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quarta-feira, 9 de março de 2011

Política sócio-ambiental do BNDES

Política socioambiental do BNDES é criticada em novo estudo
Ainda que tenha avançado com critérios específicos para o setor da pecuária e
de combate ao trabalho escravo, a política socioambiental do BNDES é vacilante,
como indicam casos relatados pela Repórter Brasil em relatório sobre o tema
Por Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis
Maior instituição de fomento da América Latina e uma das maiores do mundo, o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vem registrando
seguidos recordes de desembolso nos últimos anos, beneficiando principalmente
indústrias, projetos agropecuários e obras de infra-estrutura em setores
considerados prioritários pelo governo federal. Em 2010, o banco liberou R$
168,4 bilhões, um aumento de 23% em relação ao ano anterior.

Políticas de salvaguarda do BNDES carecem de transparência e foco, sustenta
análise (Verena Glass)

A pujança vista nos desembolsos, porém, não se repete na área de
sustentabilidade do banco, aponta estudo divulgado nesta quinta-feira (3) pelo
Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da ONG Repórter Brasil. Em
que pese o recente fortalecimento de seu departamento socioambiental, as
políticas de salvaguarda ainda carecem de transparência e foco. Ao financiar
grandes projetos de infra-estrutura na Amazônia e empreendimentos
sucroalcooleiros no Centro-Sul, o banco vem sendo criticado por organizações
civis e é alvo também de uma série de ações movidas pelo Ministério Público
(MP).
Ainda que tenha avançado com a criação de critérios específicos para
financiamento do setor da pecuária e a assinatura de termo de cooperação com o
Ministério Público do Trabalho (MPT) para barrar empresas que praticam trabalho
escravo ou infantil, a política socioambiental do BNDES é vacilante, como
revelam casos paradigmáticos que têm ganhado as páginas dos jornais.
As usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, por exemplo, que
recebem o suporte de R$ 13,3 bilhões do BNDES, foram alvos de pesados
questionamentos quanto à sua viabilidade econômica e ambiental. Acidentes
levaram à interdição de parte do canteiro de obras de Santo Antônio, motivada
por problemas detectados pela fiscalização trabalhista.
O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público Estadual (MPE) de
Rondônia ainda impetraram ação civil pública contra o Estado de Rondônia, o
município de Porto Velho, a União, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) e a Energia Sustentável do Brasil (ESBR, empresa responsável pelas
obras), por descumprimento de condicionantes estabelecidas para as áreas de
saúde, educação, transporte e segurança.
Na mesma direção, o projeto do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte, no
rio Xingu, Pará, é outro caso de destaque. A começar pelo aspecto jurídico,
Belo Monte é objeto de dez ações capenas pelo MPF - há outras ações
apresentadas por organizações da sociedade civil. Se ao menos uma for julgada
procedente, todo o processo de licenciamento, bem como o leilão da usina, podem
ser anulados. Em 2010, o BNDES concedeu um empréstimo-ponte (linha de curto
prazo) de R$ 1,087 bilhão aos empreendedores de Belo Monte.
No ramo sucroalcooleiro, chamam atenção os casos das usinas da Brenco (que tem
como sócia o BNDESPar, braço de investimentos em participações acionárias do
banco) e da Cosan. Em fevereiro de 2008,17 trabalhadores sob responsabilidade
da Brenco foram libertados em Campo Alegre de Goiás (GO). A Cosan, por sua
vez, foi incluída na "lista suja" do trabalho escravo em dezembro de 2009 por
ter mantido 42 trabalhadores em condição análoga à escravidão.


Durante o curto período de permanência da Cosan na "lista suja", o BNDES
suspendeu os financiamentos de todo o grupo - em atitude inédita, e não apenas
da unidade flagrada. As linhas foram, contudo, retomadas imediatamente após a
concessão da liminar em janeiro de 2010, antes de qualquer julgamento mais
definitivo que pudesse avaliar o mérito da questão.
É importante frisar, ainda, que as violações trabalhistas encontradas na Cosan
não se limitam ao caso de trabalho escravo. Um levantamento do MPT, realizado
nos anos de 2009 e 2010, revela a ocorrência de irregularidades como extinção
do contrato individual de trabalho, jornada de trabalho excessiva, horas
excedentes de trabalho, atividades e operações insalubres e perigosas, não
pagamento de verbas rescisórias, problemas com equipamentos de proteção
individual, anotações irregulares de produção, problemas com a carteira de
trabalho e registro de empregados e intermediação irregular de mão de obra.
O estudo produzido pela Repórter Brasil insitula-se "O BNDES e sua política
socioambiental - Uma crítica sob a perspectiva da sociedade civil organizada".
A pesquisa discute ainda a evolução internacional relacionada à adoção de
critérios socioambientais por instituições de crédito e apresenta recomendações
para que o BNDES aperfeiçoe seu sistema de gestão nesse setor.
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FONTE :http://www.reporterbrasil.org.br/documentos/BNDES_Relatorio_CMA_Reporter_Brasil_2011.pdf

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