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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

EcoDebate - Edição Nº 3.898 - Edição de 31/agosto/2022

Boletim de atualização da revista eletrônica EcoDebate Edição de 31/agosto/2022 Desejamos a todos(as) um bom dia e uma boa leitura A população da Indonésia de 1950 a 2100 A Indonésia tem conseguido reduzir a percentagem da população vivendo em situação de pobreza, mas, ao mesmo tempo, tem aumentado os problemas ambientais www.ecodebate.com.br Soluções naturais ajudam a mitigar as mudanças climáticas As soluções climáticas naturais (NCS), que compreendem várias opções de manejo da terra, são abordagens para capturar carbono ou reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) www.ecodebate.com.br Natural Climate Solutions Help Mitigate Climate Change Natural climate solutions (NCS), which comprise various land stewardship options, are approaches to trapping carbon in terrestrial pools and/or reducing greenhouse gas (GHG) emissions www.ecodebate.com.br Guia sistematiza legado de destruição socioambiental dos quatro anos de governo Bolsonaro Análise faz raio X com entrevistas inéditas, dados de desmatamento, indicadores de violência e o papel das bancadas parlamentares e dos governos estaduais nos recordes de devastação www.ecodebate.com.br Aumento do nível do mar pelo degelo da Groenlândia já é irreversível As consequências de inundações costeiras catastróficas à medida que o nível do mar sobe ainda são inimagináveis para a maioria dos bilhões de pessoas que vivem em zonas costeiras www.ecodebate.com.br Sea level rise due to Greenland ice melt is already irreversible What’s going on with the Greenland ice sheet? It’s losing ice faster than forecast and now irreversibly committed to at least 27 cm of sea level rise www.ecodebate.com.br Eleições 2022 - Partidos de centro e direita têm menor diversidade racial e de gênero Na direita, das 88 candidaturas ao governo do Estado, apenas 8 são mulheres. Nas legendas do centro, não há candidatos pretos ou amarelos ou indígenas ao Senado www.ecodebate.com.br Crimes de ódio têm crescimento de até 650% no primeiro semestre de 2022 Indicadores mostram que houve mais denúncias de racismo, lgbtfobia, xenofobia, neonazismo, misoginia, apologia a crimes contra a vida e intolerância religiosa no primeiro semestre de 2022 www.ecodebate.com.br

“Índio do Buraco”, exemplo de Resistência

Por Cimi – A Terra Indígena Tanaru deve ser demarcada, em memória à luta dos povos isolados; permitir sua apropriação privada é validar o genocídio como estratégia de expropriação territorial. A Equipe de Apoio aos Povos Livres (Eapil) do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lamenta a morte do “índio Tanaru”, ou “índio do buraco”, último sobrevivente do massacre de seu povo, que foi encontrado morto no dia 24 de agosto pelos funcionários da Funai na Terra Indígena (TI) Tanaru, na região do rio Corumbiara, em Rondônia. Mais uma cultura milenar desaparece sem termos conhecimento, pelo genocídio produzido pelos fazendeiros e madeireiros no final do século passado. Em 1986, diversos relatos sobre massacres de isolados em Rondônia, sem contato com a nossa sociedade, começaram a se espalhar. Os assassinatos teriam começado com a grilagem de terras públicas e com as concessões de terras a fazendeiros na época do regime militar. Soma-se a isso a construção da estrada do sul do estado, ainda durante os anos 1970. Assassinatos que continuaram nas décadas seguintes. Preferia sua terra mãe, sua mãe natureza, escondia-se em buraco dentro de sua oca, como útero da mãe terra, local de abrigo confiável para seu descanso, espaço de segurança e amparo. O seu corpo foi encontrado pela equipe da Funai em seu barraco, deitado na rede, já sem vida. Ele vivia sozinho no seu território depois do massacre dos membros de seu povo que foram assassinados no final do século passado, e ilhado de outros povos indígenas igualmente aniquilados. Desde então era monitorado pela equipe da Funai. A morte do “Índio do Buraco” e o desaparecimento de sua cultura milenar ocorreram sem que a sociedade brasileira tivesse sido capaz de lhe dar dignidade de vida. Nesses mais de 25 anos, viveu se esquivando das violências, pois preferia as árvores, os insetos, as aves e os animais, todos, ao “homem branco” ganancioso, covarde, genocida. A sua morte é mostra cabal que o genocídio programado dos povos indígenas continua em curso com toda a sua força e virulência. O “Índio do Buraco”, a quem preferimos chamar de indígena Tanaru, morreu, assim como o seu povo foi dizimado há mais de 25 anos. Mas a sua resistência deve ser lembrada e perpetuada como símbolo da resistência de todos os povos que, na defesa da autonomia, adotam a estratégia do isolamento voluntário. Por fim, o que fazer com o corpo do “Índio do Buraco”? Afirmamos que o único destino digno para o seu corpo é a sua terra, é permitir que seja enterrado e que finalmente descanse em paz na TI Tanaru. E, o que fazer com a TI Tanaru, agora que o último indígena morreu? Demarcar este território é agora um dever do Estado, em reconhecimento pela resistência do indígena que, em si, simboliza a resistência de todos os povos isolados. Como Terra Indígena é uma categoria de Área Protegida, o reconhecimento merecido à resistência desse indígena anônimo, de um povo desconhecido, símbolo da resistência de todos os povos em isolamento voluntário, é necessário alterar a categoria de Terra Indígena para Terra Memorial Indígena Permanente, ou alguma denominação equivalente, até mesmo com a criação de uma nova categoria para área protegida. Os órgãos responsáveis pela proteção dos territórios não podem permitir que a TI Tanaru seja invadida e depredada por não indígenas, sejam empresários ou não. Se isso acontecer, será validado o genocídio como estratégia de expropriação dos territórios indígenas. A liberação do território seria a validação do genocídio como estratégia de expropriação dos territórios indígenas, permitindo, mais uma vez, que a tragédia do extermínio seja utilizada pelos inimigos dos povos indígenas como estratégia para a depredação de territórios originários de povos indígenas. Estas terras, pela preservação do meio ambiente e de formas diversas de vida, de cultura e de organização social, são áreas de interesse para manter a condição de vida sustentável não apenas para os povos que nelas vivem, mas também para a sociedade brasileira e para toda a Humanidade. O índio Tanaru morreu na dignidade da sua existência vivida em anos de isolamento, mas a memória do “povo Tanaru” permanecerá como exemplo de luta dos povos indígenas pela possibilidade de existência livre. Não podemos aceitar que os promotores do genocídio deste povo sejam beneficiados com a apropriação do território sagrado do “povo Tanaru”. A história do Brasil nos mostra que quem derruba o pau é dono do toco, também quem “limpa” o território matando seu povo originário ganha de presente do Estado brasileiro este território banhado de sangue. Não vamos aceitar que isso aconteça. Este território chamado de Terra Indígena Tanaru deve ser demarcado como símbolo de resistência e luta deste grande guerreiro. O Cimi solidariza-se com os povos indígenas livres que resistem no Brasil e conclama às autoridades para que garantam a preservação deste território e da memória do guerreiro Tanaru. #Envolverde

Jovens pesquisadores do Amazonas lançam teclado digital com caracteres de mais de 40 línguas indígenas

Software ‘Linklado’ dá suporte para a escrita e contribui para a transmissão e sobrevivência das línguas nativas da Amazônia Diversas línguas indígenas da Amazônia foram excluídas da revolução digital por terem em seu vocabulário caracteres especiais, como ʉ, ɨ, ñ, ç̀, g̃, por exemplo, além da combinação de diacríticos (sinais gráficos `,´, ~, ^, ¨) que não estão presentes na maioria dos teclados físicos e virtuais. Isso faz com que os indígenas se comuniquem por meio de áudios ou usando substitutos para esses caracteres, o que representa uma ameaça à continuidade das línguas nativas. Para resolver esse desafio, um grupo de jovens pesquisadores do Amazonas lançou o teclado digital ‘Linklado’, software que reúne caracteres especiais e diacríticos de mais de 40 línguas indígenas da Amazônia. Os idealizadores são o estudante da Universidade de Stanford (EUA), Samuel Benzecry, e o estudante do ensino médio em Manaus, Juliano Portela. Juntos eles desenharam o layout e desenvolveram o protótipo do teclado digital para o Windows e androides. Samuel é um dos jovens selecionados pela rede Ashoka, organização mundial de empreendedorismo social, que apoia o fortalecimento de habilidades para transformações que sejam positivas para a sociedade, de maneira geral. Teclado adaptado De acordo com Samuel, o teclado ‘Linklado’ é inédito. “Aparelhos Androides podem ser postos na língua Kaingang ou Nheengatu, mas isso não resolve o problema de línguas que utilizam sinais diacríticos como ü̃, muito usado na Tikuna, que é a língua indígena mais falada no Brasil”, exemplifica. O estudante acrescenta que já existiam teclados adaptados para línguas indígenas mexicanas, contudo eles não contemplam os caracteres usados pelas línguas indígenas da Amazônia. O ‘Linklado’ cobre mais de 40 línguas indígenas que possuem caracteres ou usos de acento gráfico ‘não-convencionais’, inclusive línguas de países vizinhos. Os estudantes Juliano e Samuel participaram das ‘Olimpíadas Internacional de Linguística’ e umas das atividades da competição era escrever um artigo numa língua indígena. “Foi quando eu percebi a dificuldade de transcrever alguns caracteres do papel para o word. Só depois que criamos o Linklado que consegui escrever o artigo direito”, comentou o estudante. Juliano afirmou que em apenas um dia conseguiu desenvolver o protótipo para o sistema Android.“O Samuel já tinha enviado como ficaria o layout, eu fiz uns pequenos ajustes e já enviei para ele o artigo com os caracteres. Ele ficou super animado e disse que ia apresentar para a professora”, relembrou Juliano. Conexões para uma educação transformadora A professora em questão é a bióloga e doutora em Recursos Naturais, Noemia Kazue Ishikawa, que coordena o projeto ‘Redes de mulheres indígenas tradutoras e cientistas: conexões para uma educação transformadora em ciências no Amazonas’. A pesquisa é executada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam). “Em 2008, quando coordenei um projeto na região do Alto Rio Solimões, organizei uma cartilha bilíngue Português/Tikuna. Foi a primeira vez que me deparei com a dificuldade de transcrever a escrita indígena para o computador. Desde então, eu venho abordando que era necessário um teclado para as línguas indígenas”, conta a pesquisadora. Com o atual projeto de Noemia, em parceria com a antropóloga e linguista, Ana Carla Bruno, está sendo desenvolvido a criação de uma rede de tradutoras de línguas indígenas. Essa ferramenta era essencial para solucionar a falta de caracteres em teclados de computador e/ou celular, um dos grandes desafios do projeto. “Atualmente, o Linklado pode ser um instrumento de poder nas mãos dos povos indígenas, tendo em vista que agora eles poderão utilizar os símbolos, os diacríticos, enfim os grafemas que melhor representam os sons e fonemas de suas línguas através da produção de seus próprios textos, histórias e narrativas. Neste sentido, penso que esta ferramenta pode contribuir com as ações das línguas indígenas”, argumenta Ana Carla. Linklado O nome do software é uma combinação das sílabas ‘lin’ = línguas indígenas e ‘klado’, que faz um trocadilho com a palavra ‘teclado’. Forma ainda a palavra ‘link’, que significa conexão. Conectar os falantes das línguas indígenas a um teclado que contempla o seu vocabulário é uma das formas de ajudar na transmissão e sobrevivência das línguas indígenas sul-americanas na era digital, argumentam os idealizadores. “No Amazonas temos mais de 52 línguas vivas e muitos desconhecem essa riqueza linguística. Muitas dessas línguas contam com poucos falantes, algumas centenas ou milhares, e possuem aspectos interessantíssimos. A lenta morte de várias dessas línguas causada por glotocídio, que é a marginalização de uma língua em favor de outra, o que resulta no desaparecimento gradual dessa língua, genocídios, missões, estigmatização em centros urbanos, não-passagem entre gerações ou expansão rápida de meios de comunicação, em português, acabam levando a perda rápida de muitas dessas línguas. O ‘Linklado’ seria uma forma de manter essas línguas vivas”, alerta Samuel. #Envolverde

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Itaú Unibanco e Enel firmam contrato para abastecer aproximadamente 80% das unidades do banco com energia renovável

Acordo prevê a instalação de 46 usinas de geração distribuída fotovoltaica pela Enel X para atender 1.557 agências do Itaú em 14 localidades do Brasil, além da compra de energia no mercado livre que atenderá 564 agências; A Enel Brasil, por meio da Enel X, e o Itaú Unibanco firmaram contrato para o desenvolvimento e construção de 46 usinas fotovoltaicas de geração distribuída em 14 localidades do Brasil. Com capacidade instalada total de 54,7 MWp, as plantas serão responsáveis por gerar energia limpa para 1.557 unidades do Itaú. O contrato de geração solar distribuída com o Itaú é o maior da Enel X no mundo e reforça a estratégia do Grupo Enel de atuar como facilitador sustentável da transição energética nos países em que a companhia atua, fomentando o uso de energia verde, eficiente e segura entre seus clientes e parceiros comerciais. Além disso, é mais uma iniciativa do Itaú em prol do compromisso de se tornar carbono zero até 2050. O acordo com o Itaú tem prazo de 10 anos, com possibilidade de prorrogação. Nicola Cotugno, Country Manager da Enel Brasil, explica que a eletrificação do consumo, com a substituição de combustíveis fósseis por renováveis, apoiada na eficiência energética é o caminho a ser trilhado pelas empresas e pela sociedade em todo o mundo e ressalta que o setor elétrico tem papel fundamental para apoiar essa estratégia. “O acordo com o Itaú demonstra o compromisso de dois grandes players em direção à meta de zerar as emissões de carbono. Nossa missão é auxiliar empresas de todos os portes e segmentos a atingirem suas metas de descarbonização, em linha com a urgência que o tema exige para frear o aquecimento global”, afirma Cotugno. “Oferecemos aos nossos clientes soluções integradas que garantem uma gestão inteligente e sustentável do consumo de energia, possibilitando o controle de custos, previsibilidade e redução de impactos ambientais”, conclui. “Este é mais um avanço importante na agenda ESG do Itaú Unibanco, relacionado, principalmente, ao nosso compromisso Net-Zero. Para além de questões econômicas, a parceria Itaú e Enel promove impacto positivo para o meio ambiente, além de reforçar a importância do uso de energia renovável no Brasil”, comenta Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco. O projeto de geração distribuída reafirma o compromisso sustentável de ambas as empresas, uma vez que vai evitar a emissão anual de cerca de 10 mil toneladas de CO². As usinas solares de geração distribuída serão instaladas pela Enel X nas localidades do Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará, Pará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso e Distrito Federal. Ao todo, serão mais de 75 mil painéis solares instalados e a previsão é que as usinas iniciem as operações em cerca de 12 meses. Por meio da Enel Trading, comercializadora de energia da Enel no mercado livre, o Itaú também firmou contratos de compra de energia elétrica com duração de 8 anos e quase 1 TWh de energia comercializada. Ainda entre as entregas para o Itaú, a Enel X irá implementar o sistema UBM (Utility Bill Management), que digitaliza a gestão de pagamentos da companhia, organizando em uma plataforma única todas as informações sobre contas de prestadoras de serviços, além de permitir o acompanhamento de consumo de energia e água de todas as unidades da empresa e monitorar indicadores de sustentabilidade. A gestão das faturas mensais é um desafio para empresas dos mais diversos portes e segmentos e se torna ainda mais trabalhosa para aquelas com operações distribuídas em todo o País, como é o caso do Itaú. A UBM da Enel X irá monitorar por mês as contas de utilities de cerca de 3100 unidades do banco, ou seja, mais de 6 mil faturas por mês. A plataforma do UBM também permite o acompanhamento do resultado de iniciativas desenvolvidas pelo Itaú com foco na redução do consumo de energia, como a modernização da iluminação das unidades, a instalação de sistemas de geração distribuída e a compra de energia no mercado livre, o que permite ter uma visão geral sobre a energia compensada, injetada e os custos evitados. Outros benefícios do UBM são o monitoramento de indicadores de sustentabilidade, aprimorando e agilizando o gerenciamento de metas, consumos e emissões. Além de concentrar as informações sobre gasto de água e energia, por exemplo, a plataforma agrega dados de uso de emissões e recursos para calcular e reportar a pegada de carbono. A Enel X também irá realizar consultoria e obras de infraestrutura em mais de 450 agências do Itaú para adequação ao mercado livre, seguindo os prazos regulatórios, com foco na redução dos custos e na gestão inteligente de energia. Além disso, a empresa do Grupo Enel atuará na coordenação do uso de energia no mercado livre de outras 564 unidades. “O acordo com a Enel nos possibilitará avançar de forma significativa no trabalho que temos conduzido para ampliar o uso de fontes renováveis em nossas instalações. Levaremos o uso de energia solar para um novo patamar no mercado brasileiro”, afirma Francisco Vieira, diretor de Operações e Infraestrutura de Agências do Itaú Unibanco. “Iniciativas como essa têm duas finalidades claras: a primeira é a eficiência econômica, pois nos garante maior previsibilidade nos custos de energia, ao evitar oscilações tarifárias, mas o principal objetivo é atender o compromisso que o Itaú tem com a sustentabilidade”, completa Claudio Arromatte, diretor de Patrimônio e Compras do Itaú Unibanco. Sobre a Enel X Enel X é a linha de negócios global do Grupo Enel que oferece serviços para acelerar a inovação e impulsionar a transição energética. Líder mundial no setor de soluções avançadas de energia, a Enel X gerencia serviços como resposta à demanda com 7,7 GW de capacidade em nível global e 195 MW de capacidade de armazenamento de energia em todo o mundo. No Brasil, a companhia está comprometida em fornecer soluções inovadoras em energia e serviços de valor agregado com o objetivo de impulsionar a mobilidade elétrica urbana pública, o consumo consciente e eficiente de energia e a transição para um sistema energético mais sustentável em benefício de clientes residenciais, empresas e cidades. Sobre a Enel Trading Braço de comercialização de energia do Grupo Enel no Brasil, a Enel Trading atua na oferta de produtos para consumidores que operam no mercado livre de energia, alinhando economia e sustentabilidade. A empresa está atualmente entre as três maiores comercializadoras do Brasil, e possui uma carteira diversificada de clientes dos mais diferentes setores da economia. #Envolverde

Ambev quer unir mais de 190 mil bares e restaurantes em todo o país no combate à fome

Projeto realizado junto à startup social Comida Invisível está em fase piloto no Rio de Janeiro e, além de incentivar o combate à fome, quer diminuir o desperdício de alimentos 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil e não têm certeza de quando vão conseguir fazer a próxima refeição. O percentual, que está acima da média mundial, fez com que o Brasil voltasse a figurar no Mapa da Fome das Nações Unidas. Por outro lado, cerca de 26 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente no Brasil, segundo dados da FAO/ONU. Para ajudar a minimizar o desperdício e contribuir com a alimentação de brasileiros que não têm o que comer, a Ambev fez uma parceria com a startup social Comida Invisível que vai conectar quem quer doar alimentos — neste caso, estabelecimentos como restaurantes, bares, mercados e supermercados — com quem precisa. A partir de agora, pontos de vendas da região oeste do Rio de Janeiro, cadastrados no BEES — plataforma B2B da Ambev — podem solicitar seu cadastro junto à startup social, que atua com soluções de combate ao desperdício de alimentos. “Sabemos que muitas famílias vivem em situação de insegurança alimentar e, por isso, buscamos um parceiro que nos ajudasse a dar destinação a uma parte de alimentos que normalmente seriam descartados. Temos consciência de que, com o nosso tamanho, conseguimos impulsionar muita gente para frente. Por isso, disponibilizamos aos nossos pontos de venda a possibilidade de contribuir com o trabalho realizado pela Comida Invisível”, conta Carla Crippa, Vice-Presidente da área de Impacto Positivo e Relações Corporativas da Ambev. “A parceria com a Ambev é revolucionária, com ela ganhamos a tração que a plataforma precisa. É muito gratificante uma parceria nessa magnitude, com uma empresa que entende a importância do seu papel e o impacto social e ambiental. Ficamos encantados com a receptividade e o engajamento Ambev. Um passo muito importante para um novo planeta”, comenta Daniela Leite, CEO da Comida Invisível. Os pontos de venda podem sinalizar quais alimentos estarão disponíveis para doação. De acordo com a Lei 14.016/20 é permitido doar alimentos que estejam dentro do prazo de validade (próximos do vencimento), que não tenham comprometidas sua integridade e a segurança sanitária, mesmo que haja danos à sua embalagem e tenham mantidas suas propriedades nutricionais e a segurança sanitária, ainda que tenham sofrido dano parcial ou apresentem aspecto comercialmente indesejável. A Comida Invisível também oferece apoio de nutricionistas para orientar os pontos de venda sobre quais produtos estão aptos para doação. O cadastro dos PDVs na plataforma é financiado pela Ambev, que quer disseminar a cultura da doação de alimentos em seu ecossistema. Além disso, a companhia também participa com a doação dos alimentos de seu Centro de Distribuição. Para Diogo Gomes, proprietário do bar Art Chopp, no bairro de Taquara no Rio de Janeiro, estar com a Ambev nesta iniciativa é muito mais do que uma relação comercial, é poder provocar uma mudança social. “Já tínhamos no Art Chopp algumas iniciativas de reaproveitamento do alimento, mas tenho certeza de que ainda temos muitas oportunidades dentro da cozinha e estamos muito felizes em ser um dos primeiros bares a entrar no projeto de combate à fome”, conta. A escolha do RJ para acolher a etapa inicial da iniciativa não é por acaso, já que a fome atinge 2,7 milhões de pessoas no estado. A ideia é que, após a fase piloto no Rio de Janeiro, que deve durar 3 semanas, o projeto ganhe força e seja escalado para todo o país, podendo alcançar mais de 190 mil pontos de vendas parceiros da Ambev, com potencial de doações de 570 mil toneladas de alimentos por mês. Além disso, o centro de distribuição de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, vai doar 17 toneladas de alimentos nesse primeiro mês. O projeto prevê que a Ambev também faça doações mensais via Comida Invisível, tanto do CD do Rio, como dos outros 97 centros em todo país para destinarem alimentos às ONGs. Sobre a Comida Invisível A Comida Invisível é uma startup social certificada pela FAO/ONU com o selo Save Food, que através da tecnologia, integração e processos, conecta alimentos que perderam o valor comercial com quem precisa. Com a orientação de nutricionistas, diversos pontos de venda se engajam na missão de redução do desperdício, contribuindo com uma distribuição de alimentos mais justa, além de ajudar a reduzir a emissão de gases de efeito estufa no planeta. Fonte: Parte dos dados sobre fome aqui mencionados foram extraídos do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. Veja a íntegra neste link. #Envolverde

A TERRA NÃO PRECISA DE NÓS !

Envolverde História, por Dal Marcondes – artigo publicado originalmente no Dia da Terra em 21 de abril de 2021 – Chegamos ao antropoceno, uma era geológica em que a ação humana é a maior força de transformação sobre a face do planeta Terra Já se foi o tempo dos diagnósticos em relação ao planeta Terra. Quando algumas pessoas equivocadamente se referem à luta ambiental como necessária para “salvar o Planeta” se expressa um grande equívoco. O planeta não precisa ser salvo, o que precisamos salvar é sua capacidade de seguir resiliente frente aos desatinos e desmandos da humanidade. Desde os anos 1960 os sinais de que o meio ambiente está em perigo começaram a soar. Em 1962 Rachel Carson publica “Primavera Silenciosa”, sobre os efeitos dos agroquímicos, em especial o DDT, sobre a fauna e os seres humanos. É considerado uma das pedras fundamentais do ambientalismo. Em 1972 os especialistas do Clube de Roma publicam “Os limites do Crescimento”, uma modelagem do impacto do rápido crescimento populacional sobre os recursos naturais da Terra. Os diagnósticos de que algo não vai bem no terceiro planeta seguiram dando alertas. Em 1987 a médica e ex-primeira ministra da Noruega, Gro Brundtland publica o relatório “Nosso Futuro Comum”, que explicita a necessidade de uma solidariedade intergeracional. Que as atuais gerações devem garantir que as pessoas do futuro tenham também os recursos necessários para sua sobrevivência na Terra. Em 1992, durante a “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” ou “ECO-92”, representantes de 179 países assinaram a Agenda 21, um documento que aponta para a necessidade de cooperação global para a construção de uma sociedade planetária sustentável. Ainda em 1992, em um evento paralelo da Eco-92, a primeira versão da Carta da Terra foi elaborada. Após uma ampla discussão da minuta inicial em todos os continentes por milhares de pessoas, a Carta da Terra foi lançada no ano 2000 no Palácio da Paz em Haia, capital da Holanda, com os princípios de solidariedade e harmonia que deveriam nortear a construção do futuro da humanidade sobre o planeta. Em 2000 a ONU lançou os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, com metas para melhorar a qualidade de vida e a governança global até 2015. Neste mesmo ano todos os 193 países membros da ONU adotaram formalmente a Agenda 2030 com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e suas 169 metas. Uma aposta para a melhoria da governança planetária até 2030. Não bastassem esses alertas e acordos, a partir da Eco-92 foram realizadas dezenas de COPs, Conferências das Partes, sobre Mudanças Climáticas, Biodiversidade, Camada de Ozônio (Protocolo de Montreal), Oceanos e outros temas relevantes para a segurança e bem estar da biosfera. Mesmo com todos esses alertas, tratados, protocolos e todo tipo de conferências, o planeta Terra segue sendo vilipendiado por uma espécie incapaz de reconhecer seus limites. Depois de todas as eras geológicas pelas quais a Terra passou em seus bilhões de anos, agora chegou a vez do Antropoceno, um termo formulado por Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química de 1995, que define a humanidade como a principal força transformadora do planeta. As atividades humanas estão degradando, de forma assustadora, todos os biomas da Terra e deixando marcas e detritos que impactam sobre a vida de todas as outras espécies. A humanidade é hoje o principal fator de extinção de espécies no ar, na água e no solo. Não há mais necessidade de diagnósticos, todos estão feitos, e os prognósticos não são bons. No dia da Terra as pessoas precisam compreender que o Planeta Terra não precisa de nós humanos, somos nós que precisamos dele. A continuarmos nessa trilha de destruição em algum momento o planeta se livra de nós e segue seu caminho pelos bilhões e anos à frente. A pandemia que atravessamos deveria servir como o alerta definitivo de que a natureza tem mecanismos de defesa, e está disposta a usá-los. Devemos agradecer e venerar esse pequeno planeta azul, nosso lar nesse imenso universo. Dal Marcondes é jornalista, diretor da Agência Envolverde, especialista em meio ambiente, mestre em modelagem de negócios digitais e conselheiro do ICLEI. (Envolverde)

Um terço da perda de vegetação nativa do Brasil aconteceu nos últimos 37 anos

Por Observatório do Clima – Entre 1985 e 2021, o Brasil perdeu 13,1% de vegetação nativa, entre florestas, savanas e outras formações não florestais. Esse território foi ocupado pela agropecuária, que agora responde por um terço do uso da terra no Brasil. Tais mudanças se revertem em uma série de desafios enfrentados pelo país na gestão do uso da terra e que o MapBiomas debate em evento nesta sexta-feira (26), no lançamento da Coleção 7 dos mapas anuais de cobertura e uso da terra do Brasil feita a partir de imagens de satélite e que passa a incorporar dados de 2021. Entre as principais constatações está o fato de que as alterações causadas pela ação do homem entre 1985 e 2021 foram muito intensas: elas correspondem a um terço (33%) de toda a área antropizada do país desde o Descobrimento. Nesse período, o Brasil passou de 76% de cobertura da terra de vegetação nativa (florestas, savanas e outras formações não florestais), para 66%. Por outro lado, a área ocupada por agropecuária cresceu de 21% para 31% do país, com destaque para o crescimento de 228% das áreas de agricultura e que agora representam 7,4% do território nacional. Outra tendência constatada foi a redução da superfície de água: nos últimos 30 anos (1991 a 2021), houve uma perda de 17,1%. O fenômeno ocorre especialmente no Pantanal, que é fortemente influenciado, por exemplo, pela variação da umidade gerada na evapotranspiração das árvores da Amazônia. “Essa tendência de rápidas transformações representa grandes desafios para que o país possa se desenvolver e ocupar o território com sustentabilidade e prosperidade ”, explica Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas. “A ocupação do solo e a produção rural precisam ser compatibilizadas com a conservação dos biomas ”, completa. A Coleção 7 do MapBiomas mostra que o processo de conversão de vegetação nativa em áreas de lavoura e pastagens foi mais intenso em algumas regiões, com destaque nos anos recentes para o Matopiba – área com predominância de Cerrado entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – e a Amacro, na Amazônia Legal, entre os estados do Acre, Amazonas e Rondônia, e no Pampa no Rio Grande do Sul. No Matopiba se concentra 56,2% da perda de vegetação nativa no Cerrado nos últimos 20 anos. Já na Amacro a perda de florestas aumentou fortemente na última década, representando 22% da perda de cobertura florestal na Amazônia contra 11% no período de 2000-2010. E o Pampa é o bioma de maior transformação proporcional tendo sua área de vegetação nativa reduzida de 61,3% para 46,3% em 37 anos. Mesmo tendo como vegetação predominante os campos nativos que são plenamente compatíveis com a atividade pecuária, o Pampa vem sendo convertido para o cultivo agrícola, especialmente de soja e os plantios de eucalipto e pinus. Em todo o Brasil, entre 1985 e 2021 houve um acréscimo de 42,2 milhões de hectares de pastagem e 43,6 milhões de hectares de agricultura, o que representou um aumento de 39% da área de pastagem e 228% na agricultura. “Apesar de 72% da área de expansão da agricultura ter ocorrido sobre terras já antropizadas, principalmente pastagens, é importante ressaltar que 28% da mudança para lavoura temporária se deu sobre desmatamento e conversão direta de vegetação nativa”, afirma Laerte Ferreira, professor da Universidade Federal de Goiás e coordenador da Equipe de Mapeamento de Pastagem e do GT Solos do MapBiomas. No caso da floresta amazônica, a importância das terras indígenas para sua preservação é destaque: a imagem da ocupação da terra desse bioma já permite ver contornos de algumas delas, como o mosaico de TIs que forma um corredor entre o sul do Pará e o norte de Mato Grosso. A nova coleção de dados do MapBiomas indica que a perda de vegetação nativa em territórios indígenas foi de apenas 0,8% entre 1985 e 2021, contra 21,5% fora de áreas protegidas na Amazônia. Apesar de 66% do território ser coberto por vegetação nativa, isso não significa que essas áreas sejam na totalidade conservadas. A análise da evolução das mudanças de uso da terra ao longo dos anos aponta que pelo menos 8,2% de toda vegetação nativa existente é vegetação secundária, ou seja, são áreas que já foram desmatadas pelo menos uma vez nos últimos 37 anos ou já estavam desmatadas em 1985. Na Mata Atlântica, a proporção de vegetação secundária sobe para 27%. Por outro lado, foi constatado que a interrupção do processo de recuperação da vegetação nativa com novos desmatamentos também já é bem significativa, representando 32,9% do desmatamento na última década. A Coleção 7 do MapBiomas traz mapas e dados anuais sobre a evolução de 27 classes de cobertura e uso da terra no Brasil desde 1985 a 2021 e inclui também módulo contendo dados sobre a evolução anual do desmatamento, vegetação secundária, irrigação, mineração e qualidade das pastagens. Entre as novidades da plataforma neste ano estão o módulo de visualização em 3D projetado sobre o relevo e ferramentas de análise temporal dos dados que permitem explorar com mais detalhes e profundidade as transformações que acontecem no território brasileiro. “Os satélites nos ajudam a revelar os desafios de como expandir a agropecuária sem desmatamento, como proteger os recursos hídricos e como ocupações urbanas podem ser mais seguras e menos desiguais ”, explica Julia Shimbo, Coordenadora Científica do MapBiomas e Pesquisadora do IPAM. Você pode encontrar mapas e gráficos em https://plataforma.brail.mapbiomas.org Sobre MapBiomas: iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas. Todos os dados, mapas, métodos e códigos do MapBiomas são disponibilizados de forma pública e gratuita no site da iniciativa: mapbiomas.org. *Crédito Imagem destacada: Claudio Angelo/ OC #Envolverde

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Mudança Climática – Ondas de calor aumentam a demanda por energia

Devido às mudanças climáticas, ondas de calor mais frequentes aumentarão a demanda global por eletricidade em 7% até 2050 e em 18% até 2100, exigindo investimentos consideráveis em energia ou fortes estratégias de mitigação. Fondazione Centro Euro-Mediterraneo sui Cambiamenti Climatici* Um novo estudo publicado hoje na Nature Communications por pesquisadores do Centro Euro-Mediterrâneo de Mudanças Climáticas, da Universidade Ca’ Foscari de Veneza , do Instituto Europeu de Economia e Meio Ambiente e da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres conclui que a adaptação às mudanças climáticas exigirá mais energia do que o estimado anteriormente, levando a maiores investimentos e custos de energia. Evitar essa carga energética adicional é outro benefício importante da mitigação ambiciosa que até agora permaneceu negligenciada na academia, no debate público e nas negociações internacionais . Este novo estudo lança luz sobre um ponto cego da transição energética e da implementação de políticas climáticas: as necessidades de adaptação reduzirão a eficácia da política de mitigação do clima , sendo, portanto, necessário rever essas políticas levando em conta as mudanças evidentes nas condições climáticas. Os pesquisadores envolvidos examinaram como as respostas às mudanças climáticas afetarão os sistemas de energia e, portanto, o alcance das metas de mitigação, incluindo seus custos econômicos. Estimar o tamanho das necessidades futuras de energia para adaptação às mudanças climáticas tem implicações importantes para a transição para a sustentabilidade e economias descarbonizadas. Francesco Pietro Colelli , principal autor do estudo, destaca que “a adaptação às mudanças climáticas por meio de ajustes nos hábitos energéticos, como fizemos no passado, aumentará a demanda global por eletricidade em 7% até 2050 e em 18% em 2100. Como grande parte de nossa energia ainda vem de carvão, gás e petróleo, existe o risco de que esse aumento leve a que mais capital físico seja bloqueado em combustíveis fósseis, correspondendo a cerca de 30 a 35 novas grandes usinas a gás e 10-15 novas grandes usinas a carvão e óleo a cada ano entre agora e 2050.” Na Europa , o aumento da procura de eletricidade para arrefecimento será mais do que compensado pela diminuição da procura de combustíveis para aquecimento, conduzindo a uma redução de 6% na procura final de energia até ao final do século. Ainda assim, entre agora e 2050, sob as atuais políticas climáticas, são necessários € 235 bilhões adicionais em investimentos e despesas operacionais em geração e transmissão de energia para fornecer a eletricidade adicional necessária para resfriamento. Mudança Climática - Ondas de calor aumentam a demanda por energia,ecodebate,Henrique Cortez,Devido às mudanças climáticas,ondas de calor mais frequentes aumentarão a demanda global por eletricidade em 7% até 2050 e em 18% até 2100,ondas de calor,impactos das ondas de calor,consequências das ondas de calor,ondas de calor energia,mudança climática,mudanças climáticas,energia,Ondas de calor aumentam a demanda por energia,ondas de calor mais frequentes aumentarão a demanda global por eletricidade,demanda global por eletricidade Enrica De Cian , coautora do estudo e líder de um projeto ERC europeu dedicado à crise de resfriamento, ENERGYA , explica que “a adaptação através do ar condicionado também exigiria mais recursos para investimentos na rede e geração de energia. Os custos gerais de geração de eletricidade, incluindo investimentos em capacidade, redes, combustível, custos de operação e manutenção, aumentarão 21% ao longo do século. Os custos adicionais do lado da oferta serão repassados ​​aos consumidores por meio de aumentos no preço da eletricidade em torno de 2%-6% devido ao feedback de adaptação-energia em diferentes regiões. Políticas ambiciosas de mitigação podem reduzir em mais da metade o aumento dos custos do sistema energético induzido pela adaptação, dependendo do rigor da meta climática. Por causa dos benefícios em termos de necessidades de adaptação reduzidas, os custos para descarbonizar o sistema elétrico em cenários ambiciosos de mitigação seriam menores do que as estimativas anteriores , e se tornariam negativos em cenários bem abaixo de 2 graus, apontando para ganhos líquidos em termos dos custos do sistema de energia.” Colelli salienta por fim que “a adaptação induz variações nos mercados de energia que acabam por resultar em uma mudança nas emissões globais e regionais de gases de efeito estufa de cerca de 7% cumulativamente de 2020 a 2100. Como consequência da variação nas emissões, caminhos de mitigação ambiciosos veem um aumento no preço global do carbono entre 5% e 30%. ” Esse aspecto pode e deve ter implicações importantes para as negociações internacionais sobre mudanças climáticas. Detalhes técnicos Ao integrar o “loop de feedback de adaptação-energia” no modelo Híbrido de Mudança Técnica Induzida pelo Mundo – WITCH, o estudo é um dos primeiros a integrar totalmente as necessidades de energia para adaptação endogenamente nas vias de mitigação, de modo que o desenho da política climática seja diretamente influenciado por necessidades de energia de adaptação. Os resultados indicam que a adaptação climática pode levar a uma maior demanda de energia, custos do sistema de energia e preços de carbono, com os benefícios da mitigação compensando os custos de descarbonização. Mudança Climática - Ondas de calor aumentam a demanda por energia,ecodebate,Henrique Cortez,Devido às mudanças climáticas,ondas de calor mais frequentes aumentarão a demanda global por eletricidade em 7% até 2050 e em 18% até 2100,ondas de calor,impactos das ondas de calor,consequências das ondas de calor,ondas de calor energia,mudança climática,mudanças climáticas,energia,Ondas de calor aumentam a demanda por energia,ondas de calor mais frequentes aumentarão a demanda global por eletricidade,demanda global por eletricidade Link para o artigo científico Colelli, F.P., Emmerling, J., Marangoni, G. et al. Increased energy use for adaptation significantly impacts mitigation pathways. Nat Commun 13, 4964 (2022). https://doi.org/10.1038/s41467-022-32471-1 Henrique Cortez *, tradução e edição. in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Medida Provisória 1116 ameaça empregabilidade jovem às vésperas das eleições

Está prevista para a próxima semana a votação da MP 1116, medida provisória, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, que ameaça a empregabilidade do jovem. A expectativa é que, se aprovada, a medida extinguirá 600 mil oportunidades de aprendizes em todo Brasil. Os artigos expressos nos capítulos VII e VIII do texto reduzem a cota obrigatória, dificultam a fiscalização e traz um prazo excessivo de quatro anos para as empresas que não cumpriam suas cotas o fazerem. O texto ainda descaracteriza o objetivo do programa e estabelece a suspensão de multa para empresas que não cumprem a cota obrigatória; condição especial para setores com baixa contratação de aprendizes; contabilização artificial do aprendiz mesmo após a sua efetivação na empresa; contabilização do dobro de aprendizes, caso o jovem ou adolescente seja vulnerável, entre outros. De acordo com o Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, a medida provisória é um retrocesso aos avanços trazidos pela Lei da Aprendizagem que já não é cumprida em sua totalidade. Segundo pesquisa do CIEE, encomendada à FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, em 2017, a média nacional do cumprimento da cota da aprendizagem era de 2%. Os estados não ultrapassaram a margem de 2,9%, quando a cota mínima obrigatória é de 5%. Lei da Aprendizagem Criada em 2000, a Lei da Aprendizagem se trata da única política pública que combate a evasão escolar e o trabalho infantil, e exige que os estudantes sejam regularmente matriculados em instituições de ensino, ou já tenham concluídos os estudos. São elegíveis para o programa jovens e adolescentes entre 14 e 24 anos incompletos em situação de vulnerabilidade. Aliado ao trabalho, os jovens recebem capacitação semanal e quinzenal, onde desenvolvem soft e life skills. CIEE 58 anos – Transformando vidas, construindo futuros Desde sua fundação, há 58 anos, o CIEE se dedica à capacitação profissional de estudantes por meio de programas de estágio. Em 2003, abriu uma nova frente socioassistencial com a aprendizagem. Em paralelo, mantém uma série de ações socioassistenciais voltada à promoção do conhecimento e fortalecimento de vínculos de populações prioritárias. #Envolverde

Zona Leste de São Paulo ganha projeto de Jardins Comestíveis

Obra de arte de Jean Paul Ganem e Bia Goll ocupa 5.000 m² no Parque Linear Guaratiba com canteiros ornamentais Desde o dia 20 de agosto, quem passa pelo Parque Municipal Linear Guaratiba, em Guaianases, Zona Leste de São Paulo, pode observar uma nova paisagem. Na data, aconteceu a inauguração da obra de Land Art ‘Renda Guaianás’, que cobrirá quase 20% da área total do parque, com canteiros ornamentais (e comestíveis), marcando o início da 1ª edição do projeto Jardins Comestíveis, iniciativa do Fértil Coletivo. Idealizada em uma parceria do artista Jean Paul Ganem – referência em Land Art – e a eco cozinheira permacultora Bia Goll, a obra é a materialização de um conjunto de ações que envolvem arte, permacultura, alimentação e fortalecimento comunitário. Jardins Comestíveis, Renda Guainás foi viabilizado pelo patrocínio da Diagonal, por meio do Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (Pro-Mac), da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo — SMC. “Por meio da arte e da educação, esse projeto tem o potencial de transformar a realidade de quem vive na região e mudar a forma como se relacionam com o seu próprio território. Acreditamos que melhorar a relação entre as pessoas e seu ambiente é o caminho para fortalecer os indivíduos e empoderá-los para construir um futuro melhor. Por isso, apoiar esse projeto é para nós mais uma forma de promover impacto social positivo”, diz Álvaro Jucá, co-fundador e co-presidente da Diagonal. Conceito Artístico O artista traçou no solo do parque desenhos que fazem lembrar refinados jardins de castelos franceses. O lugar ganhou cores e formas compostas por 2.000 caixotes de feira recheados de plantas que formam mini – hortas. Em uma vista aérea, cada caixote forma um pixel do desenho. As mini-hortas serão doadas para os moradores do entorno. Nesse momento a obra se dissipa, mas “a experiência vira uma semente que plantamos na cabeça das pessoas”, explica Jean Paul Ganem. Entre os legados intangíveis ficam o fortalecimento da Horta da Vila Nancy, produtora das mudas; a formação de jovens em oficinas transversais à obra e a proposição de uma nova relação entre parque e seu público. Jardins Comestíveis e Jardins Guaratiba A plataforma de projetos Jardins Comestíveis intersecciona arte, permacultura e gastronomia para realizar ações de fortalecimento e visibilização de comunidades urbanas em situação de vulnerabilidade. Para isso, trabalha junto a iniciativas já existentes nos territórios por onde passa. O projeto coloca o tema da produção e consumo de comida no centro de suas ações para atuar como vetor na ressignificação da relação dos moradores de grandes centros urbanos com a comida, a cidade, os espaços públicos e suas paisagens. No Parque Guaratiba, o Fértil Coletivo aplica as diretrizes do projeto para deixar um legado social e artístico na região de Guaianases. Em parceria com a Horta Comunitária da Vila Nancy, situada a 2,5km do parque, foram produzidas 8.400 mudas de plantas utilizadas na obra. Além da geração de renda e divulgação do trabalho, o projeto tangibilizou, pela primeira vez, a produção de mudas em grande escala, o que impactou na perspectiva de renda dos envolvidos, que mesmo em um terreno de 6 mil m² e 33 anos de existência, operavam em pequena escala. Para elevar o impacto o projeto prevê oficinas gratuitas de jardinagem, permacultura, comunicação e gastronomia, que serão realizadas entre agosto e setembro, para mais de 350 pessoas. Embora direcionadas principalmente aos moradores da região, qualquer pessoa poderá participar. Em 25 de setembro, acontece a celebração de encerramento do projeto Renda Guainás no Parque Guaratiba. No entanto, obedecendo a lógica permacultural, os 2.000 caixotes com as mudas comestíveis serão doados para moradores da comunidade, com o convite para que utilizem o material para começar uma mini-horta em suas casas. O projeto conta com o apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente — SVMA, da Secretaria Executiva de Limpeza Urbana – SELIMP/Subprefeituras, além do Consulado Francês e do Dia da Terra Brasil. Mais informações:Link Serviço Exposição da obra de ‘Land Art’ Renda Guaianás Parque Municipal Linear Guaratiba Entrada Gratuita Endereço: Rua Salvador Gianetti, 305 Horário de Funcionamento: 6h às 22h Acessibilidade: Acessibilidade em banheiros, rampa de acesso ao parque e áreas de circulação. Jean Paul Ganem. O artista franco-tunisiano, responsável por mais de 50 obras de Land Art ao redor do mundo, realizou projetos como o Le Jardin des Capteurs, em Montreal, que com o apoio da Prefeitura local e do Cirque du Soleil, implantou obra em um aterro sanitário, revitalizando o espaço e integrando pessoas da comunidade penitenciária. Realizou também projetos que relacionam Gastronomia e Paisagismo (Singhampton Project – Canadá), além de projetos que visam a apropriação e ressignificação da relação entre as comunidades e áreas do entorno (Le Jardin des Fissures, projeto no qual o desenho de uma fábrica desativada, da qual o entulho por mais de 20 anos serviu como um playground perigoso para as crianças, foi revisitado com o plantio de um jardim). Já realizou obras na França, na Espanha, no Canadá, na Alemanha e no Brasil. Aqui trabalhou na revitalização do Boulevard externo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 2010. Em 2012, realizou a obra “Caminho do Rio” no Jardim Botânico de São Paulo. Desde 2017 realiza trabalhos como “Espelhos D´Água” e “Movimento Infinito” na Fazenda Serrinha, interior de São Paulo. Bia Goll. Cozinheira e permacultora, por oito anos foi proprietária do restaurante Otto Bistrot (SP), espaço de ousadia gastronômica e social, onde usava ingredientes não industrializados e organizava eventos com produtores, aulas de permacultura, gastronomia, exposições, apresentações de arte e atitude sustentável. Idealizadora do projeto Pomares (2021-2015), com o qual realizou oficinas de permacultura em escolas públicas e privadas para alunos, pais e funcionários. Entre 2016 e 2018 ajudou a produzir exposições de Food Art no Brasil, Paris, Berlim e Cidade do México. Responsável pelo projeto AlimentAÇÃO, da prefeitura de São Paulo, impactou, desde 2018, mais de 30 mil pessoas, levando comida saudável e consciência ecológica para as comunidades de baixa renda da capital paulista. Bia é uma das idealizadoras do Festival de Agricultura Urbana de São Paulo. Sobre a Diagonal A Diagonal é uma consultoria pioneira no planejamento e gestão de projetos de impacto socioambiental nos setores público e privado, por meio de uma metodologia inovadora de gestão socioambiental que combina conhecimento interdisciplinar, olhar humanizado, tecnologia e abordagem integrada, desde o diagnóstico à implementação. No mercado há 31 anos, é uma empresa de atuação nacional e internacional, com mais de 600 colaboradores com especializações nas áreas social, ambiental, urbanística, jurídica, econômica e de engenharia. Já atuou em 21 países e trabalhou diretamente com cerca de 1.000.000 de famílias, em 760 municípios. Entre seus principais clientes, estão empresas como Braskem, Nexa, Vale, Kinross, Hydro, Ecovias, Fibria, Bunge, diversas construtoras, além de representantes do setor público como a Prefeitura de Salvador, Prefeitura de Recife, Prefeitura de São Paulo, Governo do Estado de São Paulo, e empresas mistas como CPTM, Dersa, CDHU entre outros. Com sede em São Paulo, possui escritórios em Recife e Maputo, Moçambique. #Envolverde

Fora da regulação do mercado, savana é a vegetação mais desmatada no Cerrado

Tipo de vegetação ocupa ⅓ do bioma e responde por mais de 75% dos desmatamentos de conversão para a agropecuária, mostra a nova coleção do MapBiomas Brasil, lançada nesta sexta (26). A vegetação do tipo savana concentrou 78% da área desmatada no Cerrado diretamente para o pasto e o plantio de soja entre 2010 e 2021. Com uma mescla característica de árvores e arbustos, as savanas ocupam 30% do bioma, que também é composto por vegetações do tipo florestal (14%), campestre (5%) e áreas úmidas (3%). Os números são da Coleção 7 da iniciativa MapBiomas Brasil, lançada nesta sexta-feira (26), e preocupam diante de um cenário que exclui vegetações savânicas da regulação de mercado e acordos internacionais para rastreamento de produtos oriundos do desmatamento. De 1985 a 2021, as savanas perderam cerca de 25% da cobertura original, ou 20 milhões de hectares, uma área maior que o estado do Paraná. No mesmo período, as vegetações florestais do Cerrado perderam 15% da cobertura, ou 5 milhões de hectares, área aproximada do Distrito Federal. O Cerrado tem ainda 53% de vegetação nativa. Outros 47% do bioma estão cobertos por uso antrópico, de atividades humanas – sendo 45,5% só de uso agropecuário com pastagem e agricultura. Entre esses dois tipos de uso da terra, foi a agricultura que teve o maior crescimento em área no Cerrado desde 1985, com mais 24,4 milhões de hectares ocupados nos últimos 37 anos, uma expansão de 504%. “Apesar da formação savânica ser a cobertura predominante no Cerrado, é urgente protegê-la e criar mecanismos para acabar com seu desmatamento, já que estamos observando um rápido avanço da pastagem e do cultivo de grãos sobre essa vegetação”, analisa Julia Shimbo, pesquisadora no IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora científica no MapBiomas. Uma das novidades na Coleção 7 do MapBiomas Brasil é a análise das trajetórias da vegetação nativa, que é como se fosse um histórico do comportamento do desmatamento e da dinâmica da conversão de terras para uso antrópico do Cerrado. Desde 1985, pesquisadores apontam que 20% do bioma foi desmatado e convertido diretamente ao uso agropecuário, tendo assim permanecido nos últimos 37 anos – ou seja, as áreas desmatadas não deixaram de ser ocupadas pela agropecuária em nenhum momento. No mesmo período, 16% do Cerrado foi cenário de alternâncias entre ganho e perda de vegetação nativa ao longo dos anos – um comportamento que pode combinar desmate, abandono e uso da terra. A maior parte da vegetação nativa do Cerrado encontra-se dentro de propriedades rurais privadas, 60%, o que indica a relevância desses locais na formulação de políticas voltadas à conservação do bioma. Outros 24% da vegetação nativa estão em áreas sem informação de categoria fundiária e 11% dentro de áreas protegidas. “Quase ¼ da vegetação nativa do Cerrado está no vazio fundiário. Pela dificuldade de responsabilização, essas áreas são as mais vulneráveis a degradação e à grilagem de terras, de modo que a regularização fundiária e a ampliação de áreas protegidas são passos fundamentais para a conservação do Cerrado”, destaca Dhemerson Conciani, pesquisador no IPAM e no MapBiomas. Matopiba concentra fogo, desmatamento e soja A fronteira agrícola do Matopiba concentrou 60% da área desmatada e 66% da área queimada no Cerrado entre 2010 e 2021. Região que compreende os estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, ocupa 30% da área total do Cerrado e guarda 45% da vegetação nativa remanescente do bioma. Foi no Matopiba que ocorreu 47% da conversão direta de áreas de vegetação nativa para uso agropecuário no Cerrado na última década. Também entre 2010 e 2021, a região concentrou pouco mais de 80% de todas as conversões diretas para plantio de soja ocorridas no bioma. A análise do MapBiomas indica ainda que ao menos 67% do Matopiba já queimou uma vez desde 1985. “O Matopiba vem concentrando grande parte das mudanças de uso da terra no Cerrado, além da maior parte do fogo provocado por atividade humana no bioma. Essas conversões estão seguindo um rumo diferente do observado em outras regiões, não para pasto, nem para agricultura, mas direto da vegetação nativa para a soja. Os dados demonstram claramente a necessidade de maior engajamento do setor de commodities agrícolas em seu papel na conservação da vegetação nativa do Brasil”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora das iniciativas MapBiomas Cerrado e MapBiomas Fogo. * Crédito imagem destacada: Trator desmatando área de savana no Cerrado (Foto: Acervo IPAM/Ivan Canabrava/Illuminati Filmes) #Envolverde

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Zona Leste de São Paulo ganha projeto de Jardins Comestíveis

Obra de arte de Jean Paul Ganem e Bia Goll ocupa 5.000 m² no Parque Linear Guaratiba com canteiros ornamentais Desde o dia 20 de agosto, quem passa pelo Parque Municipal Linear Guaratiba, em Guaianases, Zona Leste de São Paulo, pode observar uma nova paisagem. Na data, aconteceu a inauguração da obra de Land Art ‘Renda Guaianás’, que cobrirá quase 20% da área total do parque, com canteiros ornamentais (e comestíveis), marcando o início da 1ª edição do projeto Jardins Comestíveis, iniciativa do Fértil Coletivo. Idealizada em uma parceria do artista Jean Paul Ganem – referência em Land Art – e a eco cozinheira permacultora Bia Goll, a obra é a materialização de um conjunto de ações que envolvem arte, permacultura, alimentação e fortalecimento comunitário. Jardins Comestíveis, Renda Guainás foi viabilizado pelo patrocínio da Diagonal, por meio do Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (Pro-Mac), da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo — SMC. “Por meio da arte e da educação, esse projeto tem o potencial de transformar a realidade de quem vive na região e mudar a forma como se relacionam com o seu próprio território. Acreditamos que melhorar a relação entre as pessoas e seu ambiente é o caminho para fortalecer os indivíduos e empoderá-los para construir um futuro melhor. Por isso, apoiar esse projeto é para nós mais uma forma de promover impacto social positivo”, diz Álvaro Jucá, co-fundador e co-presidente da Diagonal. Conceito Artístico O artista traçou no solo do parque desenhos que fazem lembrar refinados jardins de castelos franceses. O lugar ganhou cores e formas compostas por 2.000 caixotes de feira recheados de plantas que formam mini – hortas. Em uma vista aérea, cada caixote forma um pixel do desenho. As mini-hortas serão doadas para os moradores do entorno. Nesse momento a obra se dissipa, mas “a experiência vira uma semente que plantamos na cabeça das pessoas”, explica Jean Paul Ganem. Entre os legados intangíveis ficam o fortalecimento da Horta da Vila Nancy, produtora das mudas; a formação de jovens em oficinas transversais à obra e a proposição de uma nova relação entre parque e seu público. Jardins Comestíveis e Jardins Guaratiba A plataforma de projetos Jardins Comestíveis intersecciona arte, permacultura e gastronomia para realizar ações de fortalecimento e visibilização de comunidades urbanas em situação de vulnerabilidade. Para isso, trabalha junto a iniciativas já existentes nos territórios por onde passa. O projeto coloca o tema da produção e consumo de comida no centro de suas ações para atuar como vetor na ressignificação da relação dos moradores de grandes centros urbanos com a comida, a cidade, os espaços públicos e suas paisagens. No Parque Guaratiba, o Fértil Coletivo aplica as diretrizes do projeto para deixar um legado social e artístico na região de Guaianases. Em parceria com a Horta Comunitária da Vila Nancy, situada a 2,5km do parque, foram produzidas 8.400 mudas de plantas utilizadas na obra. Além da geração de renda e divulgação do trabalho, o projeto tangibilizou, pela primeira vez, a produção de mudas em grande escala, o que impactou na perspectiva de renda dos envolvidos, que mesmo em um terreno de 6 mil m² e 33 anos de existência, operavam em pequena escala. Para elevar o impacto o projeto prevê oficinas gratuitas de jardinagem, permacultura, comunicação e gastronomia, que serão realizadas entre agosto e setembro, para mais de 350 pessoas. Embora direcionadas principalmente aos moradores da região, qualquer pessoa poderá participar. Em 25 de setembro, acontece a celebração de encerramento do projeto Renda Guainás no Parque Guaratiba. No entanto, obedecendo a lógica permacultural, os 2.000 caixotes com as mudas comestíveis serão doados para moradores da comunidade, com o convite para que utilizem o material para começar uma mini-horta em suas casas. O projeto conta com o apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente — SVMA, da Secretaria Executiva de Limpeza Urbana – SELIMP/Subprefeituras, além do Consulado Francês e do Dia da Terra Brasil. Mais informações:Link Serviço Exposição da obra de ‘Land Art’ Renda Guaianás Parque Municipal Linear Guaratiba Entrada Gratuita Endereço: Rua Salvador Gianetti, 305 Horário de Funcionamento: 6h às 22h Acessibilidade: Acessibilidade em banheiros, rampa de acesso ao parque e áreas de circulação. Jean Paul Ganem. O artista franco-tunisiano, responsável por mais de 50 obras de Land Art ao redor do mundo, realizou projetos como o Le Jardin des Capteurs, em Montreal, que com o apoio da Prefeitura local e do Cirque du Soleil, implantou obra em um aterro sanitário, revitalizando o espaço e integrando pessoas da comunidade penitenciária. Realizou também projetos que relacionam Gastronomia e Paisagismo (Singhampton Project – Canadá), além de projetos que visam a apropriação e ressignificação da relação entre as comunidades e áreas do entorno (Le Jardin des Fissures, projeto no qual o desenho de uma fábrica desativada, da qual o entulho por mais de 20 anos serviu como um playground perigoso para as crianças, foi revisitado com o plantio de um jardim). Já realizou obras na França, na Espanha, no Canadá, na Alemanha e no Brasil. Aqui trabalhou na revitalização do Boulevard externo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 2010. Em 2012, realizou a obra “Caminho do Rio” no Jardim Botânico de São Paulo. Desde 2017 realiza trabalhos como “Espelhos D´Água” e “Movimento Infinito” na Fazenda Serrinha, interior de São Paulo. Bia Goll. Cozinheira e permacultora, por oito anos foi proprietária do restaurante Otto Bistrot (SP), espaço de ousadia gastronômica e social, onde usava ingredientes não industrializados e organizava eventos com produtores, aulas de permacultura, gastronomia, exposições, apresentações de arte e atitude sustentável. Idealizadora do projeto Pomares (2021-2015), com o qual realizou oficinas de permacultura em escolas públicas e privadas para alunos, pais e funcionários. Entre 2016 e 2018 ajudou a produzir exposições de Food Art no Brasil, Paris, Berlim e Cidade do México. Responsável pelo projeto AlimentAÇÃO, da prefeitura de São Paulo, impactou, desde 2018, mais de 30 mil pessoas, levando comida saudável e consciência ecológica para as comunidades de baixa renda da capital paulista. Bia é uma das idealizadoras do Festival de Agricultura Urbana de São Paulo. Sobre a Diagonal A Diagonal é uma consultoria pioneira no planejamento e gestão de projetos de impacto socioambiental nos setores público e privado, por meio de uma metodologia inovadora de gestão socioambiental que combina conhecimento interdisciplinar, olhar humanizado, tecnologia e abordagem integrada, desde o diagnóstico à implementação. No mercado há 31 anos, é uma empresa de atuação nacional e internacional, com mais de 600 colaboradores com especializações nas áreas social, ambiental, urbanística, jurídica, econômica e de engenharia. Já atuou em 21 países e trabalhou diretamente com cerca de 1.000.000 de famílias, em 760 municípios. Entre seus principais clientes, estão empresas como Braskem, Nexa, Vale, Kinross, Hydro, Ecovias, Fibria, Bunge, diversas construtoras, além de representantes do setor público como a Prefeitura de Salvador, Prefeitura de Recife, Prefeitura de São Paulo, Governo do Estado de São Paulo, e empresas mistas como CPTM, Dersa, CDHU entre outros. Com sede em São Paulo, possui escritórios em Recife e Maputo, Moçambique. #Envolverde

Arara Azul: quando a natureza tem assistentes

Envolverde História, por Dal Marcondes – Reportagem produzida em 2005 para o Projeto Terramérica, um suplemento de jornalismo ambiental apoiado pelo Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e produzido para os países de língua espanhola pela agência Inter Press Sevice (IPS) e, em português, editado pela Agência Envolverde. O Pantanal sofre graves ameaças, com desmatamento sem controle realizado por empreendimentos agropecuários e a extinção de espécies que são endêmicas. O Projeto Arara Azul, coordenado pela bióloga Neiva Guedes é exemplo de garra e determinação na luta pela preservação de espécies magníficas que são alvo fácil de caçadores e traficantes de animais. Em 1989, quando a bióloga Neiva Guedes encontrou pela primeira vez um bando de araras azuis pousado em uma árvore no Pantanal teve início um caso de amor à primeira vista. “Foi uma visão de muita beleza”, conta emocionada esta batalhadora, que depois de 16 anos dedicados ao trabalho de preservação desta espécie contabiliza uma vitória numérica. Eram cerca de 1500 indivíduos em 1990 e hoje a contagem chega a 5.000 graças principalmente a Neiva e a seu time de colaboradores que diariamente vasculha as entranhas do Pantanal no Mato Grosso do Sul em busca de ninhos e vestígios da presença da arara azul. “Atualmente estamos monitorando permanentemente mais de 500 ninhos e mantendo um relacionamento muito próximo com os fazendeiros e com os peões que trabalham nas fazendas”, conta Neiva. Para ela os pantaneiros, pessoas que vivem e trabalham no Pantanal são os melhores aliados para a preservação da arara azul, que está entre as espécies animais mais ameaçadas do planeta. Foto de Marie Stafford No Brasil existem populações de araras azuis no Pantanal, na Amazônia, no Piauí, Tocantins e Bahia. Apenas no Pantanal no o trabalho de preservação conta com a ajuda estruturada de uma equipe, o Projeto Arara Azul, com apoio da UNIDERP (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), que contratou Neiva Guedes como pesquisadora e seu principal auxiliar, o ex-militar Cezar Corrêa. Nos outros locais onde ocorrem a arara azul a situação é muito grave, segundo Neiva. Na Amazônia a ave é uma das principais presas de caçadores, traficantes de animais e índios em busca de penas para seu artesanato. Neiva conta que uma vez que esteve no Pará encontrou exemplares da Arara Azul presos em gaiolas apenas para ter suas penas arrancadas a cada vez que cresciam, uma maneira de se ter um abastecimento constante de penas para artesanato. A arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus) se destaca não só pela beleza, mas por ser a maior do mundo: aproximadamente um metro da ponta do bico à cauda e cerca de 1,3 quilo de peso. tráfico de animais é um dos principais inimigos desta ave majestosa. Um exemplar com saúde pode chegar a valer 10 mil euros na Europa, cerca de R$ 33 mil. No entanto, para que apenas um indivíduo chegue com vida a este mercado, dezenas morrem pelo caminho, porque a captura é feita nos ninhos, com os filhotes muito pequenos ou ainda em ovos. “A arara azul reproduz apenas a cada dois anos e o filhote precisa ficar sob os cuidados dos pais até 18 meses”, conta Neiva. Para ela a ação dos órgãos de fiscalização contra o tráfico de animais ainda é muito precária e não consegue impedir a ação dos bandidos. “Uma vez em cativeiro a arara azul se comporta como um gatinho”, explica a bióloga, e este é um dos principais motivos pelo qual elas são tão valiosas no mercado negro. Existem estimativas que apontam para a captura de mais de 10 mil exemplares de araras azuis nos anos 80. Hoje o tráfico diminuiu um pouco no Pantanal, mas ainda há a ameaça de indígenas que capturam o animal para usar suas penas em adornos e artesanato que são vendidos aos turistas. Em um pequeno posto de venda de artesanato na cidade de Miranda, ao ver penas de araras em peças de artesanato, a bióloga franze a testa. Sabe que não são penas coletadas no solo, que naqueles artefatos podem estar penduradas penas de algumas de suas araras. Ali podem ser perdidos anos de trabalho, apenas porque não se respeita a lei que proíbe o uso de penas de aves ameaçadas de extinção para a fabricação de qualquer tipo de produto, seja por artesãos indígenas como ou por industriais paulistas. Foto Dal Marcondes Porém, mesmo com as ameaças ainda presentes, quem anda pelo Pantanal pode hoje avistar destas aves, sempre voando aos pares. É que elas são monogâmicas e depois que escolhem um companheiro ou companheira não mais se separam. Estarão sempre juntas buscando alimento, as palmeiras de acuri e bocaiúva, cujas castanhas são seus únicos alimentos desde que nascem até a morte. E não é apenas na alimentação que estas aves são tão especializadas. Seu habitat no Pantanal também é muito específico, fazem ninhos principalmente em árvores de manduvi que têm uma madeira macia que permite às araras ampliarem pequenos buracos que encontram em seus caules. Cezar Correa, que diariamente percorre cerca de 10 ninhos de araras no Pantanal explica que esta especialização de habitat também é um problema para a preservação da espécie. O manduvi para estar pronto para receber um ninho de arara já deve ter quase 100 anos. Antes disto a madeira ainda é muito dura e as aves não conseguem fazer o buraco para se aninhar”, conta. Isto quer dizer que as árvores que estão sendo usadas como ninho hoje foram plantadas no final do século XIX e início do século XX. E qualquer projeto para ampliar a oferta de ninhos para a araras azuis deve ser feito pensando um século à frente. Desmatamento A limpeza rasa do solo, realizada por tratores arrastando correntes, é uma das ameaças mais graves aos habitats não apenas das araras azuis, mas de centenas de outras espécies pantaneiras. E este tipo de ocupação predatória está tornando-se cada vez mais comum na região, um dos ecossistemas mais frágeis do Brasil. “Os investidores de fora compram a terra e acreditam que podem produzir gado nas mesmas condições de pastagens que implantaram em ecossistemas de cerrado e Mata Atlântica”, diz Neiva. “Mas não dá certo, tem de respeitar o Pantanal, seu ciclo de águas, sua fauna e flora”, explica. Contudo, este procedimento predatório arranca pela raiz centenas de pés de manduvi e, com eles, os ninhos, que não servem apenas às araras azuis, mas também às araras vermelhas, aos gaviões, às corujas e aos patos. Para tentar diminuir este déficit o Projeto Arara Azul trabalha na criação de ninhos artificiais para suprir uma demanda cada vez maior por parte das aves que dependem deste ninho para a reprodução. “Tentamos vários formatos, mas apenas recentemente tivemos sucesso com um tipo de ninho artificial”, explica Neiva Guedes. Este ninho é uma caixa de madeira que deve ser colocada no tronco principal do manduvi, como se fosse um buraco de arara natural. Das conversas com os pantaneiros vêm as histórias de transformação que a região vem sofrendo ns últimos anos. Os velhos proprietários de terra estão deixando suas heranças para os filhos, que seguem dois caminhos. O primeiro é buscar ampliar a produtividade de um pedaço menor de terra, uma vez que a fazenda original foi dividida. Para isto ampliam o desmatamento e buscam aumentar suas áreas de criação e pastagem. Contudo, este não é o maior predador. Normalmente é gente que conhece a terra e faz um desmatamento seletivo, preservando as árvores importantes e as matas ciliares. O pior acontece quando os herdeiros não têm interesse em seguir com as tradições dos pais e vendem as terras para grupos de fora, principalmente empresas de agropecuária que chegam buscando o lucro rápido e não têm nenhum compromisso com a terra. “Estes são os piores, chegam de avião, reclamam do calor, dos mosquitos e querem ir embora o mais rápido possível”, diz Neiva. Bióloga em trabalho de inspeção de ninhos e cuidados com os fillhotes Os olhares da mídia estão muito focados nos desmatamentos na Amazônia, mas um passeio rápido pelo Pantanal mostra cenários de desolação. Não apenas em novos desmatamentos, mas nos exemplos de fracasso de antigas intervenções equivocadas. São milhares de hectares de terras que tornam-se alagados na cheia e que estão com sua flora devastada e sem a capacidade de suprir a fauna local com frutos e abrigo. O peão Carlos Camilo, nascido e criado no Pantanal, que há 15 anos é capataz de uma fazenda na região, conta que antes havia mais onças, cervos e animais grandes. “Hoje tá rareando”, diz. Para ele o desmatamento é a principal causa do sumiço das espécies. Orgulhoso, ele se aproxima da equipe do Projeto Arara Azul que chega para monitorar um ninho perto de sua casa. Na conversa com os técnicos passa informações preciosas sobre o comportamento das aves e diz que além do ninho, aquele manduvi abriga mais de 30 indivíduos que vêm no final da tarde para passar a noite em seus galhos. O trabalho Quando uma equipe do Projeto Arara Azul chega próximo a um ninho, o casal de araras azuis faz muito barulho, mas geralmente se afasta pra permitir que a cavidade seja inspecionada. Escalar as árvores é um trabalho arriscado, feito com equipamento de rapel e usando uma técnica desenvolvida pela própria Neiva. Uma vez no ninho o técnico faz uma inspeção de seu estado, se não tem nenhum tipo de infestação e, se houver um filhote, este é baixado para ser identificado pelas biólogas. A própria Neiva ou as estagiárias que atuam no projeto. A pequena ave é anilhada, identificada com um chip subcutâneo, tem uma amostra de seu sangue retirada para exames e devolvida ao ninho. A partir daí ela será monitorada pelo projeto durante toda a sua vida. Sempre que for encontrada, um equipamento tem com ler a poucos metros os dados de seu chip e dizer aos pesquisadores as principais informações sobre o animal. Neiva Guedes, criadora e diretora do Projeto Arara Azul Neiva alerta que mesmo que tenhamos dados sobre todas as araras azuis, isto não quer dizer que saibamos como elas vão se comportar. Segundo ela são animais com personalidade própria e cada indivíduo ou casal tem uma forma de viver e se relacionar com os humanos. A maioria é muito dócil, se mantém a uma pequena distância enquanto seu ninho é monitorado e retorna assim que os humanos se retirarem para voltar a cuidar e alimentar seu filhote. As pequenas ararinhas ficam no ninho por pouco mais de cem dias, quando então dão seus primeiros vôos e passam a acompanhar os pais até completarem dezoito meses. Até os seis meses serão alimentadas pelos pais, que as ensinam a voar, a buscar alimentos e a defenderem-se de predadores. Os dezoito meses representam para as araras azuis o mesmo que s dezoito anos significam para os humanos. É com esta idade que elas deixam a companhia dos pais e juntam-se a um bando de “solteiros”. “Os teens do Pantanal”, brinca Neiva. Neste bando elas continuam seu aprendizado de vida e é lá também que vão encontrar o companheiro ou companheira para toda a vida. Na natureza uma arara azul pode chegar a 35 anos e vai viver na companhia de seu parceiro até morte. As pesquisas do Projeto Arara Azul Mostram que a monogamia é absoluta entre estes animais. O início do Projeto Neiva conta que o início do Projeto Arara Azul não foi fácil, tinha um pequeno recurso do WWF para a compra de alguns equipamentos e passava dias viajando pelo Pantanal de carona com os fazendeiros da região. Sem um veículo e trabalhando sozinha, Neiva logo chamou a atenção sobre a dignidade e relevância de seu trabalho. Um importante apoio veio quando um engenheiro da montadora Toyota ficou sabendo do projeto e conseguiu que a empresa cedesse um jipe Bandeirante no início dos anos 90. “Foi a independência e um grande salto para o projeto”, lembra Neiva, que foi sozinha até a fábrica no ABC Paulista buscar o veículo. “Nossa, nunca suei tanto na minha vida, além de ter de dirigir no trânsito de São Paulo. Tinha de aprender como funcionava o Bandeirante”, conta. Premiada e reconhecida internacionalmente pela importância e relevância de seu trabalho, Neiva mantém um distanciamento crítico em relação a projetos de preservação mantidos por governos e instituições públicas. Para ela é importante que os cientistas e pesquisadores recebam apoio, mas mantenham sua autonomia para a realização dos trabalhos. Qualquer ingerência política atrapalha. Hoje, além da Toyota, quem em 2002 trocou o Bandeirante por duas caminhonetes Hilux e no ano passado renovou estes veículos, trocando-os por modelos mais recentes, o projeto hoje conta com o apoio do WWF, que paga o salário de estagiárias, das pousadas Caiman e Ararauna, que servem como suporte logístico para a atuação das equipes que visitam os ninhos de araras e acolhem os visitantes que desejam conhecer o trabalho desta equipe de ajudantes da natureza. Desde sua criação, o Projeto recebeu biólogos de vários países e alunos das mais conceituadas universidades brasileiras. Hoje Neiva sabe que sem o suporte decisivo de empresas comprometidas com a sustentabilidade o trabalho de monitoramento e preservação de aves no Pantanal, ou em qualquer região do Brasil não é possível. “No caso das araras azuis, os ninhos chegam a estar a 50 quilômetros de distância entre si, precisamos de veículos todo terreno para passar por lugares onde nunca nem se sonhou em construir estradas”, explica Neiva com a concordância de Cezar. As duas caminhonetes do Projeto Arara Azul mais parecem bois bravos de rodeios saltando pelas trilhas do Pantanal, carregando sua preciosa carga de dignidade e esperança. A construção do futuro O Projeto Arara Azul conta atualmente com uma equipe formada pela bióloga Neiva Guedes, por seu assistente Cezar Corrêa, a bióloga Andréa Macieira Carvalho, a estagiária Renata Boss, a educadora ambiental Neliane Guedes Corrêa, irmã de Neiva, e a bióloga Grace Ferreira da Silva. Este time de valentes tem feito a diferença na preservação da arara azul em uma pequena parte do Pantanal. No entanto há ainda muito a ser feito em outras partes do mesmo Pantanal, principalmente ao Norte, nas regiões de incidência da arara azul no Piauí, Tocantins e Bahia, e na Amazônia. Para isto Neiva estima a necessidade de dez equipes trabalhando e não apenas uma. “Hoje já detemos muito conhecimento sobre esta espécie, não estamos mais partindo do zero, é preciso treinar equipes, equipá-las e montar estratégias de trabalho em todas as regiões”, explica Neiva. Equipe de campo do Projeto Arara Azul Uma equipe para sair sozinha a campo precisa de pelo menos um ano de trabalho junto com o pessoal que já está atuando. Para manter uma estrutura como esta será necessário muito mais recursos, um investimento importante e que certamente dá muito resultados para seus apoiadores e financiadores. Este projeto já recebeu, entre outros prêmios, o Prêmio Von Marthius, na categoria Natureza, e Neiva Guedes foi a primeira mulher brasileira a receber do príncipe Bernhard, da República dos Países Baixos, o título de dama integrante da Ordem da Arca Dourada (Golden Ark Knighthood), em reconhecimento ao trabalho de conservação da arara-azul ( Anodorhynchus hyacinthinus). A Ordem dos Cavaleiros da Arca Dourada foi criada em 1971, por sua alteza real Príncipe Bernhard, para reconhecer os esforços de ambientalistas e cientistas na conservação dos recursos naturais em todo o mundo. os próximos anos o Projeto Arara Azul certamente continuara a servir como referência para os esforços de preservação de espécies ameaçadas em todo o planeta. Sua estrutura e capacidade operacional é modelo e deve ser replicado com a criação de novas equipes dedicadas à arara azul e a qualquer outra espécie. Atualmente os conhecimentos detidos por esta equipe já são socializados com pesquisadores que estudam morcegos, gaviões, onças e muitos outros animais e plantas. Links importantes: www.projetoararaazul.org.br https://www2.uniderp.br/projetos/arara.html https://www.caiman.com.br/caiman/new-portugues/conservacao/ararazul.asp https://www.mma.gov.br/ascom/ultimas/index.cfm?id=355 https://www.escolavesper.com.br/arara%20azul.htm https://www.caiman.de/01_05/art_1/index_pt.shtml *O jornalista Dal Marcondes, da Agência Envolverde, viajou ao Pantanal a convite da Toyota e do Projeto Arara Azul.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Um terço das grandes bacias subterrâneas a caminho do esgotamento

Cerca de um terço das maiores bacias de água subterrânea da Terra estão sendo rapidamente esgotadas pelo consumo humano, apesar de haver poucos dados precisos sobre a quantidade de água que permanece nelas, de acordo com dois novos estudos liderados pela Universidade da Califórnia, Irvine (UCI), usando dados da NASA Satélites Gravity Recovery and Climate Experiment (GRACE). Por Alan Buis, Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, e Janet Wilson, Universidade da Califórnia, Irvine Isso significa que segmentos significativos da população da Terra estão consumindo água subterrânea rapidamente sem saber quando ela pode acabar, concluem os pesquisadores. Os resultados foram publicados na Water Resources Research. “As medições físicas e químicas disponíveis são simplesmente insuficientes”, disse o professor e investigador principal da UCI, Jay Famiglietti, que também é cientista sênior de água no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia. “Dada a rapidez com que estamos consumindo as reservas mundiais de água subterrânea, precisamos de um esforço global coordenado para determinar quanto resta”. Os estudos são os primeiros a caracterizar de forma abrangente as perdas globais de água subterrânea com dados do espaço, usando leituras geradas pelos satélites gêmeos GRACE da NASA. O GRACE mede quedas e saliências na gravidade da Terra, que são afetadas pela massa de água. No primeiro artigo, os pesquisadores descobriram que 13 dos 37 maiores aquíferos do planeta estudados entre 2003 e 2013 estavam sendo esgotados enquanto recebiam pouca ou nenhuma recarga. Os aquíferos mais sobrecarregados estão nas áreas mais secas do mundo, onde as populações recorrem fortemente à água subterrânea. Espera-se que as mudanças climáticas e o crescimento populacional intensifiquem o problema. Oito foram classificados como “estressados ​​demais”, com quase nenhum reabastecimento natural para compensar o uso. Outros cinco foram considerados “extremamente” ou “altamente” estressados, dependendo do nível de reabastecimento em cada um. Esses aquíferos ainda estavam sendo esgotados, mas tinham um pouco de água fluindo de volta para eles. Os aquíferos mais sobrecarregados estão nas áreas mais secas do mundo, onde as populações recorrem fortemente à água subterrânea. Espera-se que as mudanças climáticas e o crescimento populacional intensifiquem o problema. “O que acontece quando um aquífero altamente estressado está localizado em uma região com tensões socioeconômicas ou políticas que não podem suprir o declínio do abastecimento de água com rapidez suficiente?” perguntou Alexandra Richey, a principal autora de ambos os estudos, que conduziu a pesquisa como estudante de doutorado da UCI. “Estamos tentando levantar bandeiras vermelhas agora para identificar onde o gerenciamento ativo hoje pode proteger vidas e meios de subsistência futuros”. A equipe de pesquisa – que incluiu coautores da NASA, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, da Universidade Nacional de Taiwan e da UC Santa Barbara – descobriu que o Sistema Aquífero Árabe, uma importante fonte de água para mais de 60 milhões de pessoas, é o mais sobrecarregado em o mundo. O aquífero da Bacia do Indo, no noroeste da Índia e Paquistão, é o segundo mais sobrecarregado, e a Bacia de Murzuk-Djado, no norte da África, é o terceiro. O Vale Central da Califórnia, muito usado para a agricultura e sofrendo rápido esgotamento, estava um pouco melhor, mas ainda foi rotulado como altamente estressado no primeiro estudo. “Como estamos vendo na Califórnia agora, dependemos muito mais das águas subterrâneas durante a seca”, disse Famiglietti. “Ao examinar a sustentabilidade dos recursos hídricos de uma região, devemos absolutamente levar em conta essa dependência.” Em um artigo complementar publicado hoje na mesma revista, os cientistas concluem que o volume total restante das águas subterrâneas utilizáveis ​​do mundo é pouco conhecido, com estimativas que geralmente variam muito. O volume total de água subterrânea é provavelmente muito menor do que as estimativas rudimentares feitas décadas atrás. Ao comparar suas taxas de perda de água subterrânea derivadas de satélite com os poucos dados existentes sobre a disponibilidade de água subterrânea, os pesquisadores encontraram grandes discrepâncias no “tempo de esgotamento” projetado. No sobrecarregado Sistema Aquífero do Noroeste do Saara, por exemplo, as estimativas de tempo para esgotamento variaram entre 10 anos e 21.000 anos. “Na verdade, não sabemos quanto está armazenado em cada um desses aquíferos. As estimativas de armazenamento restante podem variar de décadas a milênios”, disse Richey. “Em uma sociedade com escassez de água, não podemos mais tolerar esse nível de incerteza, especialmente porque as águas subterrâneas estão desaparecendo tão rapidamente.” O estudo observa que a escassez de águas subterrâneas já está levando a danos ecológicos significativos, incluindo rios esgotados, declínio da qualidade da água e terras em declínio. Os aquíferos subterrâneos estão normalmente localizados em solos ou camadas rochosas mais profundas abaixo da superfície da Terra. A profundidade e a espessura de muitos grandes aquíferos tornam difícil e caro perfurar ou alcançar o leito rochoso e entender onde a umidade atinge o fundo. Mas tem que ser feito, dizem os autores. Para ler os artigos técnicos, acesse aqui e aqui . O GRACE é uma missão conjunta com o Centro Aeroespacial Alemão e o Centro Alemão de Pesquisa em Geociências, em parceria com a Universidade do Texas em Austin. O JPL desenvolveu a espaçonave GRACE e gerencia a missão para a Diretoria de Missões Científicas da NASA, em Washington. Saiba mais sobre o GRACE aqui e aqui . Tendências de armazenamento de água subterrânea para os 37 maiores aquíferos da Terra Tendências de armazenamento de água subterrânea para os 37 maiores aquíferos da Terra, em estudo liderado pela UCI usando dados da NASA GRACE (2003 – 2013). Destes, 21 ultrapassaram os pontos de inflexão de sustentabilidade e estão sendo esgotados, com 13 considerados significativamente em dificuldades, ameaçando a segurança e a resiliência hídricas regionais. Crédito: UC Irvine/NASA/JPL-Caltech Henrique Cortez *, tradução e edição. in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/08/2022

Projeto Coral Vivo lança o ‘Guia do Naturalista do Litoral Sul da Bahia

O livro, que busca instigar o interesse das crianças pela natureza, estará disponível para download gratuito a partir do dia 26 de agosto no site do Coral Vivo Observar as marés e o caminho do sol, identificar a direção do vento, olhar para o céu e sentir a natureza através do tato e dos cheiros deveriam fazer parte do dia a dia das crianças e de todos nós. Para estimular o interesse, curiosidade e o espírito investigativo de crianças e jovens, o Projeto Coral Vivo, patrocinado pela Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, lança o “Guia do Naturalista do Litoral Sul da Bahia”, escrito por suas coordenadoras Thaïs Hokoç M. De Melo e Débora de Oliveira Pires, com ilustrações em aquarela de Laura Nery e design de Silvia Negreiros. Este lançamento precioso do Instituto Coral Vivo — que se destaca cada vez mais na produção de obras voltadas para a conservação marinha — traz informações e atividades lúdicas sobre os cinco ecossistemas litorâneos: manguezal, restinga, faixa de areia, poça de maré e recife de coral. A obra estará disponível para download gratuito no site do Projeto Coral Vivo, a partir do dia 26 de agosto. A ideia de produzir o livro surgiu de Thaïs Hokoç, que mora no Sul da Bahia há mais de 20 anos e é também professora e coordenadora de uma escola de Ensino Fundamental. Em suas caminhadas pela praia, em mergulhos nos recifes de coral, na conversa com alunos e professores, no encantamento dos turistas que visitam a região, ela se inspirou para produzir uma obra com conteúdo inédito, ricamente ilustrada, simples e cativante, e para isso convidou Débora, sua mestra e fundadora do Coral Vivo, para que juntas criassem um livro que despertasse a curiosidade, o respeito e o amor das crianças e jovens sobre o espetacular litoral da Bahia. Com linguagem simples, o Guia do Naturalista detalha cada ecossistema litorâneo e nos faz refletir sobre nossa relação com o meio ambiente. No final do livro, há 11 propostas de atividades lúdicas e interativas para crianças e jovens. Pessoas de 2 a 100 anos podem ser fisgadas pelo guia e se esbaldar explorando um dos litorais mais lindos do mundo! São desde atividades menos complexas, como a observação do céu ou a construção de esculturas de areia, até a elaboração de um objeto de espionagem submarina, que instiga os leitores a produzirem suas próprias máscaras de mergulho. Editora: Instituto Coral Vivo (publicacoes@coralvivo.org.br) Autoras: Thaïs Hokoç M. de Melo & Débora de Oliveira Pires (texto) & Laura Nery (ilustrações) Formato: A4 (facilita a impressão a partir do PDF) — 21 X 29,7cm Número de páginas: 80 (4 cores) Faixa etária: 8 + anos ISBN 978-65-995357-3-4 SOBRE AS AUTORAS THAÏS H. M. DE MELO nasceu no Rio de Janeiro, em 1978. Graduou-se em Biologia Marinha pela UFRJ e logo depois mudou-se para o Sul da Bahia, onde vive até hoje. Tem como missão compartilhar seu amor pela natureza, principalmente pelos ambientes costeiros. Trabalha com o turismo de observação de baleias, levando pessoas para conhecer e admirar as jubartes em seu ambiente natural durante seu período de reprodução e cria nas águas cálidas da Bahia. É coordenadora pedagógica e uma das sócias do Centro Educacional de Arraial d’ Ajuda, escola em que já foi professora de Ciências e na qual suas filhas estudaram. Já exerceu diversas funções no Projeto Coral Vivo e, hoje, é sua Coordenadora de Educação. As vivências e trocas com alunos, turistas e moradores de Cumuruxatiba e Arraial d’ Ajuda, Bahia a inspiraram a escrever esse guia. DÉBORA PIRES nasceu no Rio de Janeiro, em 1958. É doutora em ciências biológicas e sempre focou suas atividades em zoologia marinha. É também professora titular aposentada do Museu Nacional/UFRJ. Publicou vários artigos científicos em periódicos nacionais e internacionais, além de livros e capítulos de livros. Atuou em publicações de artigos e livros de divulgação científica e também em políticas públicas, destacando-se seu envolvimento na criação de várias unidades de conservação marinha. Fundou o Projeto Coral Vivo, junto com Clovis Castro, em 2003, atuando em sua rede de pesquisas e como Coordenadora de Comunicação por 16 anos. Atualmente é Coordenadora de Criação e Produção do projeto, no qual faz também a consultoria científica de todas as publicações. LAURA NERY nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1956. Graduou-se em Desenho Industrial pela EBA-UFRJ. Em sua vida profissional sempre atuou como designer gráfico. Sua trajetória vai desde pequenos e médios escritórios de design a empresas de varejo, moda, educação e instituições financeiras. É pós-graduada em Design de Estampas pelo Senai-Cetiqt e, desde 2015, dedica-se a pintura em aquarela. Frequentou o ateliê Chiaroscuro de Chiara Bozzetti, e atualmente, frequenta o ateliê online de Walber Feijó, buscando sempre desenvolver habilidades, conhecimentos e aprimorar a caprichosa técnica da pintura em aquarela. Este é o seu primeiro livro ilustrado. SOBRE O PROJETO CORAL VIVO O Projeto Coral Vivo é patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e trabalha com pesquisa, educação, políticas públicas, comunicação e sensibilização para a conservação e a sustentabilidade socioambiental dos ambientes coralíneos do Brasil. Concebido no Museu Nacional/UFRJ, tem parceria com 13 universidades e institutos de pesquisa. Está vinculado ao Instituto Coral Vivo, que atua na coordenadação executiva do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais). Além disso, o Projeto Coral Vivo integra a Rede BIOMAR, junto com os projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Golfinho Rotador e Meros do Brasil. Também patrocinados pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, eles atuam de modo complementar na conservação da biodiversidade marinha do Brasil. As ações do Projeto Coral Vivo são viabilizadas também pelo copatrocínio do Arraial d’Ajuda Eco Parque. O Coral Vivo faz parte também da Rede de Conservação das Águas da Guanabara e Entorno (REDAGUA), que reúne, igualmente, projetos patrocinados pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. A rede tem como objetivo promover a conservação da biodiversidade, prestação de serviços ecossistêmicos, restauração ambiental, pesquisa, educação ambiental, inclusão social e comunicação na região da Baía de Guanabara e entorno, sendo constituída pelos Projetos Coral Vivo, Guapiaçu, Meros do Brasil e Uçá. Mais informações no site do Coral Vivo. Entenda melhor sobre os recifes e ambientes coralíneos no canal do Youtube do Coral Vivo. #Envolverde

Neoenergia realiza Olimpíada Nacional de Eficiência Energética em escolas públicas e privadas

Competição organizada em conjunto com outras companhias de energia está com inscrições abertas até 21 de outubro Professores e alunos do 8º e do 9º ano do ensino fundamental, de escolas públicas e privadas, já podem se inscrever para a segunda edição da Olimpíada Nacional de Eficiência Energética (ONEE 2022). A competição é uma iniciativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e conta com a realização das distribuidoras da Neoenergia e outras concessionárias do país, e com a coordenação do Instituto da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (IAbradee). O objetivo é levar aos participantes informações sobre os cuidados com a energia elétrica e fomentar os hábitos de consumo consciente. Os interessados devem confirmar a participação até o dia 21 de outubro, neste link: https://onee.org.br/olimpiada. Para se prepararem para a disputa, os participantes contam com uma formação específica feita por meio de uma plataforma digital. A ferramenta é composta por três módulos voltados para os professores e três módulos para os alunos, que contemplam assuntos como: introdução à energia e suas transformações; fontes e matrizes energéticas; produção/geração de energia e consumo consciente; e ações de eficiência energética e combate ao desperdício. Já a avaliação acontece em duas etapas, sendo a primeira seguindo o conceito de “gamificação”, com desafios que permitem ao aluno a aplicação de práticas cotidianas de consumo consciente de energia elétrica e sustentabilidade. Na segunda etapa, são realizadas as provas. Ao fim, os participantes com melhor desempenho receberão certificados e serão premiados com notebooks, bolsas de estudo, medalhas e menções honrosas. Os vencedores da área de abrangência de cada distribuidora participarão de uma solenidade de encerramento na sede da Aneel, em Brasília. Para a Neoenergia, o apoio à Olimpíada se conecta ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número 7, ação global das Organizações das Nações Unidas (ONU) que visa o fornecimento de energia limpa e acessível. “A conscientização sobre o uso racional de energia elétrica é um dos principais objetivos da Neoenergia e a ONEE é uma grande oportunidade de fazermos com que esses conhecimentos fundamentais cheguem a mais pessoas. Nosso compromisso com a iniciativa é contribuir para que haja cada vez mais consumidores conscientes, que aprendem no presente e, no futuro, poderão ser multiplicadores de boas práticas de uso da energia elétrica e da sustentabilidade”, declara Ana Christina Mascarenhas, gerente de Eficiência Energética da Neoenergia. Tanto no ano passado, na primeira edição, como em 2022, a Neoenergia Coelba, distribuidora da Neoenergia que atende mais de 6 milhões de clientes na Bahia, foi a responsável por submeter à Aneel o projeto da ONEE. A primeira edição contou com mais de 40 mil inscrições, de estudantes de 120 municípios. Para esta segunda etapa, a expectativa é de que o número se multiplique, com mais de 180 mil inscritos de ao menos 500 municípios de todas as regiões do país. Poderão participar os estudantes de todos os estabelecimentos de ensino em que houver pelo menos um professor credenciado. SOBRE A NEOENERGIA: Companhia de capital aberto com ações (NEOE3) negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Parte do grupo espanhol Iberdrola, a empresa atua no Brasil desde 1997, sendo atualmente uma das líderes do setor elétrico do país. Presente em 18 estados e no Distrito Federal, seus negócios estão divididos nas áreas de geração, transmissão, distribuição e comercialização. As suas distribuidoras, Neoenergia Coelba (BA), Neoenergia Pernambuco (PE), Neoenergia Cosern (RN), Neoenergia Elektro (SP/MS) e Neoenergia Brasília (DF) atendem a mais de 15,9 milhões de clientes, o equivalente a uma população superior a 37 milhões de pessoas. A Neoenergia possui 4 GW de capacidade instalada em geração, sendo 88% de energia renovável, e está implementando mais 0,7 GW com a construção de novos parques eólicos e solar. Em transmissão, são 2,3 mil km de linhas em operação e 4,3 mil km em construção. Por meio do Instituto Neoenergia, fomenta o desenvolvimento sustentável a partir de ações socioambientais e, assim, contribui para a melhoria da qualidade de vida das comunidades onde a empresa atua, sobretudo, pessoas mais vulneráveis, visando sempre pelo desenvolvimento sustentável. Como parte do compromisso para ampliar a participação da mulher na sociedade, a companhia apoia as seleções brasileiras femininas de futebol e o campeonato Brasileirão Feminino Neoenergia. Desde janeiro de 2021, integra a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 – Brasil, Bolsa, Balcão – que reúne companhias que possuem as melhores práticas de governança e sustentabilidade corporativa. #Envolverde

Brasil tem 18 anos para ampliar o índice de reciclagem de 4% para 48

O Brasil tem os próximos 18 anos, até 2040, para alcançar a taxa de reciclagem de 48% dos resíduos que produz, deixando para trás o índice atual de 4%. Essa importante meta está no Plano Nacional dos Resíduos Sólidos (Planares), regulamentado por decreto federal em abril deste ano, que prevê também a extinção dos lixões em dois anos, até 2024. A proposta é de reciclar mais de 100 mil toneladas de resíduo sólido urbano por dia em 2040, quase metade do gerado hoje no país. A missão é desafiadora levando em conta que há quase 3 mil lixões operando no Brasil e que 40% do resíduo gerado tem destino inadequado. Os 4% de reciclagem do Brasil é bem menor que o índice registrado em países com faixa de renda e desenvolvimento econômico similar, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que reciclam cerca de 16% do lixo que produzem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA), e muito abaixo de taxas como a da Alemanha, que recicla aproximadamente 67% dos resíduos. O Panorama dos Resíduos Sólidos 2021, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostra que 26% das cidades brasileiras não têm nenhuma iniciativa de coleta seletiva e entre os 74% restantes, muitos contam com um serviço ainda insuficiente. A Abrelpe avaliou, em 2019, que os recicláveis não aproveitados no Brasil, enviados para aterros e lixões, poderiam gerar recursos de R$ 14 bilhões por ano. Avanços Autoridade em reciclagem no Brasil, o gestor ambiental Telines Basílio, o Carioca, lembra que levou 12 anos entre a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) até a regulamentação do Planares. Basílio é um dos 22 catadores que fundaram a Coopercaps (Cooperativa de Coleta Seletiva da Capela do Socorro). Segundo ele, o grande avanço de 2010 para 2022 é que o Planares cria o Programa Nacional de Logística Reversa, conjunto de procedimentos para o setor empresarial recolher e encaminhar resíduos, no pós-venda ou pós-consumo, para destinação correta. O Programa cria um banco de dados de todos os setores da economia, no qual as empresas vão inserir seus resultados em um sistema unificado. Dessa forma, explica Basílio, o país terá acesso garantido às informações para compreender como está o desenvolvimento da logística reversa. De acordo com o gestor ambiental, o primeiro e talvez mais relevante ponto do novo decreto é entender que o Planares traz importantes instrumentos para incentivar o país a sanar problemas ambientais, sociais e econômicos, que surgem em decorrência do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Ele cita que a lei prevê redução do volume de resíduos e sugere hábitos sustentáveis de consumo, além de um conjunto de ações que ampliam a reciclagem e a destinação correta dos itens não recicláveis. “De forma simples, o que a lei sugere é que todos nós, pessoas físicas, jurídicas ou órgãos públicos, temos um papel indispensável na construção de uma economia verde, que tem a reciclagem como uma de suas bases. Do nosso lado, como cidadãos, temos de sempre separar e descartar corretamente nossos resíduos, fazendo com que a coleta seletiva seja funcional”, afirma Basílio. O objetivo é desencadear melhorias ambientais e sociais ao promover a redução no volume de resíduos gerados, aumentar a renda dos catadores de recicláveis e otimizar a infraestrutura das cooperativas e associações de catadores. Desafio Em linhas gerais, o Planares propõe reduzir, reutilizar e reciclar, por meio de ações como compostagem, recuperação e reaproveitamento. O maior desafio para alcançar as metas do plano, segundo o gestor ambiental, é fazer com que a reciclagem se torne uma prática comum no território brasileiro. Segundo ele, os desafios são a falta de conhecimento da população sobre a reciclagem, pouca oferta de coleta seletiva pelo país, dificuldade em alcançar uma maior viabilidade econômica e ausência de estrutura. Em resumo, as tecnologias e a lei existem, é preciso efetivamente utilizá-las e colocá-las em prática. “Isso não ocorre de forma rápida. Precisamos de um plano de longo prazo e de responsabilidade compartilhada. Todos nós temos a nossa parcela de responsabilidade”, afirma Basílio. Ainda de acordo com o gestor ambiental, ainda não é possível falar em lixo zero, mas é preciso começar. “Temos que caminhar na direção dos 5 erres: recuse, reduza, reutilize, recupere e recicle. Isso pode levar uma vida inteira, gerações talvez, mas o importante é que cada um de nó Cooperativas s façamos a nossa parte”, diz. Cooperativas Embora o Brasil ainda esteja engatinhando na reciclagem e geração atrelada de renda, iniciativas de cooperativas e o trabalho de catadores mostram que o caminho é viável e fundamental. “Os catadores são responsáveis por mais 90% de tudo que é reciclado no país”, afirma Basílio. Ele explica que o catador é protagonista, agente importante na gestão de resíduos, mas faltam qualificação profissional, reconhecimento e investimentos na categoria. Telines Basílio tem uma história de superação. Ele se mudou para São Paulo há 35 anos em busca de oportunidades, mas, sem trabalho, se tornou catador. Um amigo o ensinou a trabalhar e separar material. Carregava ainda o drama da dependência química. “Fiquei nessa vida por 12 anos, trabalhei mais quatro anos para o dono do ferro velho, até que foi constituída a Coopercaps, me tornei um cooperado e percebi que havia recebido uma missão, a de reciclar vidas”, afirma. A Coopercaps foi constituída em 30 de agosto de 2003 por um grupo de 22 catadores da zona sul paulistana. Hoje, a cooperativa tem 380 cooperados e mais cinco filiais, incluindo as duas primeiras Centrais Mecanizadas de Triagem da América Latina, CMT Carolina Maria de Jesus e CMT Ponte Pequena. As demais unidades são as centrais de triagem de Paraisópolis, Socorro, Interlagos e a mais nova unidade em Jurubatuba, o Centro de Referência para Cooperativas e Catadores, onde funciona o primeiro centro-escola do Brasil, voltado à profissionalização dos catadores, com suporte jurídico, contábil e de empreendedorismo. Circular Experience O Movimento Circular, instituição criada na América Latina a partir da reflexão urgente sobre a necessidade da participação de todos para que nada mais vire lixo, comemora dois anos de trabalhos com o Circular Experience, evento “mão na massa” no qual os participantes vão trabalhar juntos na construção de um mundo sem lixo. A experiência acontece no dia 30 de agosto, às 14h, na Coopercaps, Rua das Baiadeiras, 280, em São Paulo. A programação inclui atividade colaborativa, direto das esteiras de triagem Coopercaps, espaço para networking, lançamento de um novo desafio educacional pela circularidade. “Vamos celebrar as conquistas de dois anos do Movimento Circular”, diz o coordenador do Movimento Circular, Vinicius Saraceni. Segundo Saraceni, o evento pretende reunir parceiros e convidados especiais que vão participar do desafio de conhecer a reciclagem diretamente das esteiras da cooperativa. “Vamos aprender com as pessoas que estão fazendo a triagem. Os participantes vão se organizar em grupos para pensar soluções. No encontro, a sociedade estará se unindo em uma cooperativa, com representantes de indústrias de diferentes setores, governo e professores. Todos mobilizados para pensar em soluções para a economia circular”, afirma. Segundo o coordenador, o Brasil tem urgência para o desenvolvimento de políticas públicas de reciclagem, nas quais a educação tem papel relevante, assim como as cooperativas. “O Planares está regulamentado, agora temos que trabalhar para alcançarmos, juntos, as metas definidas no Plano Nacional. É preciso começar colocando a mão na massa”, diz. Sobre o Movimento Circular Comunidade formada por pessoas, empresas, organizações sociais e poder público, empenhada em contribuir, por meio da educação e da cultura, com a transição da economia linear para a circular. A missão coletiva é disseminar o conhecimento e encorajar o desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes que promovem a economia circular. O Movimento foi criado em 2020, em meio à crise gerada pela pandemia da Covid-19, que deixou ainda mais clara a urgência de fazer com que o mundo funcione de outra forma. Mais do que reciclar, o Movimento Circular incentiva o reuso dos materiais, levando em conta que o mundo gera mais de dois bilhões de toneladas de lixo por ano. A iniciativa é aberta, promove espaços de colaboração para chegar a cada vez mais pessoas e mais lugares. Saiba mais: https://movimentocircular.io/ #Envolverde