Duas boas notícias no 1º Seminário Nacional de Avaliação dos Alertas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que ocorreu na primeira semana de abril no Parque Tecnológico de São José dos Campos e atual sede da entidade. O órgão científico é uma das ações mais eficazes no combate dos extremos climáticos ocasionado pelo aquecimento global de efeito antrópico.
A Prefeitura de São José dos Campos doará uma área de 54 mil metros quadrados para o Cemaden construir sua sede própria. O conjunto de prédios ficará ao lado do Parque Tecnológico, que se encontra as margens da Via Dutra. A direção da entidade também confirmou que ampliará em mais 1.500 m² a sua estrutura atual, em funcionamento no núcleo atual.
Com essa ampliação, o Cemaden conseguirá trazer mais uma parcela de pesquisadores que se encontram lotados no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), na unidade do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) sediada em Cachoeira Paulista, também no Vale do Paraíba.
O anúncio da ampliação da estrutura e a doação do terreno ocorreram durante do seminário, no qual representantes das defesas civis de mil municípios, incluindo São José dos Campos, participaram de capacitação para alertas naturais. Com os extremos climáticos a situação tem ficado crítica em diversos pontos do país.
Pelo levantamento do órgão científico, que é ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações, nos últimos cinco anos foram emitidos mais de 6.7 mil alertas ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad). Essa entidade atua para evitar e minimizar impactos sociais e econômicos causados por desastres naturais.
Parceria de resultados
A experiência de São José dos Campos com o Cemaden no monitoramento e prevenção de catástrofes já mostrou efeitos práticos. Em janeiro, a entidade enviou um alerta para a Defesa Civil sobre o risco de deslizamento ou escorregamento e em março, ambos neste ano, outro alerta foi emitido sobre chuva com potencial de enxurrada. Nas duas ocasiões o tempo foi suficiente para alertar os moradores e retirar outros dos lugares sob risco.
O Cemaden entrou em operação em dezembro de 2011 e foi anunciado logo depois do desastre na serra fluminense. Segundo o governo federal, o esforço está concentrado em diminuir o tempo de resposta aos alertas.
“O tempo de resposta é determinante para preservar vidas. Algumas vezes, esse período é muito curto, chega a ser de alguns minutos”, explica o diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes.
Os alertas são feitos após análises de risco e de condições adversas, utilizando estudos de modelagem e dados coletados pelas redes geológicas, hidrológicas e meteorológicas distribuídas pelo país. O Cenad, que é ligado ao Ministério da Integração Nacional, aciona a defesa civil nos estados e municípios para que tome as providências necessárias.
Integração com Defasas Civis
“Queremos maior interface entre o Cemaden e as defesas civis. Nossa ideia é criar um canal de comunicação com elas para receber feedback dos estados e municípios, para sabermos se a qualidade e o produto que estamos oferecendo estão adequados às necessidades de cada localidade”, ressaltou Moraes.
O controle das áreas se dá da Sala de Situação do Cemaden, na qual 958 municípios são monitorados. Destes, 821 integram o Plano Nacional de Gestão de Risco e Respostas a Desastres e estão elencados como cidades com alto grau de ameaça para a ocorrência de desastres naturais. Pois nestas localidades ocorrem 94% das mortes e 88% do total de desalojados e desabrigados em todo o território nacional.
O Cemaden entrará em breve com um sistema de envio de mensagens SMS para as defesas civis estaduais e municipais. Esses avisos por meio de um número de celular cadastrado na base de dados agilizará o processo e também causando a redundância, algo fundamental no caso de potencial de risco. Também está em análise o desenvolvimento de um aplicativo que gera os avisos de forma automática. (#Envolverde)
* Júlio Ottoboni é jornalista diplomado, tem 31 anos de profissão, foi da primeira turma de pós-graduação de jornalismo científico do Brasil, atuou em diversos veículos da grande imprensa brasileira, tem cursos de pós-graduações no ITA, INPE, Observatório Nacional e DCTA. Escreve para publicações nacionais e estrangeiras sobre meio ambiente terrestre, ciência e tecnologia aeroespacial e economia. É conselheiro de entidades ambientais, como Corredor Ecológico Vale do Paraíba, foi professor universitário em jornalismo e é coautor de diversos livros sobre meio ambiente. É colaborador Attenborough fixo da Agência Envolverde e integrante da Rebia.
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