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quinta-feira, 21 de abril de 2022
Ações humanas têm intensificado as mudanças climáticas
- artigo de Augusto Lima da Silveira
Definitivamente vivemos um clima tenso. Especialmente sob o ponto de vista das condições ambientais em nosso planeta. Basta assistirmos ao noticiário para percebermos o poder de destruição dos fenômenos climáticos extremos.
Desde aquela percepção de que o clima na sua cidade já não é mais o mesmo até as grandes tragédias, como a que ocorreu recentemente em Petrópolis (RJ), trazem evidências de que as mudanças climáticas podem influenciar a nossa vida de uma forma mais intensa do que imaginávamos há poucas décadas.
Ao longo da história das civilizações, os fenômenos climáticos foram fatores de preocupação e moldaram a organização dos agrupamentos humanos. Proteger-se de grandes tempestades, do frio ou calor extremos foi decisivo para prosperarmos enquanto espécie. Esse desafio ainda persiste e, atualmente, enfrentamos as consequências da intensificação do efeito estufa. Talvez, em seus pensamentos, você seja contra ele e possa até saber sobre os danos resultantes, mas é preciso lembrar que, sem esse fenômeno, seria difícil a vida se desenvolver em nosso planeta. O efeito estufa ocorre, pois uma camada de gases que envolve o planeta é responsável por reter e distribuir parte da radiação solar que incide, resultando em um importante controle nas variações de temperatura ao longo do dia. Sem esse mecanismo, enfrentaríamos temperaturas escaldantes de dia e um frio congelante à noite, que inviabilizariam a sobrevivência das espécies.
Ocorre que, a partir do século XVIII, o ser humano passa a utilizar a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia, lançando toneladas de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera. Desde então, o desmatamento, as queimadas e o descarte incorreto de resíduos sólidos contribuem para agravar a situação pela liberação desses gases (principalmente o dióxido de carbono e o metano). O problema dessas modificações no ambiente está na intensificação do fenômeno natural do efeito estufa, pois, com a geração dos GEEs, a camada de gases que envolve o planeta se torna continuamente mais espessa. Consequentemente, o nível de retenção da energia solar se eleva e observamos o aumento médio da temperatura global.
Além de todas as consequências para espécies que não possuem a capacidade de se adaptar às mudanças de clima, nessas condições de aquecimento, os eventos climáticos extremos ocorrem com maior frequência e intensidade.
Enfrentamos uma realidade que, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC – sigla da nomenclatura em inglês), é resultante da ação humana. Em seu relatório mais recente, publicado em fevereiro de 2022, o IPCC indica que há riscos para quase metade da população mundial decorrentes de secas, incêndios florestais, inundações, tempestades acima da média, declínio na produção de alimentos — fatores responsáveis por afetar a saúde física e mental da população.
Esse contexto preocupante, aliado às evidências diárias dos eventos climáticos extremos, demanda ações urgentes dos países para a redução dos GEEs. Cada região deve avaliar quais os caminhos mais adequados para frear as mudanças climáticas. No Brasil, por exemplo, a ocorrência de queimadas e o desmatamento contribuem para 58% das emissões, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), demandando ações específicas para reduzir essas práticas danosas. No contexto dos países desenvolvidos, a atividade industrial responde pela maior parcela nas emissões gasosas.
Os esforços internacionais existem, a exemplo do Protocolo de Kyoto e mais recentemente do Acordo de Paris, porém as ações ainda estão distantes da efetividade para a resolução do problema. A urgência pela redução dos GEEs demanda engajamento de todos os setores da sociedade, na busca por soluções mais sustentáveis de produzir, consumir e descartar. Mais do que nunca, é preciso um esforço coletivo em busca de um ambiente que permita condições saudáveis de existência.
Quer ajudar nesse desafio? Cobrar as autoridades por políticas efetivas na redução dos GEEs, consumir de forma responsável, reduzir o desperdício e descartar corretamente os resíduos são os primeiros passos da jornada.
* Augusto Lima da Silveira idealizador do projeto @verboambiental no Instagram, doutorando em Ecologia e Conservação (UFPR) e coordenador dos cursos Saneamento Ambiental e Gestão em Vigilância em Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/04/2022
Nota da Redação: Em relação ao último relatório do IPCC recomendamos que leia, também:
Resumo do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC
Principais destaques e alertas do novo relatório do IPCC
Alerta do IPCC – Limitar o aquecimento global a 1,5°C pode ficar fora de alcance
6º Relatório de Avaliação do IPCC – Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade
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