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sábado, 27 de novembro de 2010

SANTA CATARINA : Um exemplo do legado da política ambiental brasileira nos últimos 30 anos

Considero o melhor exemplo da ideologia ambiental brasileira, com finalidade de estudar os resultados alcançados até agora com política, leis e o resto, o exemplo da evolução (neste caso, regressão) ecológica do parque da serra do Tabuleiro.

Sou frequentador, surfista, da área da Guarda do Embaú desde os anos setenta, quando o ambientalismo como o entendemos hoje em dia (uma mistura de politicagem, demagogia, corrupção e autoritarismo, ingredientes de toda sociedade fascista ou comunista que se preze, pois são iguais), estava apenas nascendo. Naquela época, era comum desmatar, aterrar, queimar, matar animais e todo o resto. O grande fator controlador do desastre ambiental era a falta de recursos da população, que não tinham carros, ferramentas e infra estrutura suficiente para destruir em grande escala, e a população não era tão grande ainda.

Com o aumento da população, do poder aquisitivo e da tecnologia, onde a maioria já poderia ter um carro, começou então a primeira onda de destruição em massa. Paraísos idílicos como Bombinhas, Quatro Ilhas, e várias outras praias do Litoral Norte catarinense foram as primeiras a cair. Hoje se transformaram em infernos irreconhecíveis. A destruição se espalhou como como fogo na palha, destruindo Florianópolis, Laguna, Imbituba, e muitas outras, com algumas que resistiram como joias de exceção protegidas pelo capital dos investidores, tipo Garopaba, praia do Rosa.

A Guarda do Embaú e a Pinheira, apesar de estarem dentro do parque da serra do Tabuleiro e com o potencial de se transformarem em exemplos de conservação, foram vítimas de uma administração altamente incompetente, destrutiva e perniciosa, que conseguiu finalmente no ano passado dar seu golpe de misericórdia, ao remarcar a área do parque, excluindo vasta área de beleza única, entregando de bandeja aos interesses comercialistas do município da Palhoça.

O personagem icônico desta administração destrutiva não poderia ser mais evidente na pessoa do promotor ambiental José Eduardo Cardoso. A pesquisa mais simples no Google revela um dos motivos desta desgraça: inúmeros , intermináveis e frívolos processos, secando todos os fundos disponíveis pelo banco mundial para a conservação do parque e destruindo a credibilidade do promotor e consequentemente, a do parque. A insistência do promotor em antagonizar a todos, se posicionando como o 'dono da verdade e da lei', abrindo mão de cooperativismo valioso com os moradores e investidores, o desdém por idéias que não fossem as suas ao se fechar ao diálogo e muitas outras barbaridades, ilustrando brilhantemente a filosofia da lei no Brasil. No final me pergunto: que time que jogava este promotor — ele quer mesmo conservar o meio ambiente ou está jogando para os interesses comerciais de terceiros?

Agora só me resta sonhar com o que poderia ter sido feito e esperar pelo pior. As prefeituras catarinenses são famosas por suas péssimas administrações, corrupção, falta total de visão para prever o crescimento populacional e turístico, não querem investir em nada nunca que não o populismo de políticos com obras ineficazes e inacabadas. Ao atravessar o rio da Madre, na Guarda do Embaú, agora completamente poluído por esgoto, ao ficar horas tentando chegar na praia pela trilha lotada de turistas que estacionam seus ônibus em qualquer lugar e não pagam nada, a água mal tratada oferecida pelo município, admiro então que pelo menos ainda não chegaram os prédios de 12 andares prometidos pela prefeitura. A casas continuam construídas irregularmente, sem leis, clandestinizadas pelo promotor autoritário, e consequentemente, assustando aqueles que possuem o capital para melhorar o a cidade mas tem medo de investir em um lugar tão sem lei e corrupto, favelando ainda mais o que sobrou.

Pelo menos tive o gosto de ver a beleza que foi Santa Catarina apenas 30 anos atrás, o que nunca mais será recuperado. E isto tudo vale para o Brasil inteiro, hoje em dia pode se contar nos dedos os lugares no litoral que não foram favelizados e destruídos por administradores públicos e especuladores.
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FONTE : Angelo Diniz (Publicado no Diário Catarinense, edição on-line, em 14/06/2010 às 19 horas).

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