racionais desta equação. O que ocorreu é lamentável e houve negligência do visitante. Infelizmente, como sempre, quem teve a sua vida ceifada foi o animal, e isso não se poderá mais consertar.
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