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sexta-feira, 12 de agosto de 2022
OIT: Número global de jovens desempregados pode chegar a 73 milhões em 2022
A recuperação do emprego juvenil ainda acontece em um ritmo lento, de acordo com um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que confirma que a pandemia da COVID-19 prejudicou mais os e as jovens do que qualquer outra faixa etária.
Publicado nesta quinta-feira (11), véspera do Dia Internacional da Juventude, o relatório Global Employment Trends for Youth 2022 constata que a pandemia exacerbou os numerosos desafios enfrentados pelos jovens de 15 e 24 anos no mercado de trabalho, que tiveram um percentual muito maior de perda de emprego do que os adultos desde o início de 2020.
O número total de jovens desempregados(as) em todo o mundo pode chegar a 73 milhões em 2022, uma ligeira melhora em relação ao ano de 2021 (75 milhões), mas ainda seis milhões acima do nível pré-pandemia de 2019, diz o relatório.
A percentagem de jovens que estão em situação de não trabalhar, não estudar e nem estar em treinamento (Nem-Nem) em 2020 – o último ano para o qual existe uma estimativa global – aumentou para 23,3%, uma alta de 1,5 ponto percentual em relação ao ano anterior e um nível não visto há pelo menos 15 anos.
Este grupo de jovens, em particular, corre o risco de que suas oportunidades e realizações no mercado de trabalho continuem a diminuir no futuro devido aos efeitos de longo prazo do aumento do desemprego juvenil. As mulheres jovens estão em uma situação pior do que os homens jovens, exibindo uma relação emprego-população muito mais baixa.
Em 2022, projeta-se que 27,4% das mulheres jovens em todo o mundo estejam empregadas, em comparação com 40,3% dos homens jovens. Isso significa que os homens jovens são quase 1,5 vezes mais propensos do que as mulheres a serem empregados. A diferença de gênero, que mostrou poucos sinais de redução nas últimas duas décadas, é maior nos países de renda média-baixa, com 17,3 pontos percentuais, e menor nos países de renda alta, com 2,3 pontos percentuais.
Diferenças regionais – A recuperação do desemprego juvenil deverá divergir entre países de baixa e média rendas, por um lado, e países de alta renda, por outro. Os países de alta renda são os únicos que devem atingir taxas de desemprego juvenil próximas às de 2019 até o final de 2022, enquanto nos outros grupos de países por renda, as taxas devem permanecer mais de um ponto percentual acima dos valores pré-crise , diz o relatório.
Na Europa e na Ásia Central (ECA), espera-se que a taxa de desemprego juvenil seja 1,5 ponto percentual superior à média mundial em 2022 – 16,4% versus 14,9%, respectivamente. Houve um progresso substancial na redução do desemprego juvenil – tanto para mulheres quanto para homens – mas os choques reais e potenciais da guerra na Ucrânia provavelmente afetarão os resultados.
A taxa de desemprego juvenil na região da Ásia e do Pacífico poderia atingir 14,9% em 2022, a mesma que a média global, embora existam divergências importantes entre as sub-regiões e os países. Nos países da América Latina, a taxa de desemprego juvenil ainda é preocupante, e poderia chegar a 20,5% em 2022.
Historicamente, as taxas de desemprego de mulheres jovens têm sido mais altas que as de homens jovens, mas a crise exacerbou essa tendência.
A situação é radicalmente diferente na América do Norte, onde se projeta que as taxas de desemprego juvenil fiquem abaixo da média mundial, em 8,3%. Na África, uma taxa de desemprego juvenil de 12,7% oculta o fato de que muitos(as) jovens optaram por se retirar completamente do mercado de trabalho. Mais de um em cada cinco jovens na África estava em situação de não trabalhar, não estudar e nem estar em treinamento (Nem-Nem) em 2020, e a tendência tem se deteriorado.
Os Estados Árabes têm a taxa de desemprego de jovens mais alta e de mais rápido crescimento em todo o mundo, projetada em 24,8% para 2022. A situação é pior para as mulheres jovens na região, com o desemprego estimado em 42,5% em 2022, uma percentagem quase três vezes mais alta que a média global para mulheres jovens (14,5%).
Futuro – Tanto as mulheres como os homens jovens podem se beneficiar do desenvolvimento das economias verde e azul (sobre o uso dos recursos dos oceanos de maneira sustentável).
De acordo com o relatório, um adicional de 8,4 milhões de empregos para jovens poderia ser criado até 2030 por meio da implementação de medidas políticas verdes e azuis. Os investimentos direcionados para tecnologias digitais também poderiam absorver um grande número de jovens trabalhadores(as).
O relatório estima que, se a cobertura universal de banda larga for alcançada até 2030, poderia haver um aumento líquido de 24 milhões de novos empregos em todo o mundo, dos quais 6,4 milhões seriam ocupados por jovens.
Investimento – Os investimentos nos setores de saúde e educação beneficiam os jovens de quatro maneiras: melhoram as perspectivas de emprego dos(as) jovens; facilitam a permanência no mercado de trabalho de jovens com responsabilidades familiares; promovem o bem-estar dos(as) jovens ao ampliar suas oportunidades de educação e de capacitação e ao melhorar os cuidados de saúde dos(as) jovens; e, como resultado de tudo mencionado anteriormente, contribuem para a diminuição da proporção de jovens “Nem-Nem”, especialmente no caso das mulheres jovens.
O relatório estima que os investimentos nos setores de assistência poderiam criar 17,9 milhões de empregos a mais para jovens até 2030, seja nos setores de assistência (14,4 milhões de empregos) como em outros setores (3,4 milhões de empregos).
O relatório conclui que a adoção de medidas verdes, digitais e de cuidados de forma conjunta, como parte de um grande impulso de investimento, poderia aumentar o produto interno bruto (PIB) global em 4,2% e poderia criar um adicional de 139 milhões de empregos para trabalhadores de todas as idades em todo o mundo, dos quais 32 milhões corresponderiam a empregos para jovens.
Trabalho decente – O investimento nesses setores deve ser acompanhado pela promoção de condições de trabalho decente para todos(as) os(as) jovens trabalhadores(as), destaca o estudo. Isso inclui garantir que os e as jovens tenham assegurados seus direitos e proteções fundamentais, incluindo liberdade sindical, direito à negociação coletiva, remuneração igual para trabalho de igual valor e erradicação da violência e do assédio no trabalho.
“A crise da COVID-19 revelou uma série de deficiências na forma como as necessidades dos jovens são abordadas, especialmente os mais vulneráveis, como os candidatos ao primeiro emprego, os que abandonaram a formação escolar, os recém-formados com pouca experiência e os que permanecem inativos não por opção”, afirmou a diretora-geral adjunta de Políticas da OIT, Martha Newton.
“O que os jovens mais precisam são mercados de trabalho que funcionem bem, com oportunidades de trabalho decente para aqueles que já estão no mercado de trabalho, bem como com educação de qualidade e oportunidades de treinamento para aqueles que ainda não ingressaram nele.”
*Crédito da imagem destacada: Legenda: Nos países da América Latina, a taxa de desemprego juvenil pode chegar a 20,5% em 2022. Foto: Agência Brasil.
#Envolverde
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